vinte sete

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"O que," Draco reclamou lentamente, baixinho, "eu fiz de tão ruim que eu aparentemente mereço essa completa tortura?"

Theo arqueou uma sobrancelha na direção dele, levantando a cara de onde estava com ela enfiada em um livro.

"Acredite em mim," ele disse secamente, "a gente nem tem tempo para eu listar tudo. Você é todo errado, Malfoy. Agora vai. Olha para a bola de cristal."

"Eu estou olhando," Draco comentou, diminuindo a voz ainda mais e fazendo muitos gestos em direção aquela bola estúpida. "Eu estou olhando para ela faz mais de vinte minutos, para ser mais específico. Nada aconteceu e nada vai acontecer, porque Adivinhação é um tipo de magia que apenas 1% de bruxos nascem com talento para usar, e é ridículo que a escola nos obrigue a vir para essas aulas quando está mais do que claro que ninguém aqui nasceu com esse talento e que nenhum de nós vai conseguir prever algo de verdade."

"É uma aula extracurricular," Theo comentou, revirando os olhos, parecendo estar com muita vontade de voltar a ler e nem um pouco interessado em ter aquela conversa. "Foi você que se inscreveu, eles não estão te obrigando a nada." Ele apontou com a cabeça em direção a porta. "A Granger literalmente saiu um dia e eu não vejo ela aqui faz mais de seis meses."

Ela tinha, o que era a exata razão para Draco não poder fazer o mesmo – apesar de todo o tempo que já tinha se passado desde o acontecimento, todo mundo ainda falava daquela cena que ela fez como tendo sido algo super legal e impressionante, e então, se ele fizesse algo parecido, todo mundo iria o acusar de ser uma cópia dela. Draco preferiria morrer a ser visto como isso.

Ele só não tinha tanta certeza se preferia ter que continuar indo naquela aula ou só morrer e se ver livre de todo aquele tédio. No atual momento, a segunda opção parecia melhor.

Potter não estava falando com ele mais. Potter nem estava olhando para cara de Draco mais, desde aquele dia no corredor, e a única parte boa da aula de Adivinhação sempre foi só discutir com Potter ou, no mínimo, pegar Potter o lançando olhares raivosos e confusos e poder sorrir de uma maneira que o deixava ainda mais louco. Agora Draco nem tinha isso. Ele tinha que prestar atenção em Trelawney. Ele tinha que ouvir Theo tagarelando no ouvido dele sobre a matéria, porque Theo se importava em aprender ou algo idiota do tipo. Tipo, era só Adivinhação. Não era nada do qual eles poderiam se aproveitar depois, nada que eles poderiam usar para tirar proveito ou ganhar poder. Draco não entendia porque o avô dele teria feito aquela matéria quando estava na escola. Ele estava começando a achar que Tom tinha mentido para ele.

O que não era tão impossível assim, considerando que ele tinha mentido sobre todo o resto. Considerando, também, que aparentemente Tom e os pais de Draco nunca tinham feito nada a não ser mentir para ele.

O gosto amargo no fundo da garganta de Draco era algo com o qual ele já tinha se acostumado. A raiva e o ressentimento borbulhando no fundo do estômago dele eram constantes essas últimas semanas e ele já tinha aprendido como viver com eles, como os deixar lá e não os fazer explodir ainda mais. Draco rangeu os dentes, como ele vinha fazendo muito, e deu uma cutucada um pouco forte demais na bola de cristal.

"Isso não faz nada," reclamou de novo, petulante e irritante, infantil de uma maneira deliberada. "Qual é o ponto desse exercício, Nott?"

"O ponto é que todo mundo está vendo alguma coisa." Theo lançou uma careta em direção ao livro de Adivinhações, fazendo uma anotação rápida e agressiva no canto da página. Quando ele acabou, ele apontou a pena dele para a cara de Draco. "Você também deveria ver, Malfoy."

"Eu tenho quase certeza que todo mundo só está fingindo," disse Draco, lançando um olhar ao redor da sala. Realmente, todos os alunos estavam com umas caras ou cheias de sono ou cheias de confusão, e ninguém parecia exatamente iluminado ou como se tivesse visto o futuro e encontrado todas as respostas para os problemas do mundo. Draco se virou para Theo. "O que eu também faria, aliás. Se você deixasse."

but we are brave,   DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora