Hamal

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Draco Pov

Palavras.

Havia um motivo para eu ter gostado tanto quando Harry me chamou de viciado em palavras: é isso que realmente sou.

As vezes, quando as coisas se tornam demais, eu me refugio nelas.

Quando tinha onze anos, li um livro horrendo. Era um tanto cruel. E eu não entendi.

Não entendi e reli diversas vezes.

As palavras giravam na minha cabeça, sentenças que se moldavam e transformavam sem sentido algum.

Por mais que eu não entendesse, o livro me fascinou.

E eu não desisti dele.

Porque ele se tornou um mistério que eu precisava resolver.

Então eu me cerquei de palavras. Despejei tudo que estava em minha mente e escrevi. 

Escrevi até meus dedos cansarem.

Sobre tudo que tinha gostado, e o que tinha odiado. E sobre tudo que não havia entendido. 

O que achava que poderia ter mudado, ou acrescentado na história para fazer mais sentido. 

Absolutamente tudo que eu pensava e meus pontos de vista eu vomitei pela ponta da caneta.

Ao todo foram sete páginas.

Páginas e páginas repletas de críticas e observações sobre cada vírgula ou parágrafo errado.

Então quando coloquei minhas confusões no papel e olhei para o mistério de fora, eu o entendi.

Entendi o que o livro queria me dizer.

Eu demorei para entender, mas quando entendi, aquele livro se tornou um dos meus favoritos.

Não pela história, mas pelo desafio e tempo que eu levei para entende-lo, pelo prazer que causou ao meu eu de onze anos em desvendar aquelas palavras.

O mistério estava resolvido, e eu fui atrás de outro.

Aquilo havia se tornado um hábito, eu lia um livro e em seguida, escrevia sobre ele. 

Sobre tudo, meus pontos de vista, observações singelas e duras, críticas e dissoluções, e me fascinava.

E naquele sábado, ao olhar a edição surrada em minha estante, eu me senti voltar a ter onze anos.

Porque eu novamente estava fascinado por um mistério, e não iria desistir dele.

Estava envolto demais em descobrir exatamente que tipo de mistério era Harry Potter.

Então me cerquei de palavras novamente. 

E escrevi sobre ele.

Desde pequeno eu aprendi a ler pessoas, assim como lia livros, era uma maneira de sempre se estar preparado. Meu pai me ensinou a fazer isso como ninguém.

Porque quando você lê uma pessoa, você descobre o que ela quer, sabe o que esperar dela, sabe o que oferecer ou como conseguir o que quer.

Porém há uma grande diferença entre pessoas e livros. 

Com pessoas eu era apenas um observador, havia uma linha invisível que eu não atravessava, de modo a ficar sempre do lado de fora, evitando contato ou qualquer envolvimento, eu era apenas um telespectador da história.

Mantinha uma distância segura.

Com livros as coisas mudavam. Pois eu me envolvia sem medo. Me deixava levar.

Blue Stars - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora