nove

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AVISO: a saúde mental do Draco tá uma merda nesse capítulo, meus amigos. uma merda. eu tentei deixar as descrições meio bagunçadas e erráticas para mostrar que, hum, ele tá meio que enlouquecendo. eu tô com medo de não ter conseguido, mas o que vale é ter tentado. lembrem que o Draco tá possuído, então enquanto ele ainda é uma pessoa bem bosta, os pensamentos que ele está tendo no momento não são exatamente culpa dele



É assim que você mantém algum semblante de controle enquanto a sua sanidade escapa como água pelos espaços entre os seus dedos, que são muito longos e muito delicados e infantis demais para segurarem qualquer coisa que importa –

Havia uma voz na cabeça de Draco.

Era a voz do melhor amigo dele, doce e grudenta e muito densa, como mel que descia pela garganta de Draco e ficava preso nos dentes dele, nos cantos das bochechas dele, no topo de sua boca. Começava a o engasgar, sua gravata se apertando ao redor do pescoço dele como uma corda e uma ameaça, e ele tossia.

Ele, também, porém, continuava comendo mais daquele mel metafórico de Tom, enfiando pela sua goela porque o gosto era bom demais, viciante como o vinho que a mãe de Gregory nunca conseguia parar de beber, porque ela não conseguia esconder o fato de que odiava a vida e a família dela, e como os casamentos que a mãe de Blaise não conseguia parar de ter, porque ela não conseguia admitir para sociedade em que eles viviam que nunca conseguiria ser feliz com um homem. Era como uma droga. Era auto-destrutivo. Apertava ele. O sufocava e o impedia de respirar a não ser quando Tom sussurrava respire, fazendo os pulmões dele funcionarem de novo, momentaneamente. De certa maneira, estava o matando.

Draco continuava implorando por mais, mesmo quando a barriga dele já estava cheia. Quando ela já estava transbordando e o corpo dele não aguentava mais, quando parecia haver mais Tom dentro de Draco do que ele próprio.

Haviam sussurros saindo das paredes também.

Eram muito baixos. Sibilantes. Não eram completamente humanos. Quase como uma cobra. Quase como um monstro. Quando Draco tocava as pedras, elas estavam frias demais, tremendo, e ele podia jurar que conseguia ouvir o batimento de algo que estava vivendo lá dentro, se rastejando fora do alcance de todos eles, mas onde ele podia alcançar todos. Quando Draco fechava os olhos, ele imaginava cada vez um monstro diferente, se aproximando dele lentamente.

Na sua imaginação, ele nunca fugia, por alguma razão, e os monstros sempre tinham garras. Eles sempre colocavam uma mão no seu pescoço, unhas longas e afiadas pendendo bem em cima da sua jugular, tirando um pouco de sangue como uma ameaça, deixando claro que qualquer erro e ele seria acabado.

Sempre que ele ia dormir, ele sonhava com uma criança sendo abusada e ele acordava sem se sentir nem um pouco mais descansado. Os ombros dele pesavam. Atlas, ele pensava, e ele não sabia de onde esse nome vinha. Era algo Trouxa, ele achava. Uma lenda deles. As costas de Draco se curvavam, algo invisível o esmagando, e o nome ecoava na sua cabeça de novo. Atlas.

Os pensamentos dele não eram dele.

Nem os dias dele eram realmente dele, porque Draco não se lembrava do que ele tinha acabado de fazer na maior parte do tempo. Ele não controlava nenhuma de suas ações, não podia escolher o que ele próprio iria fazer. Era como se ele estivesse dentro d'água, observando com os ouvidos e os olhos cheios enquanto um reflexo trêmulo de si mesmo fazia decisões e se comunicava com o mundo de fora.

O rosto de todo mundo parecia meio retorcido. Como se ele tivesse que desenhar os amigo dele através de fotos e memórias, mas não pudesse usar magia. Os dentes de Flint eram afiados demais e as unhas de Pansy pareciam se fincar nele e os olhos de Vincent eram muito grandes, muito intensos. Ele via o Elfo dele correndo por aí de vez em quando. Ele via coisas que não estavam realmente acontecendo e ele via coisas que estavam e, eventualmente, ele parou de saber o que pertencia a qual grupo. O que era real e o que era Tom. O que eram as alucinações.

but we are brave,   DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora