Zodíaco - Singularidade

Capítulo 6 - As Lembranças de Lina - Parte 1

"Eu ouço vozes nos meus sonhos, mas não sei se são reais. Eu sigo por um caminho distante, em uma direção sem trilhas. Navego entre a existência e a dor, mas o que é real? Por algum motivo, tento fechar meus olhos nesta praia branca, o tempo passa devagar, a sensação é lenta. Não sei o que está acontecendo e as frequências invadem minha mente. Eu te amo, Lina. Seu pai te ama." —  Notas do Android Lina. Artigo codificado pelo neurocórtex através da Starlight.

Lúcia tinha uma expressão triste. —É tudo o que temos? — perguntou ela.

— Infelizmente sim... — respondeu o Agente Lipe.

Lúcia sentou-se em um banco próximo, refletindo sobre os destroços restantes do androide Lina sobre a mesa. Ela estava preocupada e apreensiva com o que o Guarda Real Titan pensaria sobre isso. Os guardas estavam irritados com esses cultistas.

Karlo estava coçando a orelha, preocupado por ter confundido o Zodíaco. Ele se aproximou de sua equipe, que estava tentando encontrar alguma pista sobre o que realmente causou a explosão.

No total, havia cinco pessoas cuidando dos destroços de Lina: Jord, Lúcia, Lipe, Karlo e Magma.

Magma era considerada uma das mulheres mais inteligentes de Gaia Rising. Ela recebeu o elixir solar e teve uma reação única em seu corpo. Ela consegue assimilar tudo.

— as eu não entendo o que ela quer dizer com tudo isso, as lembranças dos últimos dias deveriam estar disponíveis. No entanto, o neurocórtex dela foi muito danificado, acho que não podemos fazer muito - disse Magma.

Ryuujin estava caminhando pelo corredor, depois de ter visto o quão vasta era sua bioma, com várias camadas de florestas e montanhas. Todos sabiam que Ryuujin gostava de se exercitar e precisava de espaço para sua área de treinamento. Sua área estava designada para encontrar o imperador e ouvir sua missão, mas teria que esperar mais três dias para isso. Enquanto isso, ele apareceu na porta da frente onde estavam as mesas, e todos estavam trabalhando para descobrir as pistas que Lina poderia fornecer. Quando Lúcia viu Ryuujin se aproximando, ficou de pé.

— Levantem-se! Ryuujin está aqui - disse ela.

 Ela colocou as mãos na testa junto com toda a sua tripulação em sinal de reverência. Karlo estava nervoso, receoso de que Ryuujin revelasse para Lúcia como ele havia sido tratado no início. Mas quando Ryuujin passou por ele, estendeu a mão para cumprimentá-lo como um simples soldado. 

— É uma honra estar em sua presença, meu lorde, mas esta é uma área de pesquisa inferior para você.

Ryuujin não respondeu, passou inquieto por todos os arquivos e começou a observar. Os traços alinhados com os desenhos de Magma mostrando a causa da explosão e a trajetória que se rompesse. Ryuujin estava curioso em relação a tudo isso; nunca tinha visto um ataque direto a uma das cidades principais da região Alfa.

— Posso ajudar vocês? — perguntou ele.

— Seria uma honra! — respondeu Lúcia.

— Bom, quais são os dados até agora? E o que motivou as explosões? —

— São cultistas antigos da unidade.

— Unidade?

— Sim, eles querem retornar ao início de tudo.

— Mas isso é impossível, não existe tal forma.

— A forma como eles querem isso é através da destruição e colapso de todo o nosso universo.

— E isso não é tão importante?

Lúcia ficou aflita.

— E o que temos aqui? — Ryuujin foi até a mesa principal no centro, onde havia um grande holograma mostrando grandes partes das lembranças de Lina.

— Uma androide que estava na explosão, a única que conseguimos encontrar com seu neurocórtex e hipocampo um pouco estáveis.

— Não temos as lembranças de seus últimos dias.

No holograma, estava Lina jovem, e seu pai segurando-a no colo. Seu sorriso era elegante, com toda a pureza de uma criança.

Ryuujin estava reflexivo, um silêncio pairou pelo local. Ryuujin pensou na possibilidade de usar a conexão da rede Starlight com o seu, do que restou do cérebro íntegro de Lina, mas isso exigiria um esforço muito pesado para a mente, algo que somente uma pessoa seria capaz de fazer.

— Me conecte ao seu neurocórtex, vou viajar em suas memórias e descobrir a verdadeira imagem do que aconteceu. —

Lúcia mostrou expressão de medo. — Mas, meu senhor, isso poderia comprometer sua estrutura mental. —

Ryuujin olhou sério, e Lúcia entendeu o significado instantaneamente.

— Rápido, Jord e Lipe, tragam-me um conector neural. —

Os fios foram conectados à parte superior de seu cérebro. Magma estava ansiosa demais, nunca havia presenciado algo assim em milhares de anos. Será que os Zodíacos eram dignos dessa estrutura? Esses eram seus pensamentos. Ela sabia que uma mente fraca poderia ser fritada com apenas uma conexão. Mas Ryuujin possuía o elixir da estrela de Etamin e do Sol. Seu poder era tão misterioso quanto qualquer um, e Magma sentia-se excitada apenas em testemunhar esse feito.

Ryuujin fechou os olhos, uma imensa rede neural de todas as conexões fundiu-se em sua mente. Todo o cenário foi transformado e ele estava flutuando nas lembranças de Lina. Todas as memórias eram comuns de uma menina, até o momento do acidente, que revelou toda a vida que ela viveu. As expressões de Ryuujin eram neutras, mas era perceptível que essa mulher havia sofrido tremendamente com tudo o que aconteceu.

Uma sala completamente escura deu lugar a todo o cenário. Um balanço de corda estava à sua frente, com uma menina nele. Ryuujin se aproximou dela.

— Olá, seu nome é Lina? 

— Sim — respondeu a Menina com um tom de doçura e inocência. 

Ryuujin começou a empurrar o balanço para frente e para trás, junto com ela.

— E quantos anos você tem? 

— Tenho 11 anos.