Capítulo 22

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Passaram-se dois dias desde o naufrágio do Titanic e, ainda no dia 17 de abril, os sobreviventes do naufrágio estavam a caminho de Nova Iorque a bordo do Carpathia. Os 705 sobreviventes, em estado de choque, vez ou outra tinham recaídas e eram acalmados a base de calmantes. Muitos dos sobreviventes tiveram uma noite difícil, pois vez ou outra, acordavam no meio da noite com pesadelos e sensações estranhas. Entre eles, Edward se encontrava na lista e tinha constantes visões de Edmond, que lhe chamava e era visto andando pelos corredores. Dorothy começou a suspeitar de que Edward estivesse louco, assim como outros passageiros que também tinham suas paranoias de um jeito bem estranho. Era terça-feira, o dia em que era previsto por Ismay - e os tripulantes do navio - do Titanic chegar na América pela primeira vez, caso, não estivesse a 3.800 metros de profundidade. Mas, tudo o que restava do Titanic era apenas destroços e sobreviventes. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico Norte, a White Star Line fretou o CS Mackay-Bennett, da Commercial Cable Co., para procurar corpos na zona do naufrágio, porém, a partida deste se atrasará. O dia 17 de abril, para os náufragos, foi o mais triste e sombrio que eles já viram em todas as suas vidas. Por um longo período, o navio cruzou com diversos icebergs, estes que afundaram o imponente Titanic, e passou por pequenas tempestades e por alguns nevoeiros, que causaram ataques de nervosismo em alguns passageiros, que rapidamente recorreram aos enfermeiros a bordo. Depois das 18h da noite, quando o navio começou a se aproximar mais ainda de Nova Iorque, as quantidades de icebergs foram sumindo aos poucos aos olhos dos passageiros, tripulantes e sobreviventes.

Às 21h30min, o Carpathia adentrou em outra neblina, onde foi forçado a diminuir a sua velocidade e acionar o seu apito a cada três a cinco minutos, anunciando que estava cada vez mais próximo. O jantar já havia sido servido para os passageiros a bordo, que se dirigiam para os salões de jantar e lá, desfrutavam dos melhores pratos e das melhores bebidas a bordo, diferente dos náufragos, que tudo que tinham eram pratos simples, como, por exemplo: sopas, canjas e sanduíches. Muitos deles se encontravam no convés principal na proa e lá, desfrutavam do jantar em grupos e, vez ou outra, conversavam entre si, porém, o silêncio era sempre mantido. Depois do jantar, muitos sobreviventes se recolheram e outros, decidiram ficar no convés, o nevoeiro, naquela altura, já havia se dissipado, agora o navio seguia livremente no oceano calmo e debaixo de milhares estrelas que brilhavam incessantemente no alto do céu. Entre esses que estavam no convés principal, atrás do primeiro mastro e na base do segundo mastro - o Carpathia tinha quatro mastros, dois na proa e dois na popa -, encontrava-se a jovem Chambers, que observava o oceano encostada na grade de proteção do navio no lado estibordo. Um profundo silêncio vindo dela encontrava-se ali e tudo que se ouvia, era apenas o vento e as ondas sendo cortadas pela quilha do navio. Havia uma certa tristeza que invadia o seu peito e assolava o seu coração, pois se lembrava constantemente de que James havia ido embora para sempre e que agora estava a caminho de um casamento arranjado, por isso, a tristeza dela era imensa. O silêncio dela se encerrou quando escutou passos próximos e que logo se aproximaram calmamente, depois, parando ao seu lado. Era o jovem William Fuller - este havia sido retirado da água já inconsciente - e que ainda estava sem acreditar que o grande navio havia afundado.

- Quem diria que aquele grande navio afundaria daquele jeito... - Ele disse quebrando o silêncio por ali. - Ainda é algo que me traz duvidas!

Dorothy o olhou meio triste.

- Todo projeto feito pelas mãos do homem é falível, Sr. Fuller. - Ela respondeu olhando para as águas. - Nada é perfeito, se não vier das mãos de Deus...

O jovem assentiu e ambos mantiveram um curto silêncio.

- Eu sempre quis saber o porquê... - começou Dorothy olhando para o oceano agora. - Por que as melhores pessoas sempre vão embora? Por que é sempre assim?

O Desastre do TitanicOnde histórias criam vida. Descubra agora