trinta e dois

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Duas crianças estavam sendo torturadas no meio do ar.

Quando Draco tinha entrado para dormir com os Greengrass ainda haviam várias pessoas, em sua maioria mais velhas, espalhadas pelo lugar onde eles estavam, o som de cantoria alto, de felicidade e comemoração e risadas que ecoavam com leveza. A lua e as estrelas tinham estado iluminando o céu e várias fogueiras espalhadas por perto das barracas ajudavam a iluminar o acampamento. Tinha parecido uma festa. Era uma.

Agora, o céu estava coberto por uma neblina muito intensa e densa para ser completamente natural, os deixando em um escuro muito terrível, e as únicas fontes de luz que ainda haviam não eram fogueiras, mas sim barracas – barracas que estavam pegando fogo, Draco percebeu com horror.

Os que antes estavam comemorando, os que antes tinham visto Draco e Astoria jogar Quadribol e rido com eles, que antes estavam tendo um ótimo dia, agora estava gritando, correndo em direção a floresta. Fugindo. Quando uma barraca atrapalhava o caminho deles, Draco viu vários deles simplesmente as explodindo para abrir espaço, piorando o fogo e a confusão. O barulho era ensurdecedor.

Draco congelou. Ele não conseguiu se mover.

Ele sabia que deveria. Ele sabia que precisava sair, que se continuasse onde estava ele iria acabar terrivelmente machucado, mas–

Mas nem todo mundo estava fazendo isso, e uma vez que ele percebeu isso, ele não conseguia parar de olhar para os lados, os olhos arregalados e o peito subindo e descendo dolorosamente, enquanto ele notava exatamente quem estava ficando. No escuro, com todo o céu bloqueado, ele nunca teria visto o rosto deles direito, o que era piorado ainda mais pelo fato deles estarem usando máscaras.

Máscaras que Draco reconhecia.

O pai dele tinha uma igual, guardada no fundo do armário dele. Quando Draco era criança, Draco costumava ir até lá, escondidinho, só para a pegar e a colocar no rosto, e brincar de Comensal da Morte, que era a brincadeira favorita de todos os tempos dele, na época.

Ele se lembrava tão vividamente de quantas horas tinha passado fazendo isso. Se lembrava de como Lucius sorria tão suavemente e tão orgulhoso toda vez que via Draco assim, o pegando no colo e o rodopiando um pouco e só o colocando para baixo para continuar a brincar com ele. Fingindo ser um sangue-ruim. Deixando Draco continuar fingindo ser um Comensal e o derrotar com uma varinha de brinquedo. Deixando Draco o derrubar no chão só para se virar e fazer cosquinha em Draco até Draco ficar com dor de barriga de tanto gargalhar. Eram uma das brincadeiras que o pai dele mais participava, Draco lembrava bem, e os momentos em que Draco mais ria em toda a infância dele.

Ele lembrava do quanto costumava a amar.

Ele costumava se sentir tão orgulhoso enquanto colocava aquela máscara estúpida e anunciava, gritando e sorrindo, que era um Comensal e iria matar todos os seres sujos que haviam no mundo.

Agora haviam duas crianças e elas estavam no meio do ar e elas estavam sendo torturadas, e Draco nunca tinha sentido nada como o que estava sentindo naquele momento – nunca tinha sentido um pânico tão profundo, um horror tão visceral, um desespero tão sufocante. As pessoas com máscaras, as pessoas que tinham que ser amigas de Lucius, que Draco tinha que conhecer e provavelmente ter algum nível de intimidade com, estavam se aglomerando ao redor das duas crianças e de dois adultos que Draco supunha serem os pais delas, rindo, apontando as varinhas, fazendo elas gritarem ainda mais alto.

Eles continuavam as fazendo sentir ainda mais dor e os fazendo rir ainda mais e fazendo a respiração de Draco ficar ainda mais estranha.

Ele olhou para os lados desesperadamente, de novo. Esperou alguém fazer algo, porque ele tinha visto quantos adultos tinham estado perto deles antes, e eram muitos. Centenas de bruxos crescidos e formados e treinados, provavelmente, quando se tratava de números, ganhando dos Comensais ali juntos. E, ainda assim, tantos deles só tinham corrido. Eles não tinham feito nada e pelo que Draco conseguia ver, os poucos que tinham ficado e estavam tentando ajudar não eram o suficiente.

but we are brave,   DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora