SAM (Mais Forte Que O Mundo)

Capítulo 1.

Amanhecia,os raios do sol invadiam timidamente o quarto através da janela e aquecia o frio da noite anterior...era segunda. Lentamente fui abrindo os olhos e como de costume desperdicei longos segundos apenas encarando o teto.

...talvez eu tenha demorado um pouco...

Ao levantar da cama caminho em direção a janela e seguido de uma respiração profunda passo a contemplar o campo verdejante. Na cômoda do quarto a passagem de ônibus me lembrava que hoje seria o grande dia,mas eu nem ao menos tinha feito as malas...acho que foi um erro ter deixado para a última hora.

...despreocupado saio do quarto e ando até o banheiro....

— Olha só você. — Digo encarando meu reflexo no espelho.

Aparentemente aquele garoto de quinze anos se perdeu entre o corte de cabelo e a tinta escura,o novo visual ainda era novidade,mas eu não me reconhecia. Rapidamente lavo o meu rosto e saio do cômodo,um delicioso cheiro de café atrai a atenção da minha barriga.

Ao chegar na cozinha encontro meu pai e meu tio sentados tendo aquela típica conversa de irmãos...

— Olha Robert,ele acordou. — Diz meu tio em tom de brincadeira.

Fernando foi o único familiar que pode nos acolher naquela situação difícil,sua casa fica bastante afastada da cidade em uma localidade que poucos conhecem...era quase impossível que me encontrassem aqui. Sua esposa infelizmente faleceu,mas muito antes da nossa chegada,ele adora falar nela e embora eu tenha poucas lembranças sinto sua agradável energia nesta casa.

— Sam,é verdade que ainda nem fez as malas? — Questiona meu pai — Não está marcado para as onze e meia da manhã?.

— Está. — Solto um suspiro — Na verdade eu estive pensando muito nisso esses dias.

— Pensou no que eu disse sobre essa ideia de voltar ser ridícula?.

— Deixa Robert. — Fernando nos interrompe — Ele não é mais uma criança,já tem idade para se cuidar lá fora.

— Viu?...alguém apoia minha ideia. — Movimento os ombros — Aliás,pai,nós já conversamos sobre isso e você super concordou.

— Olha para o garoto Robert,ao menos que ele diga quem é ninguém vai reconhece-lo.

— Desculpe. — Ele respira fundo — É coisa de pai,você mesmo passou por isso quando Daniele decidiu se mudar por causa da faculdade.

— Foi por uma boa causa. — Meu tio mostra um sorriso — Eu não podia prender ela para sempre,não tem nada aqui para esses jovens malucos.

Enquanto eles conversam decido colocar um pouco de café para mim,deixo a xícara no balcão e sigo até a geladeira. Ontem foi meu aniversário,fiz 23 anos,foi uma comemoração bem simples e o bolo com cobertura ainda estava ali...eu não iria sair sem pegar um enorme pedaço antes.

— Sam,que tipo de café da manhã é esse?. — Meu pai questiona mais uma vez — Vai comer isso?

— Prefiro. — Respondo com a boca já suja de cobertura — Eh...sabe,é melhor eu ir arrumar minhas coisas.

...

Deixo os irmãos a sós levo o lanche comigo até meu quarto. Eu teria que arrumar a minha mala,mas escolher o que levar ainda é mais difícil do que pensei,uma pequena,não,uma enorme bagunça de repente é produzida.

...minutos depois percebo alguém entrar no quarto...

— Sam...

...meu pai se assusta ao ver as minhas roupas flutuando pelo quarto...

— Sim?. — Pergunto pegando algumas roupas do ar.

— O que está fazendo?.

— Sabe,eu acho que assim é mais fácil...vê?...essa combina com aquela flutuando no canto. — Respondo — O senhor queria falar comigo?.

— Nós dois passamos por muitas coisas lá atrás. — Ele senta na beira da cama — Meu instinto ainda diz que eu devo te proteger.

— Pai,se passaram quase oito anos e até aqui ninguém veio nos incomodar,talvez tenham esquecido.

— Esquecer?. — O homem começa a rir — Você abalou o natural meu filho,eles podem não saber como você está agora,mas acho difícil terem esquecido.

— Eu amo esse lugar,o ar,os animais,tudo,mas o mundo não termina aqui...inclusive você também poderia vir.

— Seu tio precisa de mim aqui,o inverno está chegando e você sabe como ele é ansioso.

...ele olha em volta antes de dizer mais alguma coisa...

— Eu quero que você vá e aproveite,mas com cuidado.

— Pode ficar tranquilo,eu tenho a força e não estarei sozinho lá.

— Ah é,eu tinha esquecido desse pequeno detalhe.

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(Continua No Próximo Capítulo)