Capítulo 40

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Já fazia uma semana que eu não saia do dormitório, Jade sempre tentava me incentivar a levantar da cama para pelo menos comer alguma coisa, mas eu só saia do quarto para tomar um banho quente e voltar a me deitar. Eu não tinha ânimo para treinar, sair em missões em grupo, muito menos comer, eu imaginava o cheiro do tempero e sentia a garganta fechar com uma ânsia intensa. Tudo por culpa de um homem, um não, mas dois. Tiveram minha confiança de propósito para usufruir de minhas palavras, minha cabeça doía toda vez que eu lembrava das palavras duras e cruéis de Rafael, dizendo que não me amava, me achava irritantemente dramática e que odiava minha companhia, enquanto eu estava sempre planejando horários diferentes para conseguir estar ao lado dele. Naquele dia em especial, acordei com um desânimo intenso, mal conseguia abrir o olhos, eu sentia um peso no meu corpo, como se o cansaço tivesse consumido cada pedaço de mim, mas como? Eu não movimentei sequer um dedo durante tanto tempo. Foi aí que percebi que estava com muito frio, enquanto Jade balançava as mãos em frente ao corpo, suando de calor, ela usava um top preto e sua legging azul escuro, combinava com ela, demonstrava suas curvas com mais nitidez. Meus olhos ardia e minha boca tinha um hálito muito quente, tentei não pensar negativo com aquela minha temperatura, mas quando Jade se aproximou um pouco receosa e levou a costa de sua mão até minha testa, desceu pelo pescoço e agarrou meu braço, tive a conclusão que eu estava com febre, das altas.

- Eu avisei pra você que iria acabar ficando doente, vou trazer uma sopa pra ti, quer tomar um banho primeiro? - Revirei os olhos, eu não conseguiria engolir nem um copo de água, estava começando a sentir ânsia e só de imaginar ter de comer alguma coisa eu já sentia meu corpo todo se arrepiando, renegando o alimento. Eu já tinha tomado banho de manhã, mas faria uma grande diferença de eu tomasse um banho morno agora, não seria para me limpar, apenas para refrescar meu corpo que transpirava a febre doentia. Jade respirou fundo preocupada, se aproximou sentando ao meu lado e passando a mão sobre meu cabelo molhado pelo suor. - Eu sei que ele te magoou, mas ele não é tão importante ao ponto de você ficar doente, imagina ter de ser atendida por ele? Eu te entendo e talvez estaria na mesma situação, mas eu não posso permitir que você entre no fundo do poço por causa dele... Quer dizer, ainda não caiu a ficha que ele foi capaz de fazer isso contigo, mas também não posso fazer de conta que ele se arrependeu.

Eu apenas ouvia suas palavras atentamente, não queria dizer nada, meus olhos estavam direcionados aos lábios de Jade, se mexendo a cada sílaba que se formava. Enquanto ela dizia eu me imaginava sorrindo para Rafael, como lembranças, não entendo como alguém pode ser tão realístico, atuar tão bem e nem deixar vestígios? Se eu não tivesse feito aquela xerox, talvez estaria nos braços dele agora, brincando, rindo, compartilhando mais uma de minhas fraquezas. Mas não me arrependo de descobrir a verdade, ela dói, mas vou aprender com ela, vou superar e depois rir de tudo lá na frente, eu ainda sou muito nova pra acreditar que será o único amor que viverei, só não consigo agir como penso.

- Aceito a sopa. - Jade sorriu, percebendo que eu não iria me deixar levar por alguém que não existe, pois o Rafael que eu conheci era apenas um personagem, será que eu poderei ver quem ele esconde debaixo daquela máscara? Ou ele continuará sendo o mesmo simpático, porém com as intenções reveladas, não quero saber tão cedo. Rafael ainda não tinha noção que eu sabia sobre seu acordo com o Diretor Carlos, mas como havia dito pra ele que minha companhia estava o deixando irritado, então depois de dias ele ainda não veio me ver, talvez desistiu de fazer seu papel de namorado perfeito. Jade saiu do quarto animada, ela gostava de me ver determinada ou motivada a fazer o que é meu por direito, sentei-me na cama com as mãos tapando o rosto, apertei os olhos com a palma da mão, minha vista escureceu formando pontos geométricos e coloridos, encolhi as pernas, puxando o cobertor consigo. Eu sentia meu corpo se arrepiar pelo frio, além dos choques que eu sentia, como espasmos, mas tentei espantar aquela febre pensando positivamente, assim como Jade sempre me dizia para enfrentar o problema de cabeça erguida, aquela era a hora, tudo que eu mais precisava, ter minha força como um escudo, não permitir que mais ninguém me machuque, fisicamente ou emocionalmente, apenas ser forte e ser feliz, ou ao menos tentar.

A Vingança De Alessandra Bianchi | AVAB | 1º Livro REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora