Capítulo 16 - Instinto Protetor

3.1K 251 489
                                    


Severo Snape narrando

Quando Minerva me pediu para acompanhar Tulipa Potter até o Beco Diagonal para comprar o material escolar eu achei isso um completo absurdo, segundo Dumbledore a garota estava sendo bem cuidada pela família adotiva que muito provavelmente a estava mimando e estragando ao fazer todas as suas vontades.

A garota provavelmente só queria mais atenção, provavelmente queria que algum membro de Hogwarts fizesse as suas vontades e a acompanhasse por qualquer motivo fútil que tivesse invadido a sua mente. Eu planejava frustrar quaisquer planos de uma visita divertida para o Beco Diagonal que ela tivesse, seria uma visita rápida, sem paradas desnecessárias e ela estaria de volta com a própria família antes mesmo da hora do almoço.

Eu fora até a rua dos Alfineiros espero encontrar uma versão feminina de James Potter, um garota que adora a própria fama, metida, mimada, egocêntrica e que acredita que o mundo gira ao redor do próprio umbigo – ou no caso dela – da própria cicatriz. O que eu encontrara fora muito diferente disso.

Tulipa Potter estava obviamente subnutrida, ela usava roupas velhas e muito grandes que provavelmente foram herdadas de outra pessoa, era assustada e curiosa e quanto mais eu ficava na presença dos Dursley, mais eu percebia os sinais de alerta de que ela morava em uma casa abusiva, ela não fora tão bem criada quanto Alvo Dumbledore dera a entender. Eu sempre soube que Petúnica era uma garota amarga e invejosa da própria irmã, mas eu jamais imaginei que ela descontasse todo o seu rancor na sobrinha. Onde Dumbledore estava com a cabeça ao deixa-la aos cuidados dos trouxas.

Eu realmente tentei não me apegar a ela, mais de uma vez tentei focar no fato de que ela era filha de James Potter, uma das pessoas que eu mais odiava no mundo. Eu passara anos em um lar abusivo sendo maltratado pelo meu pai trouxa que odiava toda forma de magia, passei anos sonhando em ir para Hogwarts onde eu finalmente escaparia do meu inferno pessoal e viveria momentos incríveis. Isso não aconteceu, James Potter e o seu grupo estupido de amigos os auto intitulados Marotos, se encarregaram de fazer a minha vida escolar um inferno.

Fora Lilian Evans ninguém se importava com isso, como eles eram Grifinórios as pessoas falavam que eram brincadeiras engraçadas, mas não era nada assim. Eles me azaravam nos corredores, colocavam fogo na minha lição de casa, usavam os feitiços mais humilhantes possíveis contra mim, me perseguiam implacavelmente e eu nunca teria paz. Não importava se eu quisesse apenas evita-los, eles sempre tinha uma forma de me encontrar e me humilhar, fora todos os estúpidos apelidos humilhantes que eles usavam comigo.

Mas a garota não era nada como o pai, ela tinha muito de Lilian nela, ela era muito gentil, doce, via o melhor nas pessoas, odiava valentões e não deixava que os outros determinassem de quem ela podia ou não ser amiga. Só que quanto mais eu a observava, mais eu começava a me ver nela – o que era particularmente perturbador – nós dois viemos de péssimas casas e eramos Sonserinos, mas era mais do que isso. Eram as atitudes dela, a forma como ela se adaptara muito bem a casa das cobras, a forma como ela era amiga de Grifinórios sem se importar com o que os outros pensassem, toda a genialidade dela.

Por mais de um ano eu tentei me enganar, fingir que eu não me importava pessoalmente com ela, que me interessava mais nela do que nos outros alunos por ela ser filha de Lilly, mas este ano parece ter como objetivo me provar o quão tolo eu estava sendo quanto a este assunto. Desde que eu abandonei os Comensais da Morte e mudei para o lado de Dumbledore eu nunca quis matar ninguém além de Voldemort, até eu ir visitar os Malfoy e descobrir o que fizeram com ela. Uma enorme culpa me atingiu por não ter feito mais por ela, por ter falhado com ela como falharam comigo tantas vezes.

Como se tudo isso não fosse o bastante, houve o incidente do Halloween. Esta data nunca era fácil para mim, um terrivelmente sentimento de dor e luto sempre me assolava ao lembrar que fora neste dia que Lillian Evans Potter deixará o mundo dos vivos, que eu nunca mais poderia ver o seu sorriso, que nunca mais iriamos discutir poções juntos ou eu teria a chance de fazer as pazes com ela. Mas o pior é que Tulipa está ouvindo vozes, vozes que ningém mais ouve.

Tulipa Potter e a Câmara SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora