♥️ 𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟑𝟕 ♥️

593 55 67
                                    

𝐔𝐌𝐀 𝐍𝐎𝐈𝐓𝐄 𝐂𝐇𝐄𝐈𝐀 𝐃𝐄 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐃𝐄𝐋𝐎𝐒

Amélia tinha retornado no dia seguinte, dizendo que iria levar Cordelia com ela. A pequena ruiva abriu um sorriso, agarrou na mão da mulher e simplesmente foi.

Cordelia estava sendo levada por sua verdadeira mãe, a mulher que tinha a dado a luz. A garotinha estava toda animada com a ideia de que sua mãe verdadeira a queria de volta, e não esperou nem mais um minuto para ir.

Cordelia nem sequer se despediu dos dois, apenas recolheu as suas coisas e foi com a sua... mãe.

— Anne! – Uma voz a chamava, enquanto a ruiva se desmanchava de chorar, vendo sua filha ir.

— Cordelia, volte por favor. – Anne gritou, tentando fazer com que a menina ao menos olhasse para trás... nada.

— Anne, acorde! – A voz foi se tornando cada vez mais alta, e seu corpo foi sendo chacoalhado.

Anne acordou em sua cama, suada. Gilbert estava ao seu lado, extremamente preocupado com a sua esposa que chorava e chamava por sua filha durante o sono.

— Você estava tendo um pesadelo, querida. – Gilbert a abraçou e deu um beijo em sua testa, tentando acalmar sua esposa.

— Eu não queria te acordar. – O peito de Anne arfava, subindo e descendo, tentando recuperar o ar.

— A verdade é que eu não consegui dormir. Esse assunto também está me preocupando bastante.

— Uma mulher estranha apareceu na nossa porta falando que é a mãe da nossa filha e que quer a nossa menina de volta. Eu posso lidar com o fato de ainda não ter gerado um filho, mas eu não aceito perder a minha menina. – Lágrimas silenciosas caiam por seu rosto.

— Não vamos perder a Cordelia, Anne. – Gilbert garantiu. Mas a ruiva não acreditava que era a verdade.

— Gilbert, se a Cordelia decidir que quer ir com a mãe, não podemos fazer nada. E se ela não quiser, essa mulher vai infernizar a nossa vida.

— Você acha mesmo que ela vai querer ir com essa mulher? Anne, faz um ano que vocês estão juntas. Ela não vai nos deixar, nada nesse mundo vai tira-lá de nós.

— Mas aquela mulher é a mãe dela, Gil. – Pronunciar aquelas palavras foram como se uma faca atravessasse seu peito.

— Não! – Gilbert negou com veemência. — Você é a mãe dela.

Anne deitou a cabeça no peito de Gilbert, se permitindo chorar novamente.

— Eu fiquei tão preocupada em ter um bebê que não dei atenção para a nossa filha. E agora possa que ela queira ir embora com outra mulher. – Anne soluçava de tanto chorar.

— Não chore, meu bem! – Gilbert a ajeitou em seus braços, podendo abraça-la.

— O que será de mim sem a minha menina, Gil? Eu não suporto mais chorar, eu não suporto mais sofrer. Eu só queria que essa dor acabasse, mas ela nunca acaba.

— Se eu pudesse, eu passava toda a sua dor para mim. – Gilbert deu um beijo na testa da ruiva, e apoiou seu queixo na cabeça de sua esposa.

Gilbert chorava em silencio, enquanto Anne soluçava. Era uma dor sufocante, saber que você pode perder uma pessoa que tanto ama, principalmente quando se trata de um filho. Cordelia não saiu do ventre de Anne, mas o amor que a ruiva sente por aquela garotinha é a mesma que sentiria por seu filho de sangue.

Um barulho de pegadas deixou Anne e Gilbert em alerta. Batidas incessantes na porta e barulho de choro fez com que Gilbert levantasse da cama em um pulo e abrisse a porta, encontrando Cordelia chorando de soluçar.

— Papai, ela entrou no meu sonho querendo me levar, mas eu não quero ir com ela. – Cordelia se agarrou a Gilbert, e o rapaz pode perceber que a menina tremia de medo.

— Vai ficar tudo bem! – Gilbert a pegou no colo, a apertando em seus braços.

Gilbert fechou a porta do quarto e caminhou até a cama. Blythe colocou a menina na cama e ela rastejou até Anne e deitou em seus braços.

— Não permita que aquela mulher me leve. – Cordelia escondeu o rosto no peito da mãe.

— Não vou permitir, meu amorzinho. – Anne a apertou em seus braços, com medo solta-la e a garota sumir.

— Nós não vamos permitir. – Gilbert sentou na cama e começou a fazer carinho nos cabelos da pequena ruiva, tentando acalma-la.

— Aquela mulher tem cara de mal. – Cordelia pegou na mão de Gilbert que estava nos seus cabelos e o puxou mais para perto, o querendo colado em si. Ela precisava sentir-se protegida, e somente sua mãe e seu pai podiam lhe proporcionar essa proteção.

— Se você não quiser ir com ela, você não precisa ir. – Falou, na tentativa de acalmar a sua filha.

— Não preciso? – Os olhinhos avelã da menina brilharam com esperança.

— Não, meu bem! Legalmente você é a filha de nós dois. Além de que, não tem como comprovar que ela é a sua mãe de sangue, ela pode estar até mentindo. – Anne explicou com toda calma que não tinha.

— Mas como ela sabe da marca do meu braço? – Cordelia mostrou o seu braço.

— Possa que ela realmente seja a sua mãe de sangue, mas isso não quer dizer que você tenha que ir com ela. – Disse, e levantou o olhar para sua mulher que parecia querer chorar. — Essa escolha é inteiramente sua.

— Mas eu não quero ir com aquela mulher. Eu não gostei dela, e não acho que ela seja um espirito irmão. Ela me deixa um pouco assustada.

Depois daquela revelação, Anne conseguia respirar novamente. Pelo menos a menina não iria querer ir com a mãe de sangue.

— Desculpe -me por acordar vocês, mas eu estava com muito medo. – Cordelia enxugou seu rosto com a manga da própria camisola.

— Não estávamos dormindo, filha. – Gilbert deu um beijo na testa da menina. — Para falar a verdade, estávamos com medo também.

— Medo? Medo de que? – A garotinha olhou de sua mãe para o seu pai.

— Medo de que você quisesse nos deixar. – Anne falou baixinho, com a sua voz falha.

— Eu jamais faria isso! Aquela mulher pode dizer que é a minha mãe, mas ela não é! A minha mamãe se chama Anne Blythe, e o meu papai se chama Gilbert Blythe.

— Eu te amo, pequena. – Anne a abraçou, voltando a chorar, emocionada com as palavras da filha.

— Nós te amamos! – Gilbert se juntou no abraço.

— Eu também amo vocês.

Os três ficaram longos minutos naquele abraço apertado, onde nenhum deles queriam soltar-se um do outro.

— O que acha de dormirmos juntinhos essa noite? – Gilbert deu a ideia, tentando melhorar o clima triste.

— Acho uma ótima ideia. – Anne e Cordelia falaram em uníssono, batendo palminhas.

— Então é o que vamos fazer. – Gilbert levantou da cama e foi até o baú do quarto, onde pegou mas um travesseiro e uma coberta.

Anne puxou o seu travesseiro e Gilbert puxou o dele, dando espaço para o travesseiro da pequena ruiva. Assim que os três estavam acomodados, Gilbert e Anne apagaram a luz do abajur que tinha no criado mudo no lado de cada um.

Essa noite pode não ter começado bem, mas o seu finalzinho aliviou toda a tenção passada nela.

A mãe que precisava que sua filha ficasse, um pai que estava vendo a sua esposa se afundar na tristeza com medo de perder a sua filha, e uma filha com medo de ser mandada embora com uma mulher que lhe dava calafrios.

Abraçados, eles pegaram no sono e tiveram bons sonhos.

_____________《~°☆°~》_____________

𝐓𝐇𝐄 𝐅𝐋𝐀𝐌𝐄𝐒 𝐎𝐅 𝐋𝐎𝐕𝐄 ─ 𝐒𝐇𝐈𝐑𝐁𝐄𝐑𝐓Onde histórias criam vida. Descubra agora