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Quando o carro fez aquela curva maluca e escutei os barulhos de tiros meu corpo todo tremeu.
- Fique abaixada. - Escuto Ruggero gritar, mais minha mente só viajou até aquele dia terrível para mim, meu corpo entrou em estado de choque e não conseguia ouvir nada além dos tiros me fazendo voltar a anos atrás quando eu era pequena e levaram a pessoa mais importante da minha vida.
Não lembro que horas e nem como só sei que sentia um cheiro amadeirado e um calor gostoso aquecendo a minha pele.
- O que aconteceu? Karol... Vamos levá-la para o quarto vem. - Escuto a voz de Valentina mas não consigo reagir é como se meu cérebro não recebesse os comandos.
Senti meu corpo ser depositado no colchão e Valentina sentar ao meu lado, retirando minhas botas e alisando meu cabelo, até que fiquei sonolenta e adormeci.

Acordei suada sonhando, então constatei que não era sonho foi só lembrando o que aconteceu, estava sozinha na minha cama, olhei no relógio eram cinco horas da manhã, levanto e tomo um banho, retiro a maquiagem e visto uma calcinha limpa e me jogo na cama vou dormir meu corpo está doendo parece que fui atropelada por um caminhão.

Escuto batidas muito longe na porta, bem longe, sento na cama assutada e as batidas se repetem que inferno.
Levanto na força do ódio pronta pra mandar quem quer que fosse se foder, porque não era possível que não posso ter um momento de paz, abro a porta com tudo e se não estivesse com o cérebro tão sonolento e raivoso poderia ter apreciado aquele olhar de luxúria por todo meu corpo, só que não tive um momento pra pensar quando seu corpo cobriu o meu ele me empurrou para dentro do quarto, me soltou bruscamente quando a porta já estava fechada e andou a passos largos para dentro do meu banheiro saindo de lá com um roupão ridículo de quando eu era pequena que a Aninha insisti em deixar ali, coloca no meu corpo e amarra sem que eu tivesse alguma reação.
- Muito melhor. - Pigarreia.
- Vejo que está bem. - Fico em silêncio ainda acordando e quando tudo dentro de mim se encaixa aponto o dedo.
- Você... Que porra faz aqui porque caralhos me acordou, e que merda é essa no meu corpo?
- Quantas perguntas, primeiro bom dia, você não atende o celular e não responde a porta, segundo, isso não são trajes para que você abra a porta e terceiro foi o que encontrei no seu banheiro.
- Primeiro eu estava dormindo, segundo abro a porra da porta como eu quiser está incomodado feche os olhos e que diabos você faz no meu quarto?
- Não tive escolha você abriu a porta assim, temos câmeras por todo o corredor será um milagre meus seguranças não terem visto você na porta.
- E eu deveria te agradecer por isso?
- Sim.
- Qual é o seu problema? Aghr. - Grito e tiro a merda do roupão jogando no chão e caminho para o banheiro.
- Karol você está nua de novo.
- E daí, foi você que invadiu meu quarto, será que não posso ter paz nem aqui puta que pariu. - Bato a porta com força.
E abro o chuveiro gelado para passar a raiva que está aquecendo meu corpo, ou será outra coisa.
Quando termino me enrolo na toalha e abro a porta, ele não está mais ali, ótimo coloco um short cintura alta de tecido e uma blusa de alcinha, calço uma rasteirinha e prendo meu cabelo em um rabo pego minha bolsa e abro a agenda, já que não fui pra faculdade hoje.
Mais tenho algo essa tarde pra fazer que gosto muito.
Saiu do quarto e vou direto pra cozinha encontro Valentina e Ruggero eles falavam de algo e ela estava rindo, paro na porta e observo a cena que de alguma maneira me incomoda, dou de ombros e entro na cozinha abro a geladeira.
- Ei dorminhoca, você me assustou ontem. - Ela diz e quando me viro encontro os olhos dele em mim já disse que esse olhar me causa formigamento, não? pois é. Suspiro.
- O que aconteceu ontem?Pergunto.
- Um carro nos seguiu na saída do bar, e trocou tiros com a gente com certeza queriam você.
- Isso é impossível, ninguém sabe sobre mim, nem mesmo os parentes do meu... Do Roberto. - Ele me lança um olhar estranho.
- Temos que ter muito cuidado Karol, alguém sabe.
- Uma coisa é, não vou parar minha vida por isso, não pedir nada será que eles não entendem.
- Eu não sei do que se trata, mas eles não querem saber do que você tem interesse ou não, eles querem eliminar e se você não cooperar vai ficar difícil te proteger. Ele fala.
- Eu não preciso de proteção, não tenho medo.
- Não foi o que pareceu ontem.
Solto riso amargo.
- Você não sabe de nada. - Deixo o copo na pia e volto para o meu quarto, pego meu violão e sento no chão, as notas fluem naturalmente.

Diz que pensa tanto em mim
Que tá querendo me ver
Diz que tá me lembrando bastante
Acredito em você
'To sabendo de tudo
'To lendo seus recados
Minhas fotos que você curtiu
'To seguindo você
E aí, o que é que a gente vai fazer?
Diz aí, se você quer e eu também 'to querendo você
Tantos sorrisos por aí e você querendo o meu
Tantos olhares me olhando e eu querendo o seu
Eu não duvido não, e não foi por acaso
Se o amor bateu na nossa porta, que sorte a nossa
Tantos sorrisos por aí e você querendo o meu
Tantos olhares me olhando e eu querendo o seu
Eu não duvido não, e não foi por acaso
Se o amor bateu na nossa porta, que sorte a nossa
Ai ai ai ai
E aí, o que é que a gente vai fazer?
Diz aí, se você quer e eu também 'to querendo, 'to querendo você
Tantos sorrisos por aí e você querendo o meu
Tantos olhares me olhando e eu querendo o seu
Eu não duvido não, e não foi por acaso
Se o amor bateu na nossa porta, que sorte a nossa
Tantos sorrisos por aí e você querendo o meu
Tantos olhares me olhando e eu querendo o seu
Eu não duvido não, e não foi por acaso
Se o amor bateu na nossa porta, que sorte a nossa
Ai ai ai ai
Que sorte a nossa
Ai ai ai ai
Que sorte a nossa

Valentina está sentada ao meu lado.
- Sabe não canso de ouvi-la cantar. - Sorrio fraco.
- Foi difícil ontem não foi? Você lembrou do..
- Sim, eu entrei em choque quando os tiros começaram e me fizeram reviver aquele dia.
- Eu sinto muito Karol.
- Você não tem culpa eu por pouco não perco você também.
- Eu só queria que tudo fosse diferente.
- Mas não é, ele colocou nossas vidas em risco quando se envolveu e agora pagamos por isso.

EntrelinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora