Capítulo 12

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O sol já havia sumido da linha do horizonte, dando agora o lugar para a noite e as estrelas. Às 18h50, o aparador de lâmpadas do convés, Samuel Hemming, acende todas as lâmpadas do convés. Às 19h00, o corneteiro Percy anuncia a janta. Enquanto isso, a temperatura continua caindo e agora encontra-se em 6° C. Às três últimas caldeiras do navio, que estavam sendo aquecidas, agora estão sendo conectadas ao motor e rapidamente o navio alcança vinte dois nós e meio. Às 19h15, o primeiro oficial Murdoch pede a Hemming que feche as escotilhas e desligue algumas lâmpadas de lugares na proa, para não atrapalhar a sua visão e a dos vigias do cesto da gávea. Às 19h22, o telegrafista Bride, no telégrafo que havia sido consertado no final da tarde, recebe outra mensagem do cargueiro Californian, avisando de que avistou três grandes icebergs ao sul de sua posição e o telegrafista envia a mensagem para a ponte, que quem recebe é o quarto oficial Boxhall e não o segundo oficial Lightoller, mas o quarto oficial assinala a mensagem com a carta náutica e não repassa a mesma para o comandante. Às 19h30min, tempo bom, mar calmo. Já anoiteceu. A temperatura baixa rapidamente: 4°C. A queda indica aproximação de campos de gelo.

Enquanto isso, nas cabines do convés C, a Srta. Chambers encontra-se em sua cabine, arrumando-se para o jantar no restaurante À La Carte, ainda com um semblante triste e pensativo. A sua mente James não para de circular. Sob a ajuda da comissária de bordo, Violet Jessop, - esta que veio da Argentina e que tem uma amizade com a jovem Chambers desde 1905 -, penteia o seu cabelo calmamente, enquanto a jovem a observa a si mesma no espelho em sua frente, onde diversos pensamentos invadem  a sua mente, que relembra apenas no jovem James Taylor Burton, na qual, analisa se o que fez foi certo. Porém, um certo receio invade a mente da moça que sente que precisa pedir conselhos de alguém e a única pessoa que é mais velha do que ela, era a comissária que penteava os seus cabelos.

— Srta. Jessop?

— Sim, Srta. Chambers?

— Posso lhe pedir uns conselhos?

— Bom, não sou muito boa em conselhos. — Respondeu a comissária terminando de pentear o cabelo da jovem. — Mas, posso tentar lhe ajudar!

Dorothy apertou levemente os lábios.

— Bom, sabe quando você quer algo e ao mesmo tempo, não pode ter essa coisa? — Ela questionou a mulher que assentiu. — Tudo por causa de comentários?

Violet sorriu.

— Eu lhe aconselho a fazer apenas uma única coisa... — ela disse enquanto a mais a olhava curiosa. — Ignore todos esses comentários e faça apenas o que o seu coração manda. Afinal, quem tem posse dos seus sentimentos é apenas você e não esses que lhe criticam, está bem?

— Sim. Muito obrigada, Violet!

A comissária sorriu.

— Disponha! — disse ela afastando-se da jovem. — Eu já vou indo, Srta. Chambers. Tenha um bom jantar e uma boa noite!

— Boa noite, Violet!

Em seguida, a mulher deixou o local e segundos depois, Dorothy seguiu para o restaurante, ainda pensativa sobre o que a comissária queria dizer.

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O Desastre do TitanicOnde histórias criam vida. Descubra agora