Capítulo 56 - Elinor, A Amaldiçoada.

9 1 0
                                    


Anos se desenrolaram, e o grandioso império dos Lins permaneceu de pé.

Muitas tribos pereceram; já não era mais possível andar normalmente fora das muralhas de Hagorth. Elinor estava crescendo, a cada dia que passava, todas as noites olhava para as estrelas, com o coração na mão. Seu sonho era um dia estar com elas, imaginava se sua mãe estava lá.

— Elinor, como foi seu dia na aula?

Elinor se sentou à mesa, um ensopado estava sobre a mesa. Ela estava com o semblante triste. Em sua cabeça, uma tiara de finas flores estava posta.

— Um tédio, dessa vez não me deixaram ficar presente na aula de educação de Namelia.

— Mas o quê!? Por quê?

— Nada não, deixa pra lá. Estou sem fome, melhor não comer.

Elinor acordou para mais um dia, com os primeiros raios de luz infiltrando-se pelas frestas da janela. Era como se cada novo amanhecer trouxesse consigo a promessa de uma nova batalha para preencher seu vazio existencial. No caminho para a sala de aula, muitos chamavam sua atenção e ela conseguia ouvir os sussurros.

— Amaldiçoada, não sei por que ela está aqui...

— Ela é sim, queremos que ela vá embora.

Elinor era quieta, uma ótima aluna, aliás. Na aula de acrobacia, se esforçava ao máximo. Quando precisava estar em aula de equipe, ninguém participava com ela. Seus dias eram tristes e solitários. Quando estava sozinha, treinava com sua lança junto com Preha, suas habilidades estavam cada vez melhores.

— Está carregada de ódio em seus ataques, deverá mudar, ou sucumbirá a esses sentimentos.

Vizios, mais distante, lambia seu rabo e depois começou a se alimentar de um pote com velhas castanhas. Preha olhou para ele, ele devolveu um olhar carismático. — Viu, até mesmo ele percebe isso.

Elinor atirou a lança ao chão, emitindo um estrondo de vento ao tocar o solo. Era teimosa por tomar um golpe de surpresa pela sua direita; queria vencer Preha de qualquer maneira.

Preha ficou surpresa. — Despertaste, mas quando?

— Em um dia na aula me deram um tropeço; iria cair no chão se não fosse por... — Elinor parecia triste. Preha se aproximou dela e a ajudou a levantar do chão — desse poder — agradeceu ela, olhando em seus olhos.

— É um dom, agora vamos estudar as escrituras.

— Ah não tia, estou cansada de estudar esse idioma estranho, já sei de tudo.

Todas as noites, Preha ensinava para Elinor uma linguagem deixada por sua mãe, passada por várias gerações. Sua tataravó Elinis foi a pioneira de todas as escritas. Um dialeto desconhecido até então, deixado para seus descendentes para que algum dia fosse usado; dizia ela que seria capaz de salvar todo o mundo dos Korkma, criaturas que estavam avançando sem precedentes, causando grandes destruições. O dia final estava próximo; alguns sacerdotes do templo diziam que um dia a cidade iria cair e todos morreriam. Elinor estava presa na cidade há tanto tempo que nunca imaginaria que algo assim iria acontecer. Preha pensava o contrário; muitos grupos estavam se reagrupando e, a cada dia que passava, cresciam e se tornavam mais inteligentes.

— Terminamos.

A porta bateu duas vezes, então Preha se levantou e abriu. Diante dela estava um dos capitães do regimento de exploração. A conversa parecia tensa, e Elinor foi deixada de lado. Acordou no outro dia, quando a luz de Steferi bateu em sua janela com maior intensidade. Durante o fim do dia, se mantinha com seu brilho fraco, mas ainda capaz de iluminar graças a sua outra estrela, Stefer, que mesmo distante, ainda iluminava o outro lado do planeta.

Preha partiu junto com o cavaleiro Lins para uma missão de exploração.

Dias se passaram e Elinor esperava por Preha. Até que a notícia finalmente chegou: Preha havia sido emboscada junto com outros membros da exploração e fora morta.

Elinor estava arrasada, caída no chão, chorando sem parar.

— Eu serei responsável por sua alimentação. Agora que tens doze anos, será capaz de guiar seus próprios caminhos. Eu sei que ela era tudo o que você tinha, mas precisamos que seja forte. Adeus.

O cavaleiro Lins fechou a porta, deixando uma Elinor triste. Mas esse não foi seu fim; sua determinação só cresceu. Assim, a tristeza se transforma em uma faísca que renasce das cinzas da dor, desabrochando em uma nova forma de compreensão. Os momentos de desalento podem ser os catalisadores de uma transformação interior, levando-nos a explorar os confins de nossa própria existência. Elinor, mesmo em sua tristeza, estava semeando as sementes de uma determinação renovada, erguendo-se das cinzas com um novo propósito.

Ao chegar aos quinze anos de idade, sua vida foi dura e cheia de preconceito. Mas nunca desistiu e manteve a cabeça erguida. Já estava crescida, maior do que a maioria dos machos Lins de sua idade, mostrando grande respeito perante aos soldados da legião que protegiam das criaturas traiçoeiras que espreitavam fora da muralha.

Zodíaco - SingularidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora