Cap. 7 - Tiroteio -

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Brasil, 2015.

A confabulação foi interrompida por uma melodia doce, o toque do celular de Acqua, ela atendeu e respirou fundo, encarando Kurt. Confirmou com a cabeça duas vezes, respondeu um “entendido” e enfiou o celular na calça jeans.

- Temos um minuto. – Disse e correu para a maleta. – Alessa está ferida, mas está a caminho, temos que lidar com eles nós mesmos.

- Eles quem?

- Peões do Rei Preto, uma distração com certeza, se realmente nos quisessem mortos teriam enviado Torres.

Na maleta havia um rifle de assalto desmontado e duas pistolas, duas Berettas, uma era pequena e de aparência feminina que Acqua pegou para si, a Beretta 950 e entregou a maior para Kurt, a Beretta M9, de maior calibre e força, ambas de aço negro e poucos detalhes.

Kurt apertou a coronha com força, sentindo o peso da arma e procurando entender, em vinte segundos, como funcionava a mira. Acqua fechou a maleta e deixou ali mesmo na sala.

- Kurt, fique ali, atrás do arco da cozinha, não feche a porta, eu ficarei ali atrás da varanda. Eles vão entrar pela porta fazendo barulho, querem nos pegar de surpresa, mas perderam esse elemento. – Pegou na pistola de Kurt e abaixou a trava de segurança. – Lembre-se, você é um Bispo, eles são meros peões, entendeu? Meros peões. Vai!

Ele não discutiu, em um salto diagonal alcançou a cozinha e grudou as costas na parede, ali ele conseguia ver Acqua e ela o via.

A porta foi arrebentada com um estrondo, um coturno atravessou a linha de visão de Acqua e logo em seguia seu dono, um rapaz forte e jovem, de cabelos curtos. A última coisa que ele fez em vida foi quebrar aquela porta, Acqua enterrou uma bala daquele pequeno calibre na têmpora esquerda da cabeça do rapaz que caiu de frente em espasmos sinistros e repugnantes. O segundo entrava logo atrás e, antes mesmo de conseguir recuar, foi atingido na garganta e no ombro, caindo já com as mãos no pescoço sobre o colega que convulsionava no chão.

Kurt apertou tanto a empunhadura da pistola que sentiu o símbolo da Beretta na palma da mão. Viu Acqua efetuar três disparos e depois esconder o corpo de uma saraivada de balas que percorreu toda a sala e estourou a porta de vidro da varanda.

- Kurt, estão na porta de entrada! – Gritou Acqua. – Me de cobertura enquanto eu vou para o quarto!

Ele fez que sim com a cabeça e quando a garota saltou da varanda para a sala, Kurt saiu de trás da cozinha. “Sou um Bispo”, pensou, “sou um Bispo e eles peões.” Viu dois homens no chão e metade de um homem na cobertura entre a sala e o lado de fora, tinha uma sub metralhadora segurada com as duas mãos. O primeiro disparo contra Acqua errou por pouco, chegando a acertar o rabo de cavalo da garota. O segundo, terceiro e quarto desenharam um arco tosco em volta de sua cabeça na medida que a arma perdia a precisão. O peão não teve oportunidade de disparar novamente, Kurt atirou duas vezes, o recuo da arma vibrou todo o seu braço e peitoral. Os músculos se contraíram para aguentar o baque, nunca imaginou que seria tão duro disparar uma arma.

A bala voou zunindo pela sala e pegou embaixo do olho do rapaz, que em um grito agudo, girou e caiu no chão, a metralhadora sendo atirada para o ar. O segundo tiro acertou a parede, deixando um buraco característico e fazendo uma nuvem de poeira voar pelo local.

Acqua agachou atrás da parede do quarto, tinha agora uma visão mais ampla da entrada. Disparou mais duas vezes, acertando um outro homem que tentava saltar fora da linha de tiro, mas foi atingido em cheio na barriga e no peito. Caído mas ainda vivo, disparou duas vezes contra Acqua, uma das balas chegou a atingir próximo a seu rosto na parede. Em um tiro de misericórdia, Acqua plantou um projetil entre seus olhos, o calibre baixo não permitiu que a bala varasse, o deixando ali com cara de bobo enquanto escorria um fino filete de sangue pelo pequeno buraco até finalmente revirar os olhos nas orbitas e afrouxar os músculos, caindo morto.

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