10 - quando dói

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Dulce Maria

Christopher estacionou o carro e ficou alguns segundos calado olhando para o volante, engoli em seco e pensei se deveria falar alguma coisa ou não. Ele passou a mão na cabeça algumas vezes, respirou fundo e pegou o celular.

— Chegamos senhorita. — ele disse apenas.

— Christopher, vamos conversar. — insisti.

— Conversar sobre o que? Você tira onda com a minha cara e depois quer conversar.

— O que eu fiz não foi certo, eu sei. Não quer dizer que eu não te namoraria.

— É melhor você não falar nada, suas explicações ficam cada vez mais confusas.

— Vamos pra sua casa e a gente conversa melhor.

— Eu já disse que não vou te levar pra minha casa, você só quer uma desculpa pra transar comigo mais uma vez.

— É isso que você pensa de mim?

— Sinto muito, mas eu não estou errado.

— Está sim, eu quero apenas te explicar o que aconteceu lá. Você acha que eu só quero transar né? — meus olhos marejaram.

— Pra mim isso que aconteceu não tem explicação, você me levou pra uma festa onde me faz pagar de palhaço. Apenas, acabou!

— Nada que eu diga importa agora né?

— Senhorita, é melhor ir pra casa e dormir.

— Senhorita? Você sempre me chama pelo o meu nome.

— Nesse momento estou apenas cumprindo com o meu dever como motorista.

— Não acredito que você vai continuar me tratando assim.

— Melhor ir descansar. — voltou a insistir.

Olhei para ele e vi que não adiantava falar mais nada, melhor esperar até amanhã, talvez ele esteja com a cabeça mais tranquila. Abri a porta do carro, com um pouco de dificuldade consegui sair e quase caí antes de fechar a porta.

Assim que entrei no meu quarto fui para o banheiro, me olhei no espelho com os olhos encharcados de lágrimas. Com a maquiagem borrada, fui me despindo aos poucos, tirando os acessórios e mexendo no cabelo. Liguei o chuveiro e tomei um banho rápido, minha cabeça estava girando e senti que em qualquer momento poderia cair ali mesmo e acabar não sendo socorrida por ninguém. Vesti meu pijama e acabei adormecendo assim que deitei em minha cama.

Christopher Uckermann

Entrei em casa desnorteado, o momento em que Dulce falava que não namoraria alguém como eu ficou se repetindo em minha mente várias vezes. Não conseguia entender o motivo pelo o qual ela fez isso, eu nunca fui rude com ela. Sempre fiz o que estava ao meu alcance e até me atrevia a fazer o que para mim não era seguro, tudo isso só para agradá-la e não permitir que ela se afastasse de mim. Por estar com raiva acabei falando muitas grosserias, mas isso não anula o fato de que estou muito magoado. Sei que ela não sente o mesmo por mim, é apenas uma atração carnal, mas não imaginava que pudesse ser capaz de ser tão cruel na maioria das vezes.

Com dificuldade tirei minha roupa e entrei no chuveiro que estava com a água muito gelada, fiquei lá por alguns minutos e a cena que vi por algum motivo não conseguia parar de se repetir na minha cabeça. Caminhei para o quarto, continuei pensando porque eu insistia tanto em alguém que eu sei que não gosta de mim da mesma forma. Eu deveria ser mais esperto, não deixar que ela pudesse me controlar tanto quando quer. Procurar sair com outras mulheres e quem sabe conseguir namorar com uma delas, mas Dulce é o tipo de mulher que prende a minha atenção, não tem jeito. Ela me atrai de uma forma que eu não consigo explicar, mesmo quando quero odiá-la ou estou com raiva, ainda sim, sinto um desejo imensurável por ela. Isso me assusta às vezes, quando me pego pensando nela.

Hurts So Good (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora