39º

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Boa leitura!

Mesmo estando dentro do quarto eu consigo sentir a presença de Harry do outro lado da porta.

De joelhos ao peito enquanto choro ruidosamente, permaneço sentada no chão de madeira encostada á porta. Lágrimas escorrem pela minha face baixa entre os braços abraçados aos meus joelhos.

Eu não sei se se passara muito tempo desde que abrira a porta para dar de caras com Harry, mas penso que sim. O seu rosto estava contorcido em tristeza, os seus sentidos procurando oxigénio tal como eu.

Ele está lá. Mesmo sem o ver, sei que o moreno se encontra igual a mim, encostado á porta. Provavelmente a sua cabeça está contra a mesma enquanto os seus dedos mexem-se freneticamente. Ouço a sua respiração ligeiramente acelerada e penso no quão ele é louco ao ponto de permanecer aqui tanto tempo mesmo com a minha mãe em casa.

Harry tem de se ir embora o quanto antes!

Eu simplesmente não aguento. Tortura-me pensar que ele está a apenas uma porta de distância de mim e que, se caso ela não existisse, estaríamos de costas com costas.

“Rach. Abre a porta por favor.” Ele pede pela quinquagésima vez desde que chegara.

Eu desisto de lhe responder, visto que montes de barbaridades absurdas já me saíram pelos lábios neste espaço de tempo. Disse-lhe que não o que queria ver, que não pretendia falar com ele e até mesmo que o odiava por tudo o que era mais sagrado. E o mais intrigante é que, controversamente, eu quero que ele desapareça para sempre da minha vida, como também quero que me rodeie nos seus braços fortes e firmes e que me acarinhe os cabelos.

“Não percebes que eu nunca quis que isto acontecesse?” O seu suspiro é longo e profundo mas tento abstrair-me disso. “Eu sou um idiota. A sério que sou! Mas eu juro que nunca quis que isto acontecesse! Queria apenas proteger-te e certificar-me que ficaria contigo. Perdoa-me.” Harry é demasiadamente credível e isso ainda me mete mais triste.

Eu sei que ele diz a verdade. Sei também que me ama, mas eu realmente não consigo perceber o seu lado, a sua mentira. Era suposto estarmos os dois nisto, certo? Lutarmos os dois pela nossa felicidade e tudo o que ele fez foi destruir a minha, fazendo dele um egoísta do pior.

Olho a caneca de chá que a mãe me entregara quando me reconfortei nos seus braços e suspiro. Precisei de bebe-la até ao fim para conseguir acalmar-me. Soluço uma última vez e respiro fundo. “Querias proteger-me mentindo-me?” Num sussurro penso alto.

Consigo ouvir o alívio percorrer-lhe o corpo por ter-lhe respondido. “Eu juro que sim Rach. És demasiadamente importante para mim.” Ele suspira. “Abre a porta por favor. Preciso de te ver.” A agustia soa das profundezas da sua garganta.

“Eu não quero falar contigo Harry.” Digo firme e elevo a cabeça. Tenho comichão na cara devido aos cabelos colados na mesma e retiro-os de lá. As lágrimas secam lentamente enquanto o coração dói em desgosto.

“Eu não irei sair daqui Rachel, tu sabes que não.” Respiro. Ele consegue ser mortalmente esgotante. “A tua mãe não tarda vem aqui e dá de caras comigo.” Bufo.

A minha mãe! Como é que ela o deixou subir? O coração bombeia em curiosidade mas rapidamente penso no quão inteligente Harry é, e opto por nem me esforçar a pensar em que desculpa lhe dera.

Porquê que ele simplesmente não se vai embora? Teremos mesmo de ter esta conversa agora?

Quero evita-lo. Sei que quando o voltar a ver, mais lágrimas irão ser derramadas e eu não quero isso. Chorei mais hoje do que no ano passado inteiro e nada me consegue consertar. Harry não irá desistir de me procurar, eu sei que não.

Love Affair |hstyles|Onde histórias criam vida. Descubra agora