Harry Pov
Abri os olhos lentamente aquela manhã, tentando ajusta-los a claridade que irrompia da clarabóia.
Ainda zonzo com o sono, me arrastei até o banheiro e deixei a água despertar meu corpo adormecido enquanto murmurava baixinho a letra de uma música qualquer, ao sair, parei em frente a minha arara, pensando em que cor usar hoje.
Passei os dedos distraidamente pelos tecidos, sentindo as texturas, até que parei em uma peça: meu grande suéter amarelo de gola alta.
Perfeito. Amarelo é a cor certa.
Eu havia pintado algumas pétalas de flores brancas em suas mangas longas e por isso ele combinava perfeitamente com meus All's Stars amarelos, que eu havia enchido de pequenas margaridas, peguei então minha calça preta toda respingada de tinta amarela, quase no mesmo tom do suéter.
Eu gostava do jeito que a calça ia quase até o meio da minha cintura e marcava por cima do suéter dando um contraste perfeito entre as cores, peguei um cinto de couro preto e o transpassei, apertando bem para firmar o conjunto e por fim calcei os sapatos.
Ao me olhar no espelho, tive que segurar uma risada. Amarelo e preto.
Foi impulsivo da minha parte pegar meu celular e enviar uma mensagem:
Se você fosse um inseto, qual seria?
"Uma aranha"
Por que?
"Pra atormentar o Ron, ele morre de medo"
Eu deveria ter imaginado algo assim
"E você?"
Acho que você vai saber quando chegar na escola
"???"
Até lá
Péssimo dia pra você
"Péssimo dia pra você também"
Quando termino de organizar algumas coisas na mochila, finalmente me permito parar em frente a grande tela quase finalizada a minha frente, e observo a caveira e a figura desolada montada em cima.
Falta pouco para estar pronta e isso me anima, apesar de me sentir um pouco inseguro sobre a validez do que eu pintei.
Recolho as réplicas com cuidado e por algum motivo, olhar aquelas obras faz meus olhos vaguearem para minha escrivaninha, para o copo da Starbucks com o nome Basquiat escrito, que eu agora usava para colocar alguns pincéis finos.
O copo que Malfoy tinha me dado.
Eu ainda não havia me acostumado direito ao fato de que agora ele falava comigo.
Não para implicar ou qualquer outra coisa, ele apenas falava.
Claro que o gesto impulsivo dele de me trazer café na segunda, depois de uma mensagem boba me deu no que pensar.
Eu tinha que pisar em ovos pois não queria que ele tivesse ideias erradas sobre o que era na verdade nossa tentativa de amizade, porque era só isso: uma tentativa de amizade.
Ainda me sentia muito arisco a qualquer coisa sobre aquele garoto e percebia que ele queria se aproximar, mas eu realmente não dava abertura.
Porque ainda era Malfoy.

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Blue Stars - Drarry
Roman d'amourÀs vezes, quando você não quer acreditar em algo, sua mente ajuda você a se enganar. É um mecanismo de defesa. Mas chega uma hora em que isso deixa de funcionar e você é obrigado a olhar e encarar a verdade, seja ela qual for. E eu não conseguia ent...