Capítulo 48

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Conforme ia contando para Matheus o que tinha acontecido, eu via seus olhos captando minhas expressões, entendendo minhas palavras, sabia que tudo que me aconteceu iria me atingir uma hora ou outra, estava apenas sustentando o luto que estava preso na garganta, eu sempre colocava um problema em cima de outro, ao invés de deixar o luto ser superado, eu apenas comecei a planejar contra Érique, mas Matheus me olhava intrigado, como se estivesse vendo o que eu não conseguia. Suas mãos brincavam com a corda de sua calça moletom, estávamos sentados em sua cama, enquanto Thiago estava com Jade, em meu quarto, provavelmente assistindo algum filme, tentando distrair a cabeça após aquele dia turbulento, a noite caia como uma pena, entre nós dois, tínhamos um caderno e uma caneta, anotando fatos importantes para depois juntar as peças contra Érique, eu não podia comentar com Thomas sobre isso ainda, tinha de ter certeza, tentar colocar minhas provas para ele, as palavras de Nicolas não eram suficientes.

- Eu vi do que ele é capaz, te manipulou para matar, descumprindo a ordem do instituto, ele mesmo o fez hoje. - Matheus comentava enquanto olhava para o caderno, vendo as frases escritas por mim, respirei fundo e comecei a vasculhar momentos em que ele poderia agir como um traidor.

- Ele esteve na reunião, concordando com minhas palavras, ouvindo nosso plano, ele pode ter comentado com Mark, tudo que tínhamos ele sabia. Quantas pessoas iriam, o horário, tudo. - Peguei a caneta e batuquei em minha mão, imaginando a expressão dele enquanto eu falava o plano, o olhar brilhando, não de orgulho, mas de alívio por ter mais uma chance contra nós mesmos. - Ele concordou com o plano que falei, para atacarmos os capangas e resgatar as três... Meninas. - Matheus assentiu em um movimento de cabeça, soltou as cordinhas de sua calça e inclinou em minha direção, puxando a caneta de meus dedos e segurando em meu rosto logo em seguida.

- Você não sabia, não se culpe por ter entregado o plano quatro vezes para ele. - Quatro vezes, todas as missões em que eu fui, a primeira, em que fui a isca, a invasão no porão, a ida até a boate e o ataque contra os capangas. Todas as vezes eu tinha dito o plano para ele e tudo deu errado. - Eu entendo que você se sente culpada, eu também me sentiria, imagina o Thomas, herdeiro que deixou um espião da máfia estar em todas a missões, ser líder de missões. - Líder de missões, ele era capacitado para liderar as missões, não apenas por que ele era inteligente, habilidoso, rápido e forte, mas por que fez de tudo para estar nesse patamar, com a ajuda da máfia, fez ganhar pontos, hoje ele pode nos colocar em enrascada sem nem sabermos.

- Você iria gostar da Ashley... - Foi a única coisa que consegui dizer, como se minhas palavras estivessem saído de automático. Mas meus pensamentos voavam em ideias mais valiosas, Mateus era ao contrário, dizia o que pensava. - Ela era linda, simpática, inteligente e tão... Doce. - Matheus franziu o senho, percebendo o que eu estava fazendo, se ela estivesse aqui, viva, eu faria de tudo para que eles ficassem juntos, senti os dedos de Matheus escorregar de meu rosto e cair em seu colo, como se minhas palavras fosse suficiente para atacá-lo.

- Mesmo que ela seja assim, tão perfeita como você diz, acho que eu não iria me apaixonar por ela. - Soltei uma risada fraca, Matheus nunca me contou sobre algumas garotas que ficou, se ficou, não dizia nada sobre relações amorosas, como se para ele nada disso importasse.

- Por que acha isso? - Os olhos de Matheus subiram até os meus, encarando minha expressão, estava relaxada até então, ao lado dele eu me sentia acolhida, sabia que estava segura, como um colo de mãe, mas com ele era muito mais que isso.

- Por que eu já estou apaixonado por outra pessoa. - Parei de rir baixinho e arqueei as sobrancelhas, estava surpresa, afinal ele nunca me contava nada disso, seria a primeira vez, então ansiosa para ouvir tudo que ele tinha para me contar, apenas entrelacei meus dedos nos dele e cruzei as pernas, ficando calada apenas para que ele falasse. Seu olhar não piscava agora, paralisado diante à minha curiosidade, ele tremia os lábios, não sabia se abria ou fechava, vergonha, era isso que ele estava sentindo.

A Vingança De Alessandra Bianchi | AVAB | 1º Livro REVISANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora