Capítulo 49

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A escuridão daquele pequeno cômodo não me assustava, não como o bloco me deixava apavorada, sabia que ali eu não tinha o que temer, tinha esperanças de fugir e seguir até o instituto, onde poderia acusar Nicolas e ser a maior inimiga que ele um dia nem imaginou ter. Thomas tentava encontrar uma saída, mesmo com o escuro, aproveitava o barulho da tempestade do lado de fora para tentar quebrar alguma coisa e usar como proteção à nosso favor, meu corpo tremia de frio, tentei não demonstrar, Thomas não conseguia me ver, mas poderia escutar meus dentes batendo um no outro. Os capangas já tinha começado à tortura, assim que me deixaram apenas de top, com os braços nus, a intenção era que eu pegasse algum resfriado, ou sofresse com o frio, até então a calça com a bota me deixava quente por pouco tempo, as goteiras estavam à todos os lados, como um aviso que até mesmo a chuva estava ao favor dos capangas. Thomas se sentou ao meu lado, apenas para descansar, iria começar a achar uma saída novamente assim que o fôlego voltasse, mas quando seu joelho encostou ao meu, senti seu calor, de tanto correr para todos os lados enquanto chutava as paredes, deixando a raiva esquentar o sangue. Os braços de Thomas esbarrou nos meus, senti o choque da diferença de temperatura, encolhi os ombros tentando não demonstrar a tremedeira em meu corpo, até então Thomas não pareceu ter reparado.

— Na outra vida você era um pinscher, era pequeno, bravo e tremia assim como você está tremendo agora. — Se não fosse pelo frio nos ossos, teria soltado uma risada e até mesmo chutado seu estômago com o cotovelo, mas tentei não gastar minhas energias, o vento da tempestade que entrava pelas falhas do portão atingia meu corpo com vontade. — Você sabe que não vou deixar você morrer de hipotermia né. — Thomas parecia estar puxando sua jaqueta de frio, ouvi o zíper descendo e o barulho do tecido balançando, teria olhado seus músculos se contraindo enquanto tirava a peça de roupa, mas a escuridão só me fazia enxergar os relâmpagos da tempestade do lado de fora. Senti a jaqueta de frio cobrir meus ombros, quente como eu havia imaginado, os dedos longos de Thomas alcançou meu antebraço e me ajudou a vestir a peça de roupa, apenas puxei o zíper para cima, sentindo o perfume de Thomas me inebriar por alguns segundos, pensei que agora ele iria se levantar e tentar derrubar a parede mais uma vez, porém ele não se afastou, apenas me puxou de lado, abraçando meu corpo, a posição não estava muito favorável, como se ele sentisse meu desconforto, agiu rapidamente, levantando minhas pernas e me deitando em seu colo, apertando-me contra seu peitoral, não apenas para me esquentar, como para evitar que o frio atingisse seus braços agora nus, sua camisa era curta, mesmo que com um tecido grosso de algodão.

— Eu ainda sei me esquentar. — Tentei usar meu humor, Thomas riu baixinho em meu ouvido, seu hálito quente alcançava meu pescoço, estávamos como um só naquele momento, protegendo um ao outro. — O que eles vão fazer com a gente? — Perguntei, mesmo sabendo que ele não tinha a resposta, seus dedos estavam entrelaçados em minha cintura.

— Provavelmente tentar tirar uma informação.

— Eu não vou dizer nada, nem que para isso eu morra, vou defender minha causa até a morte. — Thomas suspirou profundamente, não disse nada, senti o silêncio me rondar, franzi o senho e olhei na direção de onde estaria seu rosto, pude ver a silhueta de seu corpo se mexendo devagar. — Você não vai dizer nada, ou vai?

— Não, pretendo esquecer tudo que sei do instituto, tentaram tirar informações de mim por ser o herdeiro, usando minha maior fraqueza...

— Fraqueza? Achei que você não tinha uma. — Interrompi Thomas, surpresa por suas palavras, seus dedos se soltaram, puxando-me mais para perto quando um trovão cortou o céu e a chuva engrossou, nossas vozes estavam saindo sussurradas.

— Acha que o Nicolas queria que só nós dois viesse por que? Ele sabe da minha fraqueza e por você ser uma das garotas que Mark teve, além de ter enfrentado ele durante o saguão, teve de tirar os principais do instituto. Quer causar uma confusão lá, enquanto nos torturamos, usando um ao outro.

A Vingança De Alessandra Bianchi | AVAB | 1º Livro REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora