Capítulo 7 - As Lembranças de Lina. Parte 2

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 A lua nasceu no horizonte, suas cores eram de um vermelho como a cor do sangue.

Lina estava triste. Desolada em suas próprias memórias.

— Alguns momentos são difíceis de esquecer, em grande parte eles permanecem irradiados em nosso coração. Lina, qual é sua cor favorita? — perguntou Ryuujin com toda a inocência possível.

— Eu gosto do azul. 

— E se você pudesse trazer detalhes para este lugar agora com azul, você conseguiria? —

Lina fez uma expressão hesitante, em busca de apoio. - Acho que não. -

— Tente, comece a imaginar um azul. 

Lina fechou os olhos e logo o céu se tornou azul.

— Agora imagine um lugar onde você possa se apoiar. 

Logo o chão se formou sob seus pés. Lina começou a expressar dor e medo, como se novas lembranças cruéis invadissem sua mente. A certa distância, um homem de olhos vermelhos e albino, com cerca de dois metros de altura, observava.

Ryuujin deu um passo à frente dela, como um guarda-costas.

— Se acalme, Lina. Tente imaginar imagens boas. 

— Não consigo, papai está doendo muito. Eu quero você, papai. 

O albino sorria e se aproximava cada vez mais.

— Situação crítica nos sistemas operacionais do neurocórtex, está entrando em colapso. Ryuujin precisa sair de lá ou corre o risco de se perder em suas memóriasv— disse Magma.

Ryuujin sabia o que estava acontecendo. Suas memórias estavam se agitando e ele sentia uma dor intensa em sua mente. Mas Ryuujin estava acostumado com a dor, especialmente depois de passar muitos anos nos treinamentos quânticos da matriz.

 O albino avançou contra Ryuujin e tentou acertar um golpe com o punho nele. Ryuujin lutou em combate corpo a corpo contra o albino.

— Lina, concentre-se em sua melhor lembrança. Esqueça o passado, aceite o presente, o agora. Estamos do lado de fora, e você está tecnicamente morta. Preciso que acredite na mulher que sempre desejou ser. Você viveu, amou, passou por muitas experiências, e eu sinto isso. Desperte a mulher que está dentro de você. — disse Ryuujin, enquanto defendia os ataques do albino e contra-atacava com socos na cabeça dele. A velocidade de Ryuujin era impressionante e ele conseguia lutar com facilidade.

— Meus demônios me impedem, essa consciência. 

Imagens faiscantes surgiram na mente da menina, e Lina se transformou na mulher que era.

Quando ela recuperou a consciência, o albino a observou.

— Você!

— Saia da minha cabeça!

Em seguida, todo o cenário se transformou em um turbilhão de correntes e eles estavam caindo em direção a um vazio, juntamente com Ryuujin, que se apoiava em pequenas plataformas para se manter de pé.

— Vou te trazer de volta para o mundo. Mas para que você não enlouqueça, você sabe quem é você? Quem é você, Lina? 

— Eu não sei, eu não sei, eu não sei quem eu sou. Sou apenas um objeto neste mundo, minha consciência não importa.

Ryuujin fechou os olhos, e uma chama irradiou do seu peito. A estrela de Etamin brilhou. Nesse espetáculo, Lina observou a si mesma vivendo suas emoções ao longo de um milhão de anos. Percebeu que, quando sua vida chegou ao fim e ela se encontrou onde estava, o tempo era tão diferente e universal, e que o verdadeiro sentido da existência estava na forma como se enxerga.

— Você pode me trazer de volta?

— Sim. 

— Preciso que me permita tocar em seu núcleo. E você precisa me aceitar.

— Entendido.

Lina aproximou-se de Ryuujin, voando por cima dele, e pousou ao seu lado. Uma grande joia surgiu em seu peito. Ryuujin a tocou e, em um piscar de olhos, eles estavam na sala de pesquisa de Gaia Rising.

— Seu neurocórtex foi reestruturado e seu hipocampo não apresenta mais falhas. — disse Magma a Lúcia.

— Incrível! Como isso é possível? — questionou Lúcia.

Magma encolheu os ombros.

— Não faço ideia. Os gráficos ficaram loucos. Veja! — respondeu ela.

Ryuujin acordou com calma, sua respiração suave. Ele se levantou e foi até onde estava o corpo de Lina. Utilizando um mecanismo de manipulação quântica e reestruturação de dados, ele começou a recriar seu corpo. Passo a passo, moldando toda a sua estrutura. Suas mãos se ergueram, e energias azuis se materializaram como um globo, com Lina no centro.

Todos na sala observavam atentamente o que estavam testemunhando.

— RESSUCITOU?! — gritou Lúcia.

No espectro do tempo, Lina despertou novamente e estava deitada nua na sala. Seus olhos azuis se abriram, e todos a encaravam.




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