Capítulo 52

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- Eu já te falei que não quero nunca mais subir em uma moto enquanto eu viver. - Resmunguei enquanto cruzava os braços em frente ao meu corpo, emburrada, meus lábios formaram um bico enquanto as sobrancelhas ficaram franzidas. - Não entendo qual a necessidade de sairmos agora, o sol mal apareceu. - Olhei para a montanha logo atrás da rampa de entrada do instituto, a serra tinha uma nuvem a cobrindo, podia jurar que meu corpo sentiu o frio que estaria naquela altura. O sol não queria aparecer naquele dia, na verdade, era como se o dia estivesse iniciando uma tempestade. Escutei o suspiro que saiu dos lábios de Thomas, me virei para olhar sua feição novamente, sentado em sua moto grande, ela parecia me encarar com ódio, tinha até mesmo um peitoral definido e chifres aterrorizadores.

- Alessandra, essa moto é apenas peças de metal, não à vida nela, eu irei comanda-la, achei que confiasse em mim. - Thomas se debruçou sobre a moto, me olhando com aquele olhar estreito, seu cabelo estava bagunçado, com o capacete apertando suas bochechas e pressionando seus fios negros sobre a testa.

- Eu confio, mas... - Parei de falar, respirando fundo, sentindo que iria me arrepender, apenas caminhei em sua direção e apoiei minhas mãos em seus ombros, para pegar impulso e subir na moto, laçando as pernas de cada lado. - Promete não correr demais? - Thomas me olhou de lado, levando suas mãos até minhas coxas e as apertando contra seu quadril, como se assim eu pudesse me sentir um tanto mais segura.

- Com esse temporal, creio que correr será nossa solução para chegarmos cedo. - Revirei os olhos, olhando para a montanha novamente, vendo a nuvem escura querendo correr em nossa direção. - Você só precisa sentir a adrenalina, o perigo, como uma parte de você. - Voltei a olhar para Thomas, enxergando seus olhos pretos tão próximos de mim, senti seus dedos pressionar contra minhas coxas, um toque quente, como um alerta, meu cérebro me mandou desviar o contato visual, obedeci, abaixando o olhar para minhas mãos postas em meu colo. - Você confiou em mim ontem e estamos aqui, vivos.

- Devemos nos preocupar com questões mais importantes, um passeio pela cidade não é tão apropriado no momento. - Thomas estalou sua língua e soltou uma risada nasal, com a mão esquerda ele puxou o capacete que estava apoiado em seu colo e estendeu em minha direção, encaixei o objeto em minha cabeça, empurrando os fios do cabelo atrás da orelha. Thomas me ajudou a fechar o trinco, levando os dedos até a fita preta e prendendo rente ao queixo, então num gesto rápido e simples, ele tocou na ponta de meu nariz, me deixando intrigada.

- Acha que eu te faria vir comigo se não fosse importante? - Engoli em seco, estava tão ansiosa que não conseguia disfarçar, comecei a morder a parte interna de minha bochecha, puxando a pele fina. - Sua companhia é pura diversão para mim, mas além disso, é necessária hoje. Só não posso te contar explícitamente onde estamos indo.

- Legal, você está me levando direto para um sequestro. - Uma risadinha baixa sai de meus lábios, não consigo conter a piada, que faz Thomas revirar os olhos com um sorriso indiscreto no rosto e virar pra frente, quando ouvi o motor ser ligado e ranger como um Touro, rapidamente laçei meus braços no corpo de Thomas, apertando meus dedos uns contra os outros. Fechei os olhos por alguns segundos, pedindo à minha santinha para que nos protegesse. Então demos partida, deixando uma poeira fina subindo conforme o pneu largo arrastava pela estrada, desviando das árvores aleatórias até seguirmos para a avenida vazia.

O caminho parecia tranquilo até então, não havia mais nenhum automóvel na estrada, nos facilitando à desviar de alguns buracos na avenida. Eu não me sentia mais assustada com a moto ou a velocidade em si, estava distraída em meus pensamentos, o perfume de Thomas me inebriava, fecho meus olhos e me concentro nos músculos das costas dele, se contrair. Bem distante eu conseguia ouvir o trovão da tempestade nos perseguindo, iluminando o céu. Apertei a cintura de Thomas, entrelaçando meus dedos, estava tão tranquila ali, ao lado dele, como nunca havia sentido em tanto tempo, parecia que estávamos em uma roda gigante em um parque, vendo tudo de cima, sabendo de todos os passos dos nossos inimigos, enxergando suas falhas, mas principalmente era como se eu e ele fossemos um só, inclinando para o lado quando a moto entrava em uma curva, nos seguramos um ao outro, sentindo toda a tensão sair de meu corpo, eu estava me igualando a ele.

A Vingança De Alessandra Bianchi | AVAB | 1º Livro REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora