Draco

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Só tenho um pedido a fazer antes de começarem: quando estiverem no meio do capítulo, coloquem 'City of Stars' pra tocar. Entenderam? Ótimo. Boa leitura gente<3
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Harry Pov

Azul é uma cor universal. E eu sempre gostei de pensar nela como uma cor viva e cheia de contradições.

Está do lado frio do espectro. Mas a parte mais quente do fogo, é azul. O mar é profundamente azul, mas se olharmos para o mais alto do céu, também é azul.

Azul é uma cor infinita. Não tem início, meio ou fim. Tudo se perde, da tristeza à alegria, e tudo se encontra em azul.

Por isso sempre foi minha cor favorita. E eu sempre me senti atraído por ela. Adorava ver o contraste da tinta escorrendo por meus dedos, ou observar a forma como a cor manchava o branco das telas.

Achava fascinante, mesmo sem saber explicar o porquê. Até que um dia, eu entendi o motivo de gostar tanto.

Foi no mesmo dia em que eu descobri que nunca me encaixaria em lugar algum.

Desse dia, eu lembro apenas algumas coisas. Meus pais sentados no sofá de um consultório ao meu lado, eu balançando as pernas porque queria sair dali e ir brincar, e um buquê de lírios azuis em um vaso, na mesa à nossa frente.

Da conversa deles, não lembro absolutamente nada. Mas lembro de saber que dali pra frente seria mais difícil do que já estava sendo para mim. Lembro de tentar deixar os olhos bem abertos para não chorar, e fitar o azul dos lírios em cima da mesa.

Naquele dia azul se tornou minha cor favorita, porque percebi que ela era bonita mesmo nos momentos tristes. Era uma cor calma, plácida, que não exigia ação, alegria ou normalidade. Dentro do azul, parecia haver espaço para coisas incomuns, exóticas, desajustadas e para mim.

Enquanto o mundo ao meu redor parecia correr rápido demais para que eu acompanhasse, dentro do azul, eu conseguia perceber um ritmo neutro que não gritava para que eu acompanhasse o mundo, mas seguisse meu próprio tempo.

Então é claro que eu ainda estava arrasado por perder minha cor favorita. E isso me incomodava tanto, não só por eu não conseguir usá-la, como também porque sem o azul, eu me sentia desajustado. Perdido. Como se precisasse encontrar algo, e ser encontrado.

Mas eu nem entendia porque estava divagando sobre tudo aquilo, talvez fosse culpa da minha aparente inabilidade de ter uma ideia decente para começar a fazer meu portfólio.

Sacudi a cabeça, parando de olhar para o céu, com aquele tom de azul errado e estranho de final de tarde, e abri um sorriso quando Draco estacionou a moto.

Era bom poder passar um tempo com ele, sem ser na escola, e durante aqueles três dias após o final das aulas, tínhamos saído para passar as tardes juntos. Só eu e meu namorado. Namorado. Isso era bom demais.

— Então, você tá pronto? — perguntei, ficando de frente para ele após ter saído da moto.

— Hã… pra ser sincero eu não sei — Draco riu, pondo a mão na nuca, como fazia quando estava nervoso.

— Ei — me aproximei dele, me esticando para deixar um pequeno beijo em seus lábios. — Vai dar tudo certo, eles vão adorar você — assegurei.

Blue Stars - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora