Azartar flutuava no espaço do cosmos, envolto pela sensação de vazio em meio à plenitude, experimentando uma liberdade que há muito não sentia. Sua mente, incapaz de se conectar telepaticamente com outros seres vivos, permanecia silenciosa como nunca antes. No entanto, uma sensação de alerta o dominava enquanto se dirigia rumo a algo que seus instintos lhe diziam para temer. Seus pelos se arrepiavam sob a armadura, um sinal claro de perigo iminente.
Ao pousar suavemente em uma nave, recolheu suas asas e começou a analisar sua estrutura. Movendo-se pela nave com uma facilidade que desafiava a falta de gravidade, observou os padrões sinuosos de cores que adornavam suas paredes. Uma sensação de perigo o envolveu quando detectou um pequeno destroço se aproximando, levando-o até um buraco na nave.
"Roran, estamos enfrentando uma invasão na nave."
"Eles conseguiram penetrar no escudo da nave; sua tecnologia é muito avançada então. Azartar, seja cauteloso. Estou monitorando o radar em busca de atividade da nave Gnot mais distante, enquanto minha camuflagem permanece ativa", respondeu Roran, concentrado em seu teclado holográfico.
Azartar pulou pela nave e chegou à entrada do salão de refeições, onde muitas histórias haviam sido compartilhadas. Ao tentar chamar por Gerald sem resposta, ativou um padrão de voz autorizado, fazendo com que os sistemas da nave reagissem. Luzes suaves começaram a iluminar o ambiente, revelando cinco corredores conectados à entrada.
Determinado a encontrar o invasor humano, Azartar sentiu sua raiva crescer. Recordou-se do horror causado pela Quebra de Matriz, uma técnica mortal usada contra os Lighters. "Ninguém merecia isso", pensou ele, enquanto Lucia relatava a captura de vários de seus companheiros.
"Muitos foram capturados, e uma ordem foi enviada para Elinor, muitos eram de seu comando", lembrou do que Lucia teria dito.
Roran, captando os pensamentos de Azartar através da Starlight, ouvia em silêncio. "Anilla está na lista... lembro-me daqueles dias em que estivemos juntos em um planeta afrodisíaco", murmurou Roran, perdendo-se em lembranças das areias suaves e da música daquela civilização.
"Além de Anilla, Varic e a garota trazida por Brahms do mundo quântico também foram capturados", acrescentou Azartar.
O rosto de Roran contorceu-se em raiva. "Eu esperava nos reunir para missões e talvez ter a chance de conhecê-la melhor. Dizem que sua forma verdadeira é gigantesca, com pele azulada, embora ela se disfarce como um humanoide pequeno. Minha imaginação corre solta só de pensar nisso."
Azartar estava chegando quase próximo onde ficava o estaleiro de equipamentos, um arsenal com as armaduras de todos os tripulantes do Zodíaco de Draco, inclusive alguns trajes que eram seus favoritos.
Ao chegar próximo da porta, percebeu que ela estava fechada. À sua direita, atrás de uma viga de titanium draconiano, ele avistou um humano tentando se esconder, porém, sua tentativa era inútil, já que ele se destacava muito visivelmente, além de exalar um forte odor. Seu medo era palpável, como se fosse uma espécie alertando outras sobre o perigo iminente.
— Eu sei que você está aí. — Azartar virou-se em direção a Ohor. Ele tentou atirar em sua cabeça, mas antes que o disparo o atingisse, Azartar protegeu-se com a manopla de sua armadura, desviando o tiro para longe, criando faíscas pela nave. O pequeno se ajustou na sua frente, um humano que tinha semelhanças de androides. Ele tentou uma luta física, tentando alcançá-lo, mas sem sucesso foi jogado para longe bruscamente, correndo alguns metros. A força fez com que quebrasse algumas de suas costelas biológicas.
Azartar pulou em sua frente, com suas asas abertas. Tirou sua lança de suas costas, emitindo um barulho vibrante no ar. A visão da impotência do inimigo trouxe um pesar para Ohor.
— Por favor, não me mate! — suplicou.
— Como você é capaz de falar a língua dos humanos? — questionou Azartar, aproximando-se.
Azartar se aproximou mais, olhou para suas feições.
— Ei, humano, me diga!
— Eu era de uma colônia antiga, chamada de Anaturias. Lá vivíamos pacificamente com humanos.
— Quem é você? — gritou Azartar.
— Meu nome é OHor, eu sou um colono de Gaia, eu juro!
Azartar pressionou sua lança em direção ao pescoço de Ohor e uma pequena ponta o atingiu, pingando uma gota de sangue, se misturando com seu suor.
— OK, ok, ok, eu sou um membro dos piratas de prata.
— Piratas, não existe mais nada que eu odeie mais que piratas, — exclamou Azartar. — Mas por que se encontra nesta nave?
Ele hesitou para responder, enquanto Azartar observava um corpo mais distante que parecia ser de um Gnot. Ele cuspiu no chão e chiou de raiva, emitindo sons de sua espécie draconiana. Uma lamúria no ar, sentindo seu desejo de matar que tanto tentava controlar.
— Você se encontrou com uma nave destroyer com suas cores prateadas e tingidas de bronze? — questionou Azartar.
Ohor hesitou, ciente de que admitir isso poderia levá-lo à ruína. Azartar, captando seus pensamentos, percebeu sua cumplicidade.
— O silêncio então será suas últimas palavras, — ecoou na mente de Ohor, que percebeu que Azartar era telepata e já sabia de tudo.
— Azartar! Não! Precisamos dele para obter mais informações, — disse Roran, mas sua fúria já não podia ser mais controlada. Ele balançou sua lança e sentiu as vibrações, ativou sua Afiadora que começou a vibrar no ar e o atacou com toda a sua força. Ohor sabia que aquele golpe seria impossível de defender, nesse instante sua vida passou pela cabeça.
Ohor Lembrou de sua antiga esposa, Narcia e os dois filhos que tinha, enquanto colhia o trigo que tinha no solo, as luzes de Helin brilhando no céu, trazendo vida para todos os seres, a alegria que percorria no seu instante, sabia que não sentia medo, pois sabia que um dia veria Epin e Terenina, e que as mortes dela nunca serão vingadas. Com Lys, o pirata atirando impiedosamente tirando tudo que um dia sentiu, segurando ela em seus braços e depois sendo acorrentado. Reflexos da tortura, em um laboratório escuro, onde nunca pensou ser capaz de sentir tanta dor e não morrer, sendo submetido a uma lavagem em seu cérebro que impedia de tomar decisões, "finalmente tudo vai acabar, pena que não podemos fugir juntos Surias..."
Ryuujin apareceu em sua frente para defendê-lo, com seus braços levantados ele segurou os braços de Azartar, o encarou com tamanha fúria, com seus punhos atingiu seu estômago e o jogou para longe no fundo da nave, batendo em sua parede e criando um alarme vermelho no sistema.
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Zodíaco - Singularidade
Fiksi Ilmiah(Revisando) Num futuro distópico, onde a humanidade iniciou a colonização de mundos e até galáxias, desvendando uma tecnologia capaz de extrair o poder das estrelas, deu-se início a uma nova expansão pelo cosmos. Assim, surgiram os detentores do tí...