Capítulo 58 - No Rastro da Verdade.

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Com um temor crescente, Elinor então subiu pelas paredes até o topo que dava vista para a cidade. Com uma mistura de ansiedade e determinação, utilizou de sua dobra para ganhar altitude e alcançar uma altura desafiadora. Saltou de pilar em pilar, sentindo a pulsação dos ventos quentes que tocavam sua pele enquanto avançava até alcançar o topo da muralha. Seu olhar se fixou no horizonte inquietante, onde as criaturas estavam prestes a surgir. Uma sensação de apreensão dominou seus pensamentos, mas ela não recuou. Com o coração acelerado, Elinor então virou-se para a cidade, suas cores vivas e florescentes, criando varias tonalidades de luzes criadas pelo esplendor das estrelas gêmeas. 

Elinor pulou do alto da muralha e sobrevoou-a, com os olhos fechados, pensando na liberdade de planar, abriu seus olhos avistando as pirâmides distantes, junto com a segunda muralha, conhecida como "a riqueza". Era possível ver alguns edifícios grandes, com seus arcos elegantes. A cidade dos avarentos estava ali, mas ela havia prometido nunca tocar seus pés lá. Era um lugar onde aproveitavam da Égide, a última muralha, para se manterem seguros.

Os Lins eram dobradores de vento incríveis, muito ágeis, e eram conhecidos como Senhores do Céu. Embora não pudessem voar, enquanto planavam e utilizavam a dobra, era quase como se estivessem voando. Graças a esse poder, conseguiam se manter no ar por longas distâncias. No entanto, percebendo a alegria que contagiava todos os Lins, Elinor sabia que tudo aquilo estava prestes a acabar. Ela não permitiria que algo assim acontecesse, então se fosse possível o poder radiante do vento passarem pelas veias de todos os Lins, poderiam conseguir, mas não sabem de onde esse poder surge.

Elinor pousou levemente próxima de uma barraquinha de doces, alguns pedestres passavam, um Lins carregando um carrinho com seu bebê, sua expressão de temor e apreensão, sabendo que a primeira muralha a cair, será o fim. 

 Elinor se aproximou de onde faziam a sua comida favorita. 

— Oh, que susto, minha cara Elinor — disse Margeth, com suas penas já rosadas pela idade adulta.

— Ei, titia, me dê um desses aqui — apontou a pequena Lins para o doce.

— Que "titia" o quê? Eu ainda estou na flor da idade. Você quer esse rosa, minha lindinha?

— Sim, sim.

Margeth reparou de relance que Elinor estava ali próxima, encarando com aquele olhar enigmático, perdendo-se nas estrelas de seu próprio conhecimento. "Pobre menina, teve uma vida tão difícil", pensou ela, enquanto entregava o doce para a pequena Lins à sua frente.

— Obrigado, titia!

Margeth franziu as sobrancelhas. — Por hora, vou aceitar o "titia", porque você é muito boazinha. Toma aqui outro de brinde. Sua mãe deveria passar aqui de vez...

Elinor soltou um sorriso. "Toda essa alegria que enfrentamos para proteger irá acabar se eles atravessarem a muralha. Eu lutaria com honra, honrarei a memória da minha família pela eternidade, mesmo que nos considerem amaldiçoados. Sacrificarei minha vida para proteger essa pequenina. Esse mesmo doce me lembra minha juventude, quando saía da escola em direção a essa barraca", pensou ela.

Margeth a encarou seriamente enquanto Elinor virava as costas e ia em direção ao quartel. — Mas já vai!? Você sempre quer um "verdinho" para ajudar no estresse.

— Hoje não, hoje não. Até mais, Margeth. — Levantou suas mãos e acenou, a pequena Lins estava com seu doce entre as mãos, molhando seu bico.

— Ela é sempre assim, titia?

— Não, ela já foi como você, cheia de alegria, mas isso foi tirado dela há muito tempo.

No quartel principal estava o Lorde Asilos, comandante da exploração. Todos os Lins da guarda de exploração foram convocados, todos eles dobradores de vento. Elinor entrou e passou pelo grupo, enquanto eles a encaravam. Seus olhares mudaram com o tempo, o respeito que tanto desejava finalmente estava sendo conquistado.

— Aí está você Elinor. Venha para meu lado — exclamou Asilos.


Na frente, um grande quadro estava mostrando um mapa. Asilos estava segurando uma régua longa. Vestia com a roupa real da exploração, um manto vermelho que ia até os seus pés. Sua coloração de suas penas era de uma cor amarela tingido, seu olhar era forte, sua expressão de bravura exalava a curiosidade de todos os cadentes.

— Aqui é o lugar. Recebemos a mensagem de um sobrevivente, ele estava perdido em uma caravana, seu desespero em busca de alimentos fez com que fugisse para essa área. Nesse lugar dizia ele que encontrou uma grande cratera, lá tinha um metal diferente de tudo que imaginou, uma grande pedra estava no seu centro. Nossos relatos falaram que foi de onde as primeiras Korkmas surgiram, não é mera coincidência.

Elinor franziu suas sobrancelhas. — E também de onde estava a relíquia de Hórus.

— Sim, outro detalhe importante. Esse era o lugar onde sua tataravó esteve — exclamou Asilos.

Lor a encarava com uma intensidade profunda, Elinor já sabia o que aquela expressão queria dizer. Que estava certo sobre o que tinha dito no bar, era sobre seus descendentes que iriam falar aquela noite.

Krahas, que estava mais ao fundo, junto com Ehara ao seu lado, sua fêmea. Ambos não pareciam contente, Krahas levantou sua mão rapidamente, com seu olhar cheio de dúvida e seu jeito narcisista.

— Permissão concedida.

— Senhor, isso é muito próximo do ninho da criatura. Será suicídio qualquer missão ali.

Asilos baixou seu rosto e suspirou. — Não estão mais. Recebemos mensagem da torre, um nível alfa está próximo.

— Um alfa? Mas faz centenas de anos que a gente não vê um! Nosso líder Maxil destruiu um deles — exclamou Acenor, era o mais baixo de todos da exploração. Medindo seus um metro e oitenta.

— É verdade, nossas lunetas de longo alcance não enganam. Daqui duas semanas eles estarão aqui, se isso acontecer, não sei se seremos capazes de retaliar.

— E qual são os números? — perguntou Elinor.

Asilos manteve o silêncio no ar, então respondeu com pesar. — Não foi possível ver o fim, era como uma grande nuvem negra vindo em nossa direção — suspirou.

— Então isso significa que é o nosso fim.

"a hora chegou...", pensou Elinor.

Asilos aquiesceu, não respondeu sua afirmação.

— Isso não é o propósito dessa reunião, o Rei exigiu uma apresentação em seu castelo real, para o casamento de sua filha, todos da exploração foram convocados exceto por Elinor.

Todos encaravam ela, e esperaram por Asilos dizer o porquê.

— O porquê não sabemos. Mas essa foi sua vontade. Será essa noite, então quero que todos se preparem.

Krahas começou a rir. — Todos sabemos o porquê, e o motivo é o seu sangue amaldiçoado.

Lor levantou seu braço para atingir Krahas com um soco, quando Asilos percebeu seu movimento, olhou com irá em sua direção. — Eu já lhe disse, que não aceitamos superstições na exploração, não é assim que agimos, você está fora também do baile Krahas.

Krahas ariscou suas penas, ficou irado. — Mas é impossível, você não pode...

— Sim eu posso, e você está fora.

Irado e furioso, Krahas seguiu para à saída, chamou por Elaha mas ela de longe negou balançando a cabeça. — Desculpe meu querido, mas vinho de qualidade não posso perder.

Zodíaco - SingularidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora