Capítulo 36

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Matheus Scott P.O.V

Eu acompanhava Alessandra em todas as missões, ajudava a ser o guia ou até mesmo cobaia em seus treinos, nos últimos dois dias ela esteve tão distraída, mas ao mesmo tempo tão focada, não falava com ninguém e se falava, era apenas em situações de emergência ou pedindo para ser cobaia como eu estava sendo naquele momento. Eu segurava um tipo de luva quadrada que ela usava para socar e chutar, a força dos seus movimentos me empurrava pouco a pouco para trás, mas eu sempre tentava me recompor, seus olhos estavam vermelhos e manchas rochas rodeava suas olheiras, até mesmo seu rosto estava mais magro, o fundo de suas bochechas parecia ser feito por socos cruéis, seus braços deveriam estar doendo pela falta de descanso, mas ela não parava, como se assim ela fosse impedir que suas crises de choro a atacasse em pleno treino. Thomas olhava de longe, vendo que sua aluna estava começando a se machucar por conta da força que colocava contra si mesma, mas ele não podia fazer nada, ela não ia parar e se parasse seria para gritar na cara dele o quão irritante ele era de atrapalhar o treino precioso dela.

- Alessandra eu estou me cansando. - Meus cotovelos pareciam formar nós, eu precisava estalar os ossos para me sentir confortável de novo, mas minhas palavras simplesmente atravessaram seus ouvidos e caíram em plena ignorância, senti um desprezo vindo dela que me deixou tenso, ela não pararia até que eu usasse a própria força que ela usava contra as luvas, que eu segurava acima do ombro, para fazê-la cair ou até mesmo se assustar. Depois do soco, Alessandra levantou sua perna para golpear a luva, mas com velocidade, agarrei sua perna com minhas duas mãos e a puxei, fazendo a garota soltar um gritinho agudo e cair no chão totalmente despreparada. - Eu disse que estou me cansando.

Pensei que ouviria palavras duras e um olhar irritado, mas foi totalmente o oposto, o susto que Alessandra recebeu fez suas emoções virem com impulso, seus olhos arregalados se iluminaram pelas lágrimas que surgiam devagar pelo canal lacrimal, suas mãos pousaram sobre seus joelhos, descansando os braços e tentando controlar a respiração.

- Desculpa Matheus, eu não estou conseguindo controlar... - Sua voz estava embargada, cheia de dor, ela parecia estar derretendo por dentro, eu podia ver pelo seu olhar que o que ela mais queria era uma solução para todos seus problemas, eu não sabia no que exatamente eu poderia ajudar, então agachei-me ficando na mesma altura que ela sentada no chão, seu cabelo estava preso, mas alguns fios caiam em seu rosto, ficando grudados na testa por causa do suor. Alessandra levou suas duas mãos até as minhas, segurando-as em um carinho, era eu que deveria fazer isso, mas sua atitude me impressionou, pensei que o único toque que ela queria naquele momento era bater em alguém. - Eu não sei o que fazer, digo... Tenho tantas formas para resolver esse problema e a comunicação faz parte delas, mas eu não consigo nem mesmo pensar no que eu preciso dizer. Ele é meu melhor amigo, se voluntariou aqui e agora está treinando no mesmo lugar que eu, exalando ódio em minha direção, ele não sabe a realidade do que eu passei, queria que tudo fosse mais fácil e menos doloroso. - Alessandra olhava por cima do meu ombro, certamente na direção de Marcos que lutava no tatame com Nicolas, o loiro conseguia desviar muito bem dos movimentos do moreno, Marcos ainda não estava tão bem em luta corpo a corpo, porém estava bem avançado em flexibilidade e força quando treinava com o saco de pancada. Pelo olhar de Alessandra, ela se sentia culpada por ele estar no Instituto, como se ela que tivesse chamado ele para vir se voluntariar aqui, eu queria poder dizer para ela não se preocupar, mas não era isso que ela precisava ouvir.

- Sabe, a comunicação é a melhor maneira de resolver essa situação, antes do almoço ou talvez depois, chama ele para conversar, ouça o que ele tem a dizer e diga tudo que lhe aconteceu, ele é seu melhor amigo, perdeu quem ele mais amava quando você desapareceu, mesmo sem ele saber o que te aconteceu, ele ficou sem comunicação contigo. Alessandra o que você sente por ele é maior que essa tensão no ar, todos estamos sentindo o quão forte é o amor de vocês dois, senão não estariam tão abalados por conta disso. Eu já briguei com meu irmão, ficamos semanas sem olhar na cara um do outro, mas resolvemos com cautela, faça isso também, ele é a pessoa mais próxima que você tem aqui, aproveite a chance que tem de solucionar esse problema. - Alessandra me ouvia atentamente, parecia estar aceitando meu conselho, o que eu achava importante já que ela era tão teimosa.

A Vingança De Alessandra Bianchi | AVAB | 1º Livro REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora