but we are brave, DRARRY

vinte oito

Sair para tomar sorvete em um dia tão frio que fazia os dentes dele baterem não era uma decisão muito inteligente – e certamente não tinha sido decisão de Draco, nem de longe sendo algo que ele queria fazer, mas Vincent tinha pedido, e Greg tinha ficado animado, e então, pelos amigos dele, Draco se deixou ser puxado em direção a Dedosdemel em um dos sábados mais congelantes do ano.

Era o último fim de semana em que eles realmente estariam livres para ficar em Hogsmeade e fazer o que quiserem, já que a semanada de provas seria no próximo mês e todo mundo iria estar se matando de estudar. Draco iria ter grande dificuldade não só revisando, mas também tendo que ajudar Vincent e Gregory a entender a matéria, e então ele resolveu que essa ia ser uma boa maneira deles relaxarem uma última vez antes de todo o estresse começar. Aparentemente, Draco não foi o único.

A fila estava gigante.

Dedosdemel era o único estabelecimento em Hogsmeade que vendia sorvete; com certeza porque um doce tão frio não era algo muito procurado pelos moradores ou os alunos, considerando o clima de Hogsmeade. Eles podiam ir para o Três Vassouras e só pedirem Cerveja Amanteigada, o que seria algo bem mais rápido e inteligente e iria até os esquentar, mas agora que já tinha decidido que iria tomar sorvete com os amigos dele, mesmo com a ideia não sendo originalmente dele, ninguém iria convencer Draco de ir fazer alguma outra coisa.

O que quer dizer que lá estava ele, parado em uma fila fazia mais de dez minutos já, apesar de que realmente pareciam ter se passado horas. Ele estava congelado e miserável e tentando, futilmente, esquentar as mãos dele as esfregando umas nas outras. Mesmo de luvas, elas não pareciam mudar nada, e quando Draco tentava soprar, o ar que saía também estava bem mais frio do que quente, cristalizando em frente ao rosto dele. Draco aumentou a careta dele.

Granger passou por eles na fila, já saindo da Dedosdemel com duas casquinhas cheias na mão. Ninguém prestou muita atenção nela, mas Draco a observou pelo canto do olho, tentando não demonstrar o quão atento estava – ele sabia que ela ainda estava brigada com Weasley, então ele não ficou nem um pouco surpreso quando ela olhou para trás, checando se alguém estava a observando, e então, logo antes de virar a esquina, aparentemente só estendeu o braço e soltou a casquinha para o nada, sem hesitar. Ao invés de cair na neve, uma mão saindo do nada pegou a casquinha e, em questão de milissegundos, ela e a mão tinham desaparecido de novo. Draco observou, soltando uma bufada antes de se virar para fila de novo.

Potter realmente não sabia ser discreto, mas por algum motivo, Draco parecia ser o único a perceber isso.

Draco estava seriamente pensando em fingir um desmaio para Vincent e Greg conseguirem furar a fila enquanto todo mundo estava distraído com ele. Draco já estava até planejando todo o drama que iria fazer. Iria ser uma atuação digna de prêmios. Ele hesitou, porém, ao enfiar a cara dele lá dentro na loja – porque nesse ponto a fila estava indo até lá fora – e ver um certo trio bem perto do caixa. Ele abriu um sorriso na hora, pegando a mão de Vincent e Greg.

Apesar de algumas pessoas parecerem querer muito o bater, não foi tão difícil empurrar todo mundo que estava na frente deles e abrir caminho na fila até chegar nelas. Millicent fez uma careta. Suki acenou. Draco lançou um sorriso insuportável para os dois corvinos esperando atrás delas.

"A gente está com elas, obviamente," comentou, encolhendo os ombros. Daphne bufou, mas nenhuma das meninas o desmentiu, e os corvinos, apesar de bravos, não falaram nada, só ficaram com caras bem azedas.

O sorriso de Draco cresceu ainda mais, triunfante contra todos os idiotas honestos que tiveram que esperar – e continuaram esperando, provavelmente – onde estava por um tempão. Quando ele comprou o sorvete dele e o provou, ele tinha gosto de vitória, na opinião de Draco, não só de chocolate amargo. Era ótimo, mesmo que Draco mal conseguisse sentir a língua ou os lábios dele.