Dentro do carro, eu podia ouvir meus pais cochichando logo atrás, minha mãe estava amamentando Alex, que brincava com o cordão em seu pescoço, meu pai estava tão próximo dos dois que até mesmo seu braço estava em volta minha mãe. As malas dos três estava no porta malas, mas não levaram o bastante, então o carro estava leve para podermos ir rápido e chegar antes do anoitecer. Thomas dirigia o carro, concentrado na estrada, sua mandíbula contraída, parecia tenso, depois da promessa, ele ficou calado, estava nítido em seu rosto que não gostava daquilo, mas respeitava minha escolha, não por proteger minha família, mas por imaginar que algo aconteça comigo, eu estava sentada ao seu lado, no banco do passageiro, com as mãos postas no colo. Ele realmente não tinha com que se preocupar, mas tudo que passamos até agora, foi o suficiente para traumatizá-lo.
Caía uma chuva fraca lá fora, as gotas caindo no teto do carro e correndo pelo vidro, me transparecia uma vibe de filme triste. Com a cabeça encostada na janela, eu me sentia acolhida e confortável ali, com as pessoas que eu mais confiava, presentes ali comigo, fechei os olhos tentando tirar um cochilo, mas a preocupação que eu estava sentindo não me deixava tranquilizar. Toda vez que eu fechava os olhos, eu imaginava um caminhão esbarrando em nosso carro e matando à todos nós, não era um presságio ou negatividade, apenas o medo aterrorizador de que algo ruim fosse acontecer. Tentei de muitas maneiras chamar atenção de Thomas, fazê-lo me olhar e eu ver que estava tudo bem, mas apenas provou o contrário, quando nem mesmo os lábios ele abriu. As horas passaram lentas, escorregando de nosso tempo precioso, ainda sim, não pedi para que ele acelerasse, com aquela chuva, a pista estava molhada, queria prevenir de qualquer acidente.
- Já está chegando? - Perguntei, virando meu olhar para Thomas que assentiu em um movimento de cabeça curto, com aquela resposta, franzi o senho, ele não podia me culpar por querer o bem dos meus pais, mesmo que pensando tão mal sobre meu tempo de vida, não sabíamos o que poderia acontecer, então ficar emburrado antecipadamente não ia adiantar de nada. - Certo. - Olhei para trás, vendo minha mãe cochilando, meu pai segurava Alex, que dormia enrolado no cobertor, vê-lo sendo tão acolhedor com meu irmão me fazia ter a vontade de apenas decidir ficar e ver esse amor mais de perto. Eu queria concluir minha vingança logo, ter certeza de que algum dia eu poderia respirar aliviada, não precisar acordar assustada, como se tivesse uma mão apertando meu pescoço e mais um choque correndo pelo meu corpo, tudo que eu passei iria me ajudar a me tornar mais forte, porém eu não queria que fosse dessa maneira.
Voltei a olhar pra frente, meus dedos apertando o cinto de segurança, pensando em muitas coisas que não poderiam ser ditas. O carro começou a desacelerar, levantei o olhar, vendo um portal grande e alto, o portão se abriu e passamos devagar, um homem de terno preto estava dentro de uma cabine do lado de fora, Thomas apenas abaixou o vidro da janela e acenou rapidamente, então eu vi, o homem que tinha um fone no ouvido, não para músicas. Um segurança. Ele apertou um botão preto, até então eu não sabia para que servia, mas quando voltei a olhar pra frente, acabei por abrir os lábios surpresa, em minha frente tinha uma mansão alta, a decoração de árvores pelo jardim, com pedras brancas, como cristais, jarros de plantas e ramos. Cada centímetro da mansão era branca, muito bem iluminada, arejada e polida, parecia brilhar pela limpeza bruta, a varanda era larga e extensa, seguranças caminhando com guarda chuva, fazendo sua ronda pelo grande campo aos dois lados da mansão.
Thomas seguiu em uma direção contrária à varanda da casa, atravessando um lago, a lateral era mármore branco, árvores plantadas em cada esquina, com um telhado branco. Enfim passamos por um portão que já estava aberto, aquele botão que o segurança apertou era para nos dar passagem. Seguimos por uma estrada de pedras brancas, até que o carro parou abaixo de um grande telhado que levava até uma entrada da mansão, percebi então, uma mulher parada do lado de fora, apertando o sueter bege contra o corpo, fiquei a olhando até perceber que tínhamos de descer do carro. Meus passos estavam atordoados, me sentia constrangida, de estar ali, na casa de Thomas, subi os degraus largos da entrada traseira da mansão, meu pai vinha logo atrás, enquanto minha mãe esfregava os olhos, ainda sonolenta com a viagem.
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A Vingança De Alessandra Bianchi | AVAB | 1º Livro REVISANDO
RandomAlessandra foi sequestrada e abusada por exatos dez meses, que mais parecia anos lentos e torturantes para ela, mas pela sorte do acaso, conseguiu fugir das garras de Mark, o líder do tráfico de garotas. Porém, pensando que iria alcançar a liberdad...