✨ Friends

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✴️ Transcendental ✴️
#AmorUniversal

Alguns dias depois...

— Infelizmente sua prima está em coma, Doyun.

O enfermeiro lamentou a notícia dada pelo neurologista que avaliou Jihye por quase toda a manhã. Ele fez a ficha dela no hospital da pequena cidade de Miryang, distante de Busan por 60km e local de trabalho do rapaz. Aquele hospital ficava relativamente perto do local do acidente e Doyun teve de contar uma história bem convincente que sua prima havia sido demitida do trabalho e tentado acabar com a própria vida, se atirando com o carro ribanceira abaixo. O homem não estava seguro de que sua narração dos fatos fosse suficientemente indubitável para os médicos que atenderam Jihye, mas ao menos ele cumpriu a promessa e o pedido de Sowon para não abandonar a mulher ao relento.

Doyun coçou a cabeça e saiu do quarto um tanto preocupado em como seria dali pra frente. Olhou para a foto que estava junto às roupas de Jihye e lamentou pelo garoto que provavelmente tinha uns oito anos de idade e agora chorava pela falta da mãe. Pensou em ir até a delegacia mais próxima e contar toda a verdade, porém teve um pressentimento de que a história da mulher pudesse ser verídica e então se conteve mais uma vez.

Estava num beco sem saída.

(...)

Tae e Jimin estavam acordados e conversavam tranquilamente, curtindo a preguiça da manhã chuvosa em Busan.

— Sabe, eu ainda tenho vontade de reencontrar o Sik. Eu nunca me senti tão eufórico perto de alguém como me senti perto dele. Foi uma sensação muito gostosa ser desejado, mas como sempre eu estraguei tudo com as minhas inseguranças.

JImin olhava para o teto enquanto relembrava o fatídico dia da festa que jamais saiu da sua memória.

— Minnie eu não posso imaginar o que passa na sua cabeça, seus medos são só seus, mas se você nunca se arriscar não vai conseguir viver coisas boas. — Tae se levantou do colchão e pulou para a cama de Jimin, rolando para o canto, jogou as pernas em cima do amigo e puxou um travesseiro para poder deitar-se no peito dele, não gostava de tocar Jimin ali sem algo que fizesse uma barreira de proteção.

— Mas Tae, e se eu começar um relacionamento com alguém e contar para a pessoa que sou um homem trans como será essa recepção? Eu sempre imagino que serei rejeitado por que o padrão é esse. — Jimin olhou para o amigo e continuou — Seulgi me disse que eu não tenho que ficar me explicando para as pessoas, que eu não tenho que me apresentar como homem trans para ninguém, mas eu sinto no fundo do meu coração que sou uma fraude, que tô enganando as pessoas. — concluiu desviando o olhar quando notou Tae negando com a cabeça.

— Você, às vezes, me surpreende negativamente, Jimin. Olha as merdas que já aconteceram comigo e foi você que me segurou sozinho, mesmo quando nem eu acreditei que fosse possível continuar e quando se trata de você, é sempre se desmerecendo. Para com isso, por favor.

Tae foi enfático e transpareceu um certo cansaço na voz. Odiava ver Jimin se subestimando daquela forma, mesmo sabendo o quanto era complicada aquela situação.

— Se eu começar a ter algo com o Sik e contar pra ele que sou trans e ele disser, "ah, Jimin eu não saio com pessoas trans", a única coisa que posso dizer é, "tudo bem, Sik, até mais." É sobre isso, Tae.

— A única coisa que você pode falar pra ele é "vai tomar no seu cu, transfóbico do caralho!" É sobre isso, Jimin. — Tae se levantou abruptamente e jogou os cabelos para trás em clara demonstração de irritação.

— Entenda de uma vez por todas, Jimin. Se alguém gostar de você e quiser ter um relacionamento com você, não é pelo que tem no meio das suas pernas, mas dentro do seu coração. Esse é o foco aqui e isso é o que você sempre me ensinou então só para de se diminuir na minha frente por que eu to muito chateado pela minha mãe e não quero brigar com você por causa desse assunto sem sentido.

Transcendental 🏳️‍⚧️ | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora