20 - sentindo falta

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Dulce Maria

Anahi e eu estávamos cada vez mais próximas, acabei contando tudo que me aconteceu nos últimos meses e falei sobre a empresa também. Estava me ajudando demais ter alguém pra conversar sobre esse assunto, sem precisar contar as coisas pela metade. Apenas desabafar quando sentir que já não suporto mais isso.

— Obrigada por confiar em mim para dizer o que tem te acontecido. — Anahi disse.

— Magina e obrigada por me ouvir. — sorri.

— Então, você está com o William por que gosta dele ou é só pra tentar esquecer o Christopher?

— Pergunta difícil. Sendo sincera ainda não sei o motivo, mas acho que seja para esquecer.

— Entendi, mas também não é justo você ficar brincando com ele assim. Não acha?

— Eu realmente gosto do William, me sinto bem quando fico com ele e acho que isso vale né?

— Gostar da companhia é uma das coisas que valem, mas ele disse que está apaixonado por você. Imagina só como ele vai ficar sabendo que você não sente o mesmo que ele.

— Eu ainda não sinto o mesmo, mas fizemos as pazes e isso não é mais um problema pra ele, vamos com calma.

— Tudo bem, você quem sabe. — deu de ombros.

— Inclusive eu vou vê-lo agora. — fui até o espelho.

— Ok, eu vou ver se o Alfonso tem algo legal pra gente fazer. — disse ficando de pé.

Assim que Anahi saiu do quarto, eu terminei de me arrumar. Peguei minha bolsa e desci indo para a garagem e fui dirigindo até a casa de William até estranhar quando me aproximei e vi que havia um carro parado em frente.

— Que estranho. — falei para mim mesma após estacionar.

Quando fiz menção de tocar a campainha, Belinda abriu a porta e me olhou surpresa.

— Não pensei que você ainda se encontrasse com meu irmão. Na verdade, acho que continuam fazendo muito mais do que apenas se ver, não é? — cruzou os braços me encarando.

— Isso importa? — a encarei de volta.

— Claro! Esqueceu que o William é meu irmão? Dessa vez você não precisa se dar o trabalho de esconder alguma coisa de mim.

— Belinda, eu não quero discutir, ok? — fiz menção de entrar, mas ela me impediu.

— Eu não esqueci o fato de que você escondeu de mim esse tempo todo que estava com meu irmão, poxa eu seria a primeira a dar uma força.

— Me desculpa por isso, tá? Eu sei o quanto você é apegada com o seu irmão e que ficaria muito feliz caso eu tivesse contato que estamos juntos.

— Exatamente, mas já que você preferiu não me contar tentarei apenas esquecer isso.

— Vamos virar a página, não quero que você fique com raiva de mim.

— Eu fiquei chateada, mas agora acho que isso está passando.

— Tudo bem se eu entrar pra ver o seu irmão?

— Claro, eu já estava de saída mesmo. Depois eu passo na sua casa, tá? A gente termina de conversar. — eu assenti.

Observei a Belinda ir embora e quando olhei William se aproximou da porta com um sorriso de lado fofo, ele veio até mim me dando um selinho antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

— Vocês se acertaram? — ele perguntou em seguida.

— Digamos que sim, ainda vamos conversar. — ele assentiu e me chamou para entrar.

— Espero que tudo fique bem, são muitos anos de amizade.

— Até as pessoas que são amigos há muitos anos têm desentendimentos, isso é normal.

— Minha irmã levou a sério o lance de você não ter contato pra ela sobre a gente, até no pé ela pegou.

— Eu até entendo ela sabe, eu e você juntos seria motivo de muita alegria pra ela.

— Realmente, não sei onde eu estava com a cabeça que não disse nada pra ela.

— Nem eu.

[...]

Voltei para casa e notei uma certa movimentação na sala de estar, todos estavam lá até eu chegar.

— Dulce, que bom que apareceu. — meu pai disse assim que me viu.

— O que aconteceu? — perguntei confusa.

— O meu sobrinho Christian acaba de chegar, ele veio nos visitar e irá passar alguns dias conosco. — Ana Brenda disse com os braços em volta dele.

— Muito prazer, Dulce. — sorriu.

— Olá, Christian. Seja bem vindo! — sorri de volta.

— Obrigado. — respondeu.

Como se não bastasse minha prima Anahi ter voltado do nada, agora um parente da Ana Brenda também resolveu aparecer.

— Oi, Dulce. Como foi na casa do William? — Anahi perguntou assim que chegou perto de mim.

— Foi normal, conversamos e eu também acabei me encontrando com a Belinda.

— Sério? Ela te disse alguma coisa ruim?

— Não, acho até que fizemos as pazes.

— Menos mal, falta você e o Christopher se falarem né? Ele ainda deve estar chateado.

— Acho melhor não me aproximar agora, provavelmente ele não quer assunto comigo.

— Sim, o ideal é você respeitar a decisão dele de querer se manter distante por enquanto.

— Exatamente, senhorita psicóloga! — brinquei. — Vou deixar minha bolsa no quarto e já volto.

Subi as escadas indo para o meu quarto, passei alguns minutos em frente a janela vendo o dia lindo que fazia lá fora. O céu azul e com poucas nuvens e o sol que estava mais forte do que nos dias anteriores, e mais a frente a casa de Christopher onde passei muitas vezes. Naquele instante não consegui evitar pensar nele, eu estava feliz por Belinda ter conversado comigo, mas também tinha receio por ela estar com ele.

Ainda não sei direito o que sinto, tudo parece muito confuso. Mas sei que estar "brigada" com ele, não era uma das coisas que eu gostaria. Foram anos compartilhando momentos, sentindo seus carinhos e ouvindo suas palavras que pareciam tão sinceras. Eu não gostaria de estar em outro lugar, com outra pessoa e nesse momento eu me encontrava nostálgica. Um flashback de todos aqueles momentos passaram pela minha cabeça, como quem acabava de assistir um filme e depois lembrava de todas as cenas com detalhes impossíveis de esquecer.

Era assim que eu me via quando de repente parava para pensar no que vivi com Christopher durante todo esse tempo.

Hurts So Good (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora