Capítulo 53

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A casa de meus pais era de dois andares, depois do Tour que minha mãe fez para mim, comecei a imaginar como seria se o instituto não fosse subterrâneo. Na parte de entrada, vemos primeiro a varanda, que fica ao lado da garagem, onde meu pai deixava seu carro preto guardado, por ser um final de semana, ele tinha o direito de ficar em casa, aproveitando o frio ao lado de sua família. Seguindo para dentro da casa, a primeira repartição de cômodo é a cozinha na esquerda, com um balcão americano na cozinha, bancos altos e pretos, o armário da dispensa era embutido na parede, assim como o purificador do ar, sobre o fogão cooktop, era uma cozinha chique, toda preta e brilhante, de repente senti uma necessidade de fazer pratos diferenciados junto com minha mãe, num domingo ensolarado. Do lado direito tinha a sala, uma televisão de 84 polegadas embutida na parede bege moderna, estava passando um filme romântico e por ver a bacia de pipoca pela metade, deixada no braço do largo sofá preto, eu tive a certeza, meus pais estavam assistindo, tendo um momento só para os dois, já que Alex dormia tranquilamente. Entre esses dois cômodos, tinha uma escada alta, que levava para o segundo andar. Atrás da cozinha, havia a lavanderia, eu podia sentir o cheiro do amaciante de bebê, algumas roupas estavam penduradas, quase secas para serem pegas. Atrás da sala, tinha o escritório onde meus pais trabalhavam quando sua presença não era necessária na empresa de tecidos, a parede mais larga consistia em uma estante alta de livros didáticos, clássicos, romances curtos e principalmente poemas nos quais minha mãe era apaixonada, eu passava os dedos pelas capas duras dos livros, imaginando minha mãe sentada na larga poltrona no canto do escritório, lendo enquanto toma uma xícara de leite quente.

— Eu queria ter arranjado um tempo para ler ao menos um livro de poemas durante todo esse tempo, poderia recita-los para você. — Comentei olhando um livro de poemas que estava sobre a mesa de trabalho dos meus pais. Minha mãe estava logo ao meu lado, queria ter a minha presença a todo segundo, ela estava sorridente e as vezes eu via algumas lágrimas correndo pelo seu rosto, como se não tivesse caído a ficha de que eu estou viva afinal.

— Você pode fazer agora, fique aqui e deixe que eu leia uma história para você. — Senti os dedos de minha mãe tocar em meus braços, sua pele quente era tão acolhedora que minha vontade era de me jogar em seu abraço. — Você sabe que aqui estará segura conosco.

— Não é tão fácil assim, por mais que eu queira, você não tem noção do quanto eu quero voltar pra cá, ficar com vocês e... Meu irmão. — Percebi um brilho no olhar de minha mãe ao mencionar Alex, ela estava feliz por finalmente ter conseguido mais um filho para cuidar e amar como fez comigo. — Aconteceram tantas coisas comigo, não quero colocar vocês em perigo.

— Acha que estamos em perigo? Aquele seu amigo, esteve me protegendo alguns dias atrás, fique querida, não quero perder você de novo. — Ela me puxou para um abraço, dessa vez eu não senti incômodo em passar o meu frio para ela, depois de ter tomado um banho quente, ela escolheu roupas quentes para que eu pudesse vestir, um sueter branco, de lã pura, calça moletom cinza e justa nos pés.

— Você nunca me perdeu mãe e nunca perderá. — Me afastei de seu abraço, para ver sua feição se diluir em um bico nos lábios.

— A dor que eu senti, não quero sentir de novo. — Funguei, poderia ser pelas lágrimas que insistia em querer correr pelo meu rosto, ou até mesmo um resfriado que já estava querendo me atingir. Minha mãe não sabia nada sobre o que tinha me acontecido, na verdade nem mesmo perguntou ainda, queria apenas me deixar confortável até então, como se permitindo meu tempo para ter coragem de falar. — Tenho algo para te mostrar. — Dito isso minha mãe me puxou pelo pulso, me levando para fora do cômodo, guiando-me pelo caminho até a escada, mas ao invés de subirmos, ela apenas abriu uma pequena porta abaixo da escada, ela teve de se abaixar para passar, assim como eu, então ela puxou um cordinha, que iluminou o pequeno cômodo estreito, era como um porão em baixo da escada, repleto de caixas lacradas, imaginei, eram minhas coisas? — A sua escola, seus amigos, fizeram homenagens para você, por meses, prêmios, troféus e até mesmo fotos, foram pendurados num mural especialmente para você. — Prestei atenção em cada palavra de minha mãe, enquanto ela caminhava para o fundo do cômodo, procurando com os olhos ágeis, algo importante para me mostrar. — Aqui. — Então ela puxou uma caixa larga, trazendo onde a lâmpada amarelada poderia iluminar. — Eu guardei tudo, o que eles usaram para sua homenagem, eu guardei. — Levantei o olhar em sua direção vendo o brilho em seu olhar, mesmo num cômodo tão escuro, eu podia enxergar aquele brilho me atingir, me agachou diante à caixa, que parecia ter sido limpada recentemente, percebendo que eu tinha notado esse fato, minha mãe sorriu e agachou ao meu lado. — Sempre que posso, eu abro a caixa e fico admirando o que fizeram para você.

A Vingança De Alessandra Bianchi | AVAB | 1º Livro REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora