Capítulo 18

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O pânico já corria pelos conveses do Titanic, agora, os botes que restavam eram poucos, no entanto, alguns deles ainda estavam ao longo do convés, como os botes em bombordo, que não era permitido nenhum homem, mas que também partiam quase vazios e com a capacidade máxima pela metade. Diferente dos botes em estibordo, que permitiam os  homens embarcarem quando não havia mais mulheres e crianças e partiam com a capacidade dobrada, como o bote 15, que partiu com cinco pessoas a mais de sua capacidade. Enquanto isso, no convés de bombordo, o oficial Lightoller, auxiliado por Moody, comanda o embarque do bote 10, com 20 pessoas. Há uma horda de pessoas histéricas que tentam tomar o bote, mas são impedidos por Lightoller, Moody e alguns tripulantes. O segundo oficial logo saca a sua arma e dispara três vezes contra o céu, tentando acalmar os passageiros, mas falham, pois acabam assustando-os. No meio dessa multidão em pânico, Edward e Edmond encontram-se tentando embarcar, ambos vestidos com os seus coletes salva-vidas e esperando por sua vez, que aparentavas nunca chegar.

— Acalme-se, Edmond, já irão nos chamar e iremos embarcar, sim? — Dizia Edward tentando acalmar o mais novo. — Já irão nos chamar.

— Atenção, eu quero apenas mulheres e crianças aqui, nenhum homem será permitido neste bote! — Lightoller gritou para todos os passageiros ali e sacou novamente a sua arma. — Para trás!

Mais um tiro foi disparado por Lightoller e acabou assustando algumas pessoas, que esbarraram em Edmond e Edward, fazendo o mais novo cair no chão e um homem pisou sem querer em sua mão. Os irmãos Payne rapidamente se levantaram e Edmond se afastou da multidão, enquanto gemia de dor pela sua mão machucada. Edward o seguiu, após agarrar a sua mão e tentar correr para a proa, onde o bote salva-vidas 4 estava sendo preenchido.

— Vamos, Edmond, iremos embarcar naquele bote. Ainda dá tempo! — Edward disse quase em desespero, olhando para uma imensa multidão ao longe no bote 4. — Ainda dá tempo.

— Não, ele já está sendo baixado, Eddie... — Respondeu o mais novo, soltando a mão do mais velho. — Não vai adiantar nada!

— Não. Há outro bote... — respondeu Edward, olhando desesperado para todos os lados do convés. — Tem que haver outro bote...

O rapazinho afastou-se e sentou-se em um banco, onde um grande cachorro de cor cinza da raça newfoundland aproximou-se e colocou as patas sobre o banco, onde recebeu um carinho de Edmond e este suspirou esticando-se.
— Olá, rapazinho! — Edmond disse e rapidamente levou à mão dele a coleira do cachorro, que nela tinha o nome "Rigel"¹ escrito. — Então, você é o Rigel... Olá, Rigel, onde estão os seus donos?

Rigel lambeu a mão de Edmond e este sorriu, e Edward, observando tudo, começou a sentir os seus olhos lacrimejarem.

— Oh, Edmond! — Edward disse, dando dois passos em direção ao seu irmão. — Me perdoa?

Edmond franziu o cenho.

— Pelo quê?

— Por tudo... — algumas lágrimas começaram a descer pelo rosto de Edward. — Pelos maus-tratos de mamãe, as humilhações de tia Ruth, pelas brigas que eu tinha com ela... E por isso aqui agora!

O rapaz sorriu e algumas lágrimas começaram a descer de seus olhos.

— Não, Eddie, não... — Edmond disse entre lágrimas. — Eu que peço o seu perdão...

O Desastre do TitanicOnde histórias criam vida. Descubra agora