Lupus

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Leiam com 'Exile' da Taylor Swift.

Boa leitura vidas!
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Harry Pov

As cores sempre foram algo inerente a minha existência. Eu sempre soube me expressar através delas.

Então acho que a forma mais fácil de explicar como eu me sinto, é usando uma cor.

Tudo dentro de mim estava cinza.

Como um campo de batalha após uma guerra devastadora, ou o céu de uma cidade chuvosa e poluída.

O cinza da culpa corroeu todo meu ser a ponto de eu me sentir sufocado.

Aqueles dias foram torturantes. Toda vez que eu abria os olhos, eu via Draco na minha frente, e via em seu rosto o modo como estava partindo seu coração. Lutava com todas as minhas forças para não ir correndo até onde ele estava. Lia e relia a carta que ele tinha me dado até não ter mais forças para chorar.

Ficar longe dele doía de uma forma física.

E eu sei que nem meus pais ou meus amigos entendem o que eu fiz. Também não espero que entendam. Mas eu me lembro da primeira vez que me senti desse jeito depois de ter uma crise.

Eu não lembro quantos anos tinha, mas lembro de estar desenhando na mesa da sala quando aconteceu. E no instante seguinte, eu estava no colo da minha mãe.

Meus pais me explicaram o que tinha acontecido, e de início eu não fiquei com medo. Acho que nem entendia muito bem. Mas quando eu subi as escadas para ir para o quarto, consegui escutar a minha mãe chorando lá embaixo.

Era um choro soluçado e sentido, e ela perguntava ao meu pai o que fazer e dizia que estava preocupada, que eu era vulnerável demais e que era perigoso me deixar sozinho. Naquele dia, o meu pai prometeu que eles sempre cuidariam de mim. Foi quando eu fiquei apavorado.

Porque eu não gostei da sensação de ter feito a minha mãe chorar daquele jeito. E gostei menos ainda de saber que as lágrimas dela eram minha culpa. E não gostei da sensação que era sentir que eu estava deixando ela triste. Não gostei da sensação de saber que tinha algo de errado comigo.

A sensação de ser errado, de ser o contrário do que eu deveria ser, só foi se agravando conforme eu ficava mais velho e percebia que tinha dificuldades que outras pessoas não tinham. Que as coisas funcionavam de um jeito diferente para mim.

Eu sempre tentei passar despercebido por todos ao meu redor, então, na minha antiga escola eu me escondia ao máximo. No fundamental, eu nunca tive um melhor amigo, ou um grupo ao qual pertencer. E estava bem com isso.

Eu não ligava se as pessoas me chamavam de bizarro por não falar com ninguém, ou de estranho por causa do meu comportamento fechado. Porque eu mesmo me via dessa forma, e nada pode te machucar, quando você mesmo já se machuca.

Tudo piorou ainda mais quando eu tive uma crise no meio do refeitório. Meus pais ficaram desesperados. Eu fiquei desesperado. E acabei me afastando muito mais do mundo, e fazendo muito mais para me tornar invisível. Fiquei tão envergonhado que nem queria mais ir para a escola, demorou muito tempo para eu conseguir ir sem ter uma crise de pânico.

Blue Stars - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora