Atria

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Esse capítulo vai ser infinitamente melhor se vocês lerem com 'Blue' Troye Sivan, do início ao fim. Acreditem em mim.
Boa leitura<3
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Harry Pov

A manhã estava fria e a luz que entrava através da pequena janela do quarto no dormitório era suave, iluminando o papel onde eu desenhava minúsculas folhas de bordô caindo das copas das árvores.

O marrom alaranjado das folhas era cativante e delicado, translúcido como aquarela ao…

 …Harry!

— Hmm? O quê? — Murmurei, distraído ao acrescentar os detalhes nas folhas.

— Você não está atrasado? — A voz de Hermione, através da tela do celular, era distante.

— Não… — respondi, concentrado, passando outra camada de tinta sobre o papel.

— Você disse que tinha aula em dez minutos e já está sentado aí a quase vinte — ela falou e isso me fez piscar em alerta.

Olhei para o relógio no celular, vendo que eu realmente já estava atrasado.

— Ai que merda! — Resmunguei. — Eu me distraí.

— É, eu percebi — ela riu. — Amanhã a gente se fala, Hazz, boa sorte no seu primeiro dia. Te amo.

— Obrigado, te amo — falei e ela desligou.

Juntei todos os meus desenhos de forma apressada dentro da pasta e peguei minha mochila, jogada embaixo da mesa ao lado das minhas galochas amarelas recém pintadas, as calcei e desci correndo as escadas do dormitório.

O barulho do trânsito logo me cercou ao sair, e eu atravessei a rua o mais rápido possível em direção a cafeteria da frente, querendo chorar ao ver o tamanho da fila no caixa. Mesmo assim pedi um café e um bolinho e quase desisti depois de esperar tanto, mas valeu a pena sentir o gosto de café quente e puro na minha língua.

Eu deveria estar uns quinze minutos atrasado. Subi as escadas da Academia correndo e tentando equilibrar o café e o bolinho em uma mão só, enquanto a outra segurava a pasta e eu me esforçava para não tropeçar.

Talvez tenha sido por isso que eu não vi que alguém estava saindo na mesma hora que eu estava entrando no edifício.

Eu não pude prever o encontro desastroso que pareceu acontecer em câmera lenta. A sensação de déjà vu me agarrou muito antes de eu sequer entender a situação toda e ver o copo de café deslizando entre os meus dedos, fazendo o líquido marrom encontrar o branco da blusa da pessoa a minha frente.

A próxima coisa que ouvi foi um grito de dor.

Levantei a cabeça assustado e naquele segundo, foi como se o meu coração, parado a muito tempo, estivesse recomeçando seu trabalho doloroso de bater. Porque todo o azul do mundo me olhou de volta. Surpreso, dolorido, e extremamente familiar.

— Draco?! — Minha voz saiu engasgada, minha pulsação a mil. — Ai meu deus, desculpa!

— Oi… — Ele falou, franzindo o rosto de forma dolorosa e afastando a blusa da pele queimada pelo líquido quente. — Será que a gente pode parar de se encontrar assim? Isso dói.

Blue Stars - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora