Prólogo

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Harry Pov

Eu sou a pessoa mais azarada do mundo.

Literalmente.

Se houvesse um concurso de azar, eu com toda certeza perderia por ser tão azarado.

Mas esse era um fato que, como muitos outros, eu já tinha aceitado ao longo da minha vida, o que eu não poderia aceitar no entanto, era estar fodidamente atrasado logo no primeiro dia de aula.

Em uma escola completamente nova.

Tudo por que perdi tempo demais distraído com o reflexo da luz nas copas das árvores enquanto caminhava para escola, pensando que deveria me deitar na grama e tentar desenhar o jeito que as folhas caiam lentamente.

Então assim que despertei do meu torpor eu corri até a cafeteria mais próxima, por que sabia que só aguentaria aquele dia com muita cafeína quente e estimulante no meu sangue.

De modo que, quando cheguei a escola, os corredores estavam quase vazios e os alunos em suas salas, e para piorar, eu tinha esquecido o número da minha, o que era absolutamente perfeito.

Andei apressado em busca de algo nas portas que me soasse famíliar, eu já conhecia a escola, tinha ido com meus pais na semana passada realizar a matrícula e foi quando me deram o maldito número.

Aquela sensação de ansiedade e pavor me consumia, e eu sabia exatamente como seria entrar na sala e sentir todos os olhares curiosos sobre mim, minhas mãos estavam geladas apesar do calor fumegante que emanava do copo de café.

Tínhamos nos mudado havia apenas um mês, logo no início do semestre, minha mãe havia conseguido uma ótima oportunidade de emprego naquela cidade, sem contar que a mudança nos permitiria ficar mais próximos de Remus e Sirius, meus padrinhos.

Era muito desconfortável estar ali, por que eu não era exatamente uma pessoa que saía da minha zona de conforto, estava acostumado a minha antiga cidade, minha antiga escola, e minha antiga casa.

Definitivamente não gostava de mudanças.

Boas ou ruins.

E eu não era do tipo que fazia amigos, por que para as pessoas gostarem de mim elas teriam que se esforçar pra me conhecer, já que eu não fazia absolutamente nenhum esforço para me aproximar de ninguém, e só conseguia realmente ser eu mesmo depois que atingia certa intimidade.

Então era complicado.

Mas também era algo novo e eu achava que devia pelo menos tentar.

Não só por mim, mas principalmente por minha família, eu sabia que eles realmente estavam tentando, se esforçando ao máximo para que pudéssemos ter uma vida melhor, então eu é que não ia reclamar.

Suspirei aliviado ao finalmente reconhecer o número na porta da sala ao fim do corredor, meio entreaberta, e imediatamente avancei para entrar.

Mas por que era eu, e por que eu era muito azarado, e por que era meu primeiro dia, e por que o universo tramava contra mim, um poste decidiu sair da sala no mesmo minuto em que eu entrava.

E tudo soou em câmera lenta, para que eu pudesse ver a coisa toda acontecendo de modo muito nítido.

O copo de café deslizando entre meus dedos, a camisa branca do garoto a minha frente, o líquido fumegante se espalhando por ela, o grito furioso que ele soltou com a dor e a minha expressão de completo pânico ao perceber o que tinha acontecido.

— Mas que porra é essa seu imbecil?! — ele exclamou, enquanto eu assistia horrorizado sua cara de dor ao ser queimado; seus olhos azuis acizentados refletiam puro ódio sobre mim.

Blue Stars - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora