Adhara

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Harry Pov

Eu sempre tive problemas de autoestima.

Isso começou quando eu era pequeno e tinha que ficar isolado das outras crianças, porque eu não era como elas.

Então na minha mente, eu achava que ficava sozinho por que elas eram melhores do que eu, e jamais iriam querer brincar com alguém estranho e desajeitado.

Por causa disso, eu me escondia.

Fazia de tudo para ser invisível, vestia as roupas mais sem graça possíveis, usava os maiores óculos e absolutamente nunca tentava chamar atenção.

Passar despercebido era a missão da minha vida.

Mas isso mudou quando eu comecei a perceber que... eu queria atenção.

Aconteceu em algum momento entre o primeiro e o segundo ano.

Todo mundo quer se sentir bonito e desejado de alguma forma, e eu também comecei a querer isso.

Os caras que eu gostava nunca olhavam para mim, e eu nunca sentia que era digno do olhar deles.

Mesmo depois que eu me descobri gay eu continuei me escondendo, porque eu não me achava nenhum pouco atraente ou algo do tipo.

Mas eu queria me sentir daquele jeito, só não sabia como.

Foi aí que a arte me salvou. De novo.

Arte e terapia.

Duas coisas essenciais para minha sobrevivência.

Minha terapeuta disse que talvez eu devesse focar em me expressar de outras formas, e expressar minha arte de um jeito que eu me sentisse bem, porque quando eu me sentisse bem, finalmente me sentiria bonito.

Não era sobre outras pessoas me acharem bonito.

Era sobre eu mesmo me sentir assim.

Então eu descobri um mundo completamente novo.

O mundo das roupas.

Eu não fazia idéia de que juntar arte e roupas seria uma combinação tão maravilhosa, mas descobri que adorava aquilo.

Expressar minha arte no que eu vestia.

Fazia muito sentido, roupas passam mensagens mesmo sem você precisar dizer nada, assim como as telas, elas falam por você. E você pode ser alguém diferente a cada nova peça que veste.

Eu colocava um pouco de mim e um pouco de arte em cada roupa que usava, e me transformava em outra pessoa, uma nova pessoa. Uma pessoa bonita.

Foi naquele mesmo período que abandonei os óculos e os troquei por lentes, porque eles também eram uma forma de me esconder, e eu não me esconderia mais, parei de tentar brigar todos os dias em frente ao espelho com meu cabelo irritante e incontrolável e apenas deixei ele em paz, porque as vezes eu sinceramente achava que ele tinha vida e humor próprio. 

Abandonei as roupas sem graça e horríveis que eu usava para me apagar e finalmente assumi minha sexualidade para o mundo e principalmente, para mim mesmo.

Eu era um novo Harry.

Eu era eu mesmo.

E aquilo era assustador, mas também era extremamente libertador.

Não foi ter um estilo novo que me mudou, mas sim o fato de que eu finalmente aceitei quem eu era, passei a ter orgulho de mim mesmo e compreendi que eu tinha meu próprio tempo, e tudo foi um processo lento e doloroso, mas também muito belo.

E aquela mudança estaria marcada em mim para sempre.

Só que... Tem algo sobre autoestima que a maioria das pessoas não entende.

Blue Stars - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora