trinta e sete

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Nas cartas que eles trocaram durante os fins das férias, Suki tinha reclamado do Mundo Bruxo e das ideologias puro-sangues de uma maneira que fez a pele de Draco pinicar e a barriga dele se revirar. Esse não era a único assunto deles, porém. De vez em quando, Suki falava sobre as coisas da vida Trouxa dela da qual ela sentia saudade. Da escola para qual ela ia antes de Hogwarts.

Ela falava muito sobre matérias que Draco não compreendia e, uma única vez, ele cometeu o erro de a perguntar sobre algo chamado "química".

O resultado foi uma carta muito longa e muito confusa que o deixou com muita dor de cabeça. Ele mal entendeu uma única frase de todas as centenas que leu, para ser sincero, mas ele fingiu que entendeu tudo nas esperanças de nunca mais ter que pensar naquilo. Suki continuou escrevendo sobre átomos e moléculas e elementos e todas aquelas outras palavras que não significavam nada para Draco. Ele continuou completamente chocado com tudo que os Trouxas aparentemente sabiam e bruxos nunca tinham se importado em pesquisar.

Havia algo chamado magnésio, Suki disse, que quando se encontrava com o ar que eles respiram, queimava; forte e quente e rápido, uma chama branca brilhante o suficiente para cegar. Bem, foi isso que Draco entendeu sobre a explicação dela, pelo menos. Foi isso que ficou na cabeça dele e que, na mente de Draco, virou a verdade absoluta.

Potter e Draco causavam uma reação bem parecida sempre que se encontravam, era o que ele não podia deixar de pensar enquanto tomava uma ducha.

As cinzas da poção dele desceram pelo ralo, a água acinzentada e feia, cintilando por causa da magia falha, morna enquanto passava pelos pés de Draco. Tão morna quanto o toque de Potter aquele dia no trem e tão passageiro quanto, ali por um segundo e então arrancado dele antes de Draco querer que fosse arrancado. A garganta dele se apertou, quando ele engoliu.

Ele pensou em explosões. Naquele magnésio que Suki tinha descrito e que Draco nunca tinha visto, queimando tudo que tocasse a atmosfera. Em Potter o tocando e Potter o olhando nos olhos e Potter achando que ele estava possuído.

Draco deveria estar insultado, ele achava. Talvez. Ao invés, ele estava um pouco mais preocupado com o fato de que Potter tentou checar com ele. Draco entendia suspeita. Potter dizendo "olha para mim" era bem menos compreensível.

Potter dizendo "olha para mim" era o tipo de coisa que nunca iria deixar a cabeça de Draco, assim como Tom dizendo "o seu avô teria vergonha de você" ou Greg dizendo "eu fico preocupado com você, cara". Era o tipo de frase que o marcava mesmo que por razões completamente diferentes. Mesmo que ele não soubesse nem porque o que Potter disse parecia o marcar tão profundamente.

Draco passou a água pelo rosto dele, fechando os olhos, e viu fogo do lado de dentro de suas pálpebras. Ouviu a voz de Potter, o fazendo sentir como se estivesse em chamas, e sentiu o olhar dele tão intenso quanto tinha estado naquele momento. Mesmo sozinho, mesmo mais de meia hora depois, ainda ecoava.

Draco estava distraído quando chegou na Ala Hospitalar. Pomfrey desceu os pequenos óculos de leitura dela até a ponta do nariz, o observando por cima deles e dando uma batidinha na armação enquanto pensava. Draco estremeceu e franziu o cenho e a encarou bem nos olhos, juntando tudo que ainda havia de Malfoy dentro dele em uma única careta.

"Huh," soltou Pomfrey, tirando os óculos e os colocando de lado. Não parecia muito impressionada ou intimidada. "Eu ouvi que você teve um acidente de Poções. Vem mais para perto, Draco. Eu quero te checar."

"Eu estou bem!" exclamou Draco, mas ele se aproximou de qualquer maneira. Ela pegou o queixo dele com uma mão, tentando mexer no cabelo dele com a outra, mas Draco começou a se mexer e tentar empurrar as mãos dela para longe. No fim, nenhum dos dois teve muito sucesso em suas tentativas. "Ei! Que isso, mulher?"

but we are brave,   DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora