trinta e oito

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Potter não apareceu no café da manhã do dia seguinte.

Draco percebeu a falta de presença dele antes mesmo de se sentar e, depois de observar a mesa da Grifinória por mais alguns segundos, ele notou que Granger também não estava. A terceira parte do grupo deles, para a surpresa de Draco, era a única que tinha aparecido. Ele não parecia muito feliz com isso, porém. Draco nunca tinha visto a cara de Weasley se retorcer do jeito que ela estava se retorcendo naquele momento, como se ele tivesse engolido um dos venenos da Sra. Zabini ou da Sra. Goyle sem querer.

A cara de Weasley estava muito vermelha, era o ponto de Draco. Ele estava comendo a torrada dele como se ela tivesse matado a família inteira dele e, quando um dos gêmeos tentou o puxar e fazer uma piada, ele os lançou uma encarada como se agora fosse ele quem quisesse os matar só usando uma torrada meio comida.

Potter não estava do lado dele.

Com o clima tenso que ainda estava pesando por todo o Grande Salão, aquilo fazia muito sentido. Era uma das poucas decisões de Potter que Draco conseguia entender e podia até dizer que era uma boa, lógica ideia. E, ainda assim, ele não podia deixar de ficar lançando olhares para a mesa vermelha e dourada com algo muito estúpido se revirando no seu estômago. Draco não nomeou aquele sentimento. Ele nunca nomeava, perigoso como ele era, murmurado bem dentro de si para evitar o horror de qualquer pessoa, até mesmo o próprio Draco, conseguir o ouvir.

"É claro que ele não conseguiu mostrar a cara," Marcus resmungou, lançando um olhar muito furioso em direção aos grifinórios, que ficavam lançando olhares muito cheios de chacota para os sonserinos.

Cassius deu de ombros, sorrindo para o prato dele como um grande, lindo bobão.

"Eu não podia me importar menos," comentou, a voz leve e cheia de animação, os olhos dançando com orgulho. Ele deu uma mordida em uma linguiça e, quando Marcus soltou um grunhido, ele riu. "Sério, Marcus. Eu agradeço por você estar agindo como o pitbull que os meus pais nunca concordaram em comprar para mim, mas eu não tô muito preocupado com um menino de quatorze anos roubando a minha glória."

"É claro que você não está preocupado, ele já roubou ela toda." Marcus franziu as sobrancelhas ainda mais. Ele gesticulou por todo o cômodo. "Toda a Corvinal, Lufa-Lufa e Grifinória já concordaram em torcer para ele. Eu ouvi escondido. Eles nem se importam que ele entrou indo contra as regras, eles só se importam em ter um Campeão que não é Sonserino."

"Ah, que hipócritas, eles," concordou Cassius, apesar dele parecer estar mais zombando de Marcus do que se sentindo horrível sem o apoio do resto de Hogwarts.

Marcus nem pareceu notar. Os olhos dele estavam cheios de fogo como eles sempre ficavam depois de um jogo em que eles recebiam uma falta por algo que não fizeram entre as faltas que recebiam por algo que realmente fizeram. Era um olhar bem específico e que, ainda assim, Draco estava bem acostumado a ver.

"Eles são hipócritas sim!" Marcus exclamou raivosamente, batendo um punho contra a mesa e a fazendo tremer, o que em troca fez vários primeiranistas pularem de susto e Vincent se engasgar com o que estava comendo. "Eles ficam nos xingando e dizendo que nós só sabemos jogar sujo, mas na primeira oportunidade que eles têm eles se juntam e roubam tudo só para irem contra a gente!"

Os olhos de Cassius se encontraram com os de Draco e ele os revirou dramaticamente. Mais tímido e devagar do que o normal, Draco abriu um sorrisinho, tentando fingir não estar com a mente toda concentrada no sumiço de Potter. Cassius pareceu radiante com o sorriso de Draco e com alguém finalmente reagindo as piadas dele e não só reclamando de Potter. Draco não pôde deixar de se sentir um pouco orgulhoso de si mesmo.

but we are brave,   DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora