dezenove

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Esses últimos tempos, Draco se via não muito interessado em fazer outras pessoas chorarem.

O fato de que ele estava basicamente evitando Longbottom como um covarde podia ser explicado com facilidade por causa do que aconteceu no fim do ano passado, mas a hesitação de Draco em fazer qualquer tipo de bullying com qualquer outro aluno o deixava bem confuso. Não era como se ele tivesse tido algum problema com isso antes, até quando ele estava possuído por Tom ele continuou com as empurradas nos corredores e os xingamentos, mas agora ele se sentia exausto demais para ir atrás de alguém.

As trocas de insultos e brigas entre ele e Potter eram as únicas coisas que Draco ainda procurava, a aula de Adivinhações sendo uma das aulas em que Draco mais falava e mais interrompia os professores. Os dois tinham, inclusive, continuado com aquela "brincadeira" deles em que eles ficavam fazendo previsões de morte um para o outro. Deixava Trelawney enlouquecida, e Weasley e Theodore também. Na verdade, provavelmente enlouquecia todos os colegas dele, mas não era como se isso fosse os parar.

Ou ao menos foi isso que Draco achou.

Depois do acidente com o Bicho-Papão, Potter começou a – a olhar para Draco. Isso não era tanta novidade, mas a expressão dele era. Potter era um bobão, realmente, e um grifinório. O rosto dele provavelmente era um dos rostos mais expressivos que Draco já tinha visto, cheio de ódio e nojo e raiva toda vez que ele via Draco, porque ele sangrava emoção a cada segundo do dia, em cada pequena coisa que ele fazia, e ele não tinha a mínima ideia de como esconder aquilo tudo. Draco tinha passado muito tempo o olhando, tentando decifrar todas aquelas coisas que Draco não entendia. Antes, ele achava que sabia muito bem como as feições de Potter funcionavam.

Agora elas estavam tão estranhas.

Draco não tinha a mínima ideia do que Potter estava pensando toda vez que ficava o olhando. O próprio Potter não parecia ter a mínima ideia do que estava procurando. E Merlin, Potter não parava de procurar por algo em Draco. Era como se ele achasse que Draco fosse virar outra pessoa completamente diferente a qualquer segundo e não entendesse quando dita mudança não acontecia.

Houve um momento no café da manhã logo depois da aula de DCAT em que Draco achou que viu um pouco de pena nos olhos de Potter. Confusão também, mas era a pena que mais chamou a atenção de Draco. O atingiu mais do que qualquer feitiço que Potter já tivesse jogado contra Draco.

Draco derrubou um montão de suco em cima de Weasley um pouco depois, só para ver aquela pena desaparecer. E apesar de ter funcionado, a confusão persistiu, mesmo que sendo um pouco escondida pela volta da familiar raiva de Potter.

As brigas deles deram uma diminuída. Draco se viu sem o que fazer a não ser pensar no braço dele e no Bicho-Papão e nas palavras que ele disse para Vincent, então ele tentou achar alguma outra distração.

Por isso, pelo resto da semana, Draco observou os colegas dele, ignorando o modo como Potter o observava, e tentou pensar no que eles iriam ter como Bicho-Papão.

Ele achava que sabia o de Blaise; algo envolvendo o pai do menino, talvez ele em seus últimos, doentes momentos. Momentos que, de acordo com Blaise, se arrastaram muito e foram muito sofridos e ainda faziam Blaise ter pesadelos. Sim, isso parecia um maior medo lógico. Sobre Pansy Draco não tinha ideia. Ele achava que o medo dela provavelmente envolvia não ser o centro das atenções e ser esquecida, mas ele não tinha certeza do que o Bicho-Papão iria virar para a mostrar esse medo.

Vincent e Greg ele já tinha uma ideia. Daphne provavelmente seria algo como Draco com a irmã dela se machucando, e Theodore envolveria a escola, com certeza. Draco conhecia o pai dele. Ele sabia o tipo de castigo que Theodore receberia caso tivesse notas ou muito ruins ou muito boas.

but we are brave,   DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora