Cap. 10 - O Despertar do Bispo -

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- Meu apartamento tem uma piscina.

Kurt e Cortez estavam em pé na “varanda” do apartamento no sexto andar, havia uma grande piscina de um metro e meio de profundidade, em suas extremidades haviam elevações que reduziam a fundura, onde alguém (ele) poderia sentar e sentir a agua na altura do peito, provavelmente com uma bebida cara nas mãos e mulheres só de calcinha ao seu redor, sorrindo de suas piadas bobas e esperando o grand finale da noite na cama king size.

 Desabotoou o blazer e o tirou, jogando sobre o ombro. Cortez o abraçou pelo ombro e apontou com a mão espalmada para a piscina.

- Todo andar da realeza tem uma. Há um total de oito peões no Palazzo, esses peões são os de maior confiança da Rainha e do Rei, os outros, fora daqui, são peões “menores”, alguns chegando até mesmo a serem considerado gado.

Deu novamente os tapinhas amigáveis em suas costas e continuou a tour pelo apartamento. Era de um luxo absurdo e sem dúvida alguma, exagerado. Havia uma sala grande, com sofás pretos e quadrados, uma mesa de centro de vidro com um vaso chinês sobre ela, orquídeas rosas brotando belas e exuberantes em cima da arte de um samurai e uma queixa, um de costas para o outro. Havia quadros referente ao jogo de xadrez por toda aquela sala, além de uma generosa televisão de 80 polegadas que cobria boa parte de uma das paredes.

- Essa televisão... – Apontou para a imensa estrutura na parede. – Qual o motivo dessa televisão Cortez?

- O motivo? – Perguntou em um sorriso incrédulo. – Você quer saber o motivo de você ter uma dessas? – O chamou com a mão para a cozinha. – Eu vou lhe dizer o motivo...

A cozinha não era tão grande quando imaginava que seria, na realidade, ela era simples, com uma grande geladeira, um fogão de seis bocas e um micro-ondas, além de maquinas de lavar louça e uma dispensa para o lixo. O mais impressionante, contudo, era que tudo ali, exceto os eletrodomésticos, eram feitos de mogno e mármore negro. Era lindo.

- O motivo é que você pode. – Disse pôr fim ao abrir a geladeira. – O motivo é que sua Rainha e seu Rei podem lhe proporcionar todo esse luxo. – Pegou uma cerveja premium e a abriu com o dente, atirando para Kurt, que pegou sem problemas. Abriu outra para ele e sentou sobre um balcão de mármore, encarando o Bispo da Rainha com olhos analíticos. – Você sobreviveu a um tiroteio, não acha que merece?

Kurt tomou grandes goles daquela cerveja encorpada e, retornando o olhar para Cortez, viu que os olhos antes baços e desinteressantes, brilhavam com detalhes sagazes e, (era isso mesmo?) convidativos. Brilhavam não como o olhar de Megami ou de Acqua, mas como um intermediário entre os dois.

Imaginou se seus olhos brilhavam daquela maneira.

- Acho que Acqua merece. – Levantou a garrafa como em um brinde e deu mais uma golada.

- Você também. – Apontou para Kurt com um sorriso fraternal. – Você também meu amigo, você e sua habilidade com o carro foram capazes de salvar as duas. Você É o Bispo que precisamos, um capaz de me acompanhar.

- Te acompanhar? – Perguntou em um sorriso alegre. – Entendo que deve ter muito mais experiência que eu, – deixou o blazer sobre o balcão e relaxou a tensão nos ombros com um suspiro. – Mas acho que isso só saberíamos mesmo na rua, não acha?

Cortez sorriu, os dentes perfeitamente brancos e alinhados amostra. Tomou um gole, passou o polegar sobre os lábios e, sorrindo apenas com um dos cantos da boca, apontou novamente para Kurt.

- Você, meu caro, precisa descansar. Dormir um bom sono. Não seria bom ficar sozinho, tiroteios são sempre traumáticos. – Com a cerveja próximo aos lábios como quem lembra de algo mais importante que um trago, continuou. – Sei disso pois, como você mesmo disse, tenho experiência nisso. Façamos o seguinte, vamos tomar uma cerveja na piscina, depois você dorme um pouco, eu lhe acompanho, fico por aqui com sua televisão exagerada.

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