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Boa leitura girls!

Lila e uma visita inesperada.

09 de Agosto de 2013, Portland

Acordo com o chilrear de pássaros do outro lado da janela. Os meus olhos piscam, cerca de três vezes e rapidamente se habituam, minimamente, á luz matinal. Os feixes da janela estão entreabertos permitindo-lhe a passagem e a iluminação de parte do meu quarto.

Elevo ante braço direito ao rosto e pouso sob o meu olhar. Solto um suspiro e ajeito os lençóis que, até agora, apenas me tapavam uma das pernas e metade da minha barriga.

Já tivera passado uma semana desde o grande evento. Desde o lançamento da obra da mãe e da expendida festa, naquele tão bem decorado salão. Pelo que a mãe nos contou, as vendas estão a correr como o esperado. Retrato de Família tem estado no topo das vendas numa das mais conceituadas livrarias nacionais e nas mais conhecidas bibliotecas da cidade. A mãe é abordada na rua por pessoas, particularmente, mais velhas e entre a sua idade. Ao que parece a juventude, onde eu estou incluída já não sente prazer ao ler, ao ir á descoberta de novas histórias pelo meio de uma obra repleta de ideias e sonhos realizados ou por realizar.

Eu sinceramente, não entendo o porquê de tantos adolescentes não reservarem, nem que seja dez minutos a ler. Na minha opinião, seriam muito melhor instruídos ao ler livros feitos de papel e com letras clássicas, do que ao ler as indicações de um jogo qualquer para a consola, ou ao ler mensagens eletrónicas escritas abreviadamente. Não que eu não concorde com este tipo de meios de comunicação ou com a criação de videojogos que sempre nos abstraem, apenas não acho correto que se borrifem para os livros que tanto nos ensinam.

Bom, talvez eu pense assim por ser filha de uma escritora e de um professor de ensino superior, mas, no entanto, continuo a crer que os livros são uma excelente forma de passar os momentos mais aborrecidos.

Rodo o meu corpo abrindo os olhos definitivamente. Ambos embatem numa claridade excessiva. Pisco-os novamente mas de uma forma mais calma e aninho-me mais no colchão quente.

Uma semana.

Uma semana se passara desde que o vira.

A verdade é que não consigo deixar de pensar naquele ser de estatura robusta e de rosto firme. Tudo o que eu fiz ao longo desta semana, me fez pensar nele e nas suas palavras.

Harry assaltou os meus sonhos nas duas primeiras noites. Em ambas, estávamos os dois no mesmo sítio onde faláramos e estávamos simplesmente a conversar. Trocas de conhecimentos musicais e de apreciações de livros eram os temas que tratávamos. As suas covas nas bochechas eram expostas enquanto os seus olhos brilhavam na luz do luar. Todo um momento de fantasia, acho. Sentia-me bem comigo mesma, e de certa forma nada era censurado ou considerado errado.

Até que acordava quente e ofegante. Como se tivesse estado a correr e cansada pelo esforço. Não posso dizer que não acordava feliz, mas ao mesmo tempo que toda eu era radiações de alegria, sentia algo no meu peito que me impedia de demostrar toda essa felicidade. Algo que punha o meu coração acelerado e a minha respiração descontrolada. Quer dizer, eu espero não estar a ficar maluca, mas não acho normal eu ter sonhado com alguém que apenas vira uma vez na vida, que nunca mais vai voltar e pedir que eu aceite o seu casaco de fato e pior, que não conheço devidamente.

Nem sei se tudo o que faláramos nos sonhos são realmente verdade. Afinal são apenas sonhos. Não passam de meras ilusões da cabeça de uma adolescente que provavelmente, vê no Harry, uma pessoa que lhe possa dar conforto emocional. Uma pessoa mais velha que lhe possa segurar na sua mão e rir em conjunto.

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