Zodíaco - Singularidade

Capítulo 1 - Ryuujin de Draca

 Ryuujin acomodou seu filho para dormir em sua nave espacial, uma construção impressionante composta por várias colunas de vigas e paredes de titânio impenetráveis que separavam cada cômodo. Cada sala tinha uma área designada para treinamentos qualificativos, com "IA" avançadas direcionadas para atingir a aptidão máxima, utilizando conexões neurais de ponta. Estas eram dedicadas a uma variedade de atividades, desde leitura e esgrima até música, artes, cerâmica, kung-fu, karate, idiomas, e inúmeras outras opções, todas projetadas para fortalecer o corpo em situações desafiadoras. A nave era conhecida como Tormenta.

 Ryuujin percorreu os amplos corredores da Tormenta, com portas automáticas se abrindo com um estrondo. As paredes vermelhas com detalhes pretos e os corredores cobertos por tapetes vermelhos criavam um ambiente marcante. Pelos cantos, quadros representavam diversas espécies do cosmos.

— Boa noite, senhor. Lucios está mais tranquilo? — saudou Gerald, a IA responsável pela manufunção e estruturação da matéria física da espaçonave, além de assumir a função de narrador ocasional para Lucios. Aquele holograma proporcionava momentos divertidos.

 Ryuujin sentou-se em uma cadeira. Uma tela gigante à sua frente exibia um monitor interno, mostrando a visão de Saturno com seus imponentes anéis, evocando nele uma sensação nostálgica. A densidade dos meteoros estava estável, indicando uma entrada tranquila na atmosfera.

— Ele não está acostumado a sair de Draca. Mas esta viagem será benéfica para ele. Lucios é muito curioso, e certamente desempenhará um papel importante para os Draconianos.

— Lucios conseguiu terminar de ler a enciclopédia galáctica em duas semanas.

— Duas semanas?! Gerald...

— Ok, eu dei uma ajudinha para ele — disse Gerald, assumindo formas no monitor e sorrindo.

 Ryuujin regressava de sua colônia principal, ostentando sua posição como senhor dos Dracos, figurando entre os homens mais proeminentes no setor terráqueo. Convocado pela imperatriz para uma missão especial, o propósito dessa convocação permanecia envolto em mistério. Havia se passado um milênio desde que o imperador o designara como soberano de Draca, um planeta remoto próximo à constelação de Ursa Maior e pertencente a Draco, um dos poucos planetas habitados na região.

 O sistema solar de Draca contava com quinze planetas, sendo apenas dois habitados e orbitados por uma imponente estrela chamada Gamma Draconis ou simplesmente Eltanin. O planeta, rico em vegetação e diversas espécies animais, era habitado principalmente pelos Draconianos, seres majestosos com a aparência de dragões. Suas origens remontavam a batalhas e ascensões imperiais, superando em evolução até mesmo os humanos. O planeta era perigoso e isolado, com os dragões dominando os céus.

 Uma única linhagem evoluiu para dar origem aos Draconianos, seres capazes de feitos extraordinários, formidáveis guerreiros que outrora foram inimigos dos humanos. Ryuujin, seu principal conquistador, agora via Azartar como um amigo fiel, deixando para trás as histórias que o cansavam.

 Seu servo leal, Azartar, apareceu atrás de Ryuujin. Medindo três metros de altura, suas asas eram cobertas por um material específico de elastano, hidrogênio e titânio draconiano. Mostrar suas asas era ultrajante para um draconiano, revelando suas formas primitivas, algo reservado apenas para batalhas. Sua descendência vinha dos dragões alados negros das montanhas desoladas do sul, conhecida como Prados, pertencente ao clã azura de Draca.

— Meu senhor, estamos próximos de sua terra natal.

— Não estamos mais em Draca; em minha nave, somos iguais. Livre-se de formalidades, exceto em frente ao imperador de Gaia.