Capítulo 37

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Marcos e eu seguíamos juntos pelo corredor, um ao lado do outro, estávamos calados até então, eu não sabia por onde começar a explicar tudo que me aconteceu, até por que ele não tinha provas de que era verdade, por isso eu precisava do documento que deixei com Matheus, mas eu esperava que ele acreditasse em mim e não em apenas um simples papel. Marcos me olhava de soslaio, como que esperando que eu começasse a falar, mas por onde? Eu não tinha me preparado para contar.

- O que aconteceu ali atrás? - Dessa vez ele se posicionou com um pergunta fácil que poderia gerar o assunto. Sua mão esquerda esbarrou na minha mão direita, como se tentasse me tirar daquele transe que eu entrei sem perceber.

- O Nicolas é um idiota, você viu que ele iria me bater? - Respirei fundo tentando encontrar as palavras certas para usar naquele momento. - Eu deixaria, assim teria mais uma prova para usar contra ele.

- Como assim? Ele já tentou fazer algo à mais com você? - Dessa vez seus dedos seguraram minha mão, impedindo-me de seguir à diante, se ele soubesse o que realmente já aconteceu comigo, não iria se preocupar com uma ameaça física.

- Ele não conseguiu nada, tá bom? É que... Não sei explicar, eu sinto algo estranho vindo dele, fico desconfiada com as ações dele. Ele não se encaixa na causa do instituto, muito menos age como se quisesse algo bom. - Pensei na conversa que tivemos, ele ficando nervoso tão fácil sendo que eu nem tinha certeza sobre o que eu dizia, apenas provoquei para tentar tirar alguma informação impulsiva vindo dele. - Pode ficar tranquilo, agora eu sei como me proteger.

- Isso deveria me tranquilizar? Você diz como se no passado não soubesse e isso lhe custou alguma coisa.

- É por que custou, Marcos... Tanto aqui no Instituto como fora dele, passei tanta coisa que você nem acreditaria em mim, você não sabe o quão preocupada estou em te ver aqui, esse instituto tem muitas coisas misteriosas, eu sinto que ainda falta muita coisa pra descobrir, não queria que você se envolvesse em coisa séria, já basta eu que acabei levando comigo... - "Uma vida", não pude concluir a frase, ele iria ficar desconfiado de mim, mas era apenas a verdade, o pior é que não foi apenas uma, mas duas, Bruno e o capanga de Mark que tive de matar para polpar minha vida.

- Eu estou aqui por você e pra você, então se você está precisando de qualquer coisa, ajuda prática ou até mesmo de um abraço, eu vou ficar ao seu lado, você é minha melhor amiga, independente de qualquer coisa. - Essa última frase pareceu um pouco receosa vindo dele, eu sentia o medo exalando dele, medo de eu ter me transformado em alguém ruim, mas não o julgo, eu também tenho medo de mim mesma, ainda mais depois que matei alguém.

- Eu te agradeço por isso, sério mesmo, mas pensa em você também, preciso de você seguro e com saúde, de nada adianta ter você aqui me consolando se não vai cuidar de si mesmo. - Eu não queria que algum amigo sofresse enquanto me fazia feliz, a felicidade deles é a minha. Marcos levou sua mão livre até meu rosto, acariciando minha pele, como se ele estivesse vendo as dores que eu senti todo esse tempo.

- Quero que me conte todos os detalhes, um melhor amigo precisa estar a par da situação para conseguir ajudar. - Ele estava certo, agora que ele está aqui no Instituto, não tem mais volta, vai precisar saber de tudo para não sofrer pela falta de informação, ainda mais que no futuro breve, teremos uma missão perigosa.

Marcos me seguiu até chegarmos no meu dormitório, o aroma do ambiente era uma mistura de creme de cabelo dos cachos de Jade e meu perfume que passei a gostar vivendo aqui. Ele pareceu gostar do cômodo, se sentia confortável, talvez porque ele passou a maior parte do tempo ao meu lado no quarto quando éramos mais jovens, hoje em dia as responsabilidades nos pegaram de surpresa e tivemos de parar um pouco com esses passeios e visitas que tanto gostávamos. Marcos se sentou na minha cama, batendo suas mãos no colchão, me convidando a sentar também, eu sentia um receio de estar perto o suficiente para contar tudo que me aconteceu, não sei como vai ser a reação dele, afinal quando eu ficava doente ou sofria por causa de algo ou alguém, ele estava lá me consolando, mas agora, palavras de apoio não são mais suficientes, preciso de ajuda prática, como ele mesmo ofereceu, mas meu medo de isso custar a própria vida me aterroriza a cada segundo que minhas paranoias consomem meu consciente. Segui em sua direção, sentando em cima de uma perna e sentindo seu olhar repousar sobre meu corpo, ele parecia tão preocupado de meu "passado" ter envolvido ferimentos físicos, me assustava ter de contar detalhe por detalhe.

A Vingança De Alessandra Bianchi | AVAB | 1º Livro REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora