16 - você tenta negar

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Dulce Maria

Faziam sei lá quantas horas que eu estava dirigindo sem rumo por algumas estradas próximas, não deixava de pensar nas palavras de William e no que ele queria dizer com isso. Logo me lembrei de Christopher e dos momentos que tivemos, para mim se tratava apenas de diversão não teria motivos para estar pensando nisso. Estacionei o carro alguns quilômetros antes de casa, respirei fundo e tentei colocar minha cabeça no lugar, mas esses malditos pensamentos não deixavam minha mente um segundo sequer.

Voltei a dirigir e parei em frente a mansão, sem me preocupar com a forma como estacionei, entrei e fui até o escritório do meu pai torcendo para que estivesse sozinho, mas como sempre

Subi as escadas em direção ao meu quarto, tudo que eu precisava era de um bom banho e poder descansar algumas horas. Eu precisava de muito tempo para pensar no que William me perguntou, já que eu não poderia vê-lo sem ter uma resposta. Fiz menção de abrir a porta e ouvi a voz de Ana Brenda.

— Dulce. — ela disse, parando em minha frente.

— Oi. — falei baixo.

— Eu sei que não somos muitos próximas, mas se por acaso você precisar de algo. Estou aqui.

— E o que te faz pensar que eu vou precisar? — a encarei.

— Não sei, seu pai e eu quase não temos te visto em casa. Pelo o que eu saiba você quase nunca sai, a não ser que precise ir a empresa.

— Uma empresa da qual não faço mais parte, afinal você agora ocupa o cargo que deveria ser meu.

— Ah, entendi tudo agora.

— Entendeu o que?

— Por isso você tem agido de forma indiferente comigo, está com raiva porque não conseguiu o cargo que tanto desejava. Faz sentido.

— O que te faz pensar que seja isso?

— Você mesma acabou de deixar claro.

— Isso não importa, eu não faço mais parte da empresa da família.

— Eu não quero que isso acabe causando desentendimentos entre a gente, agora eu sou esposa do seu pai e sua madrasta.

— Obrigada por me lembrar.

— Não quero que a convivência aqui seja ruim, podemos aprender a aceitar nossas diferenças e viver com uma família.

— Família? Desde de que a minha mãe se separou do papai, nunca mais fomos uma família.

— Isso não quer dizer que é impossível, podemos formar uma nova família.

— Corta esse papo, vai.

— Vou ignorar suas provocações e falo sério quando digo que se precisar de algo, pode me procurar.

— Eu agradeço, mas estou bem. — sorri fraco e entrei em meu quarto, fechando a porta em seguida.

Me despi inteira e entrei no banheiro, soltei meu cabelo e passei alguns minutos embaixo do chuveiro querendo que todos os meus problemas fossem embora junto com aquela água que caia.

Não menti quando disse que precisava de um tempo, toda minha vida estava uma bagunça. Eu voltei das férias achando que um cargo importante na empresa do meu pai, seria meu. Achei que iria continuar me envolvendo com Christopher de vez em quando, pensei que meu pai continuaria solteiro. Me enganei quando pensei que boa parte dessas coisas dariam certo.

Christopher Uckermann

Os dias foram passando e eu não vi mais Dulce, novamente ela desapareceu como se fosse um fantasma. Eu continuava pensando sobre o que Belinda havia me falado e cada vez era uma tortura, quando eu me questionava se deveria deixar o que sinto por Dulce de lado.

Pra mim era difícil ter que abrir mão desse sentimento que me consome, eu não queria ter que esquecê-la contra a minha vontade. Mas não era justo comigo continuar assim, sem saber o motivo que fez ela andar sumida ou porque tem me evitado tantas vezes. É confuso demais.

Depois de passar tantas horas pensando no que eu deveria fazer, finalmente tomei coragem e resolvi mandar uma mensagem para Belinda. No fundo eu não acreditava que estava realmente fazendo isso, mas ao mesmo tempo eu sabia que precisava se quisesse pôr um fim nesse sofrimento. Ela respondeu dizendo que viria me ver assim que saísse do trabalho, então esperei pacientemente.

Quando eu estava sentado no sofá assistindo a um programa aleatório que passava na TV, ouvi alguém bater na porta e deduzi que seria ela.

— Oi. — me deu um beijo no rosto.

— Oi, que bom que você veio. — dei espaço para ela entrar e fechei a porta em seguida.

— Você disse que queria conversar e cá estou eu. — sorriu tirando a bolsa e sentando no sofá.

— Eu pensei muito e tenho uma coisa pra te falar. — sentei-me ao seu lado.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Eu já te disse o que aconteceu entre Dulce e eu, percebi que estou perdendo tempo enquanto estou aqui esperando que ela apareça. Me sinto mal por não ter respostas, não quero ser idiota e acabar magoando uma mulher tão incrível como você. Quero me permitir tentar, chega de ficar preso nas memórias esperando que alguma chance caia do céu e ela volte. Quero estar com você, Belinda, se você não quiser, eu entendo… — ela me beijou antes que eu terminasse de falar.

— Isso responde a sua dúvida? — perguntou assim que nos afastamos.

— Sim, com certeza. — rimos.

— Christopher, eu agradeço por você estar sendo sincero comigo. Não tenho dúvidas de que você é um homem especial, temos algo em comum, eu também não quero magoar você.

— Fico feliz de ouvir isso, no fundo eu sempre quis encontrar alguém que me dissesse isso.

— Espero que fique tudo bem e você me dê uma chance de te mostrar o que eu posso fazer.

— Confio em você, totalmente.

— Obrigada. — sorriu.

E eu me permiti tentar, eu sei que os sentimentos que tenho por Dulce não irão sumir do dia pra noite, mas o fato de estar me dando essa chance já diz muito sobre o que eu realmente quero.

Foi minha vez de beijar Belinda, nosso beijo foi ganhando intensidade e eu me vi totalmente tranquilo na presença dela. Pela primeira vez eu estava sentindo que a outra parte sentia o mesmo por mim, que dessa vez existia muito mais do que apenas desejo sexual. Eu estava me sentindo amado, estava sendo verdadeiro com os meus sentimentos e vontades. Torci para não ter que remoer coisas do passado nessa nova fase.

[...]

No dia seguinte eu acordei e me dei conta do que tinha acontecido, Belinda acabou passando mais tempo comigo do que o esperado. Tomamos café juntos e bem cedo ela foi embora, tomei um banho e me arrumei para ir até a mansão. O Black poderia precisar de mim a qualquer momento e eu tinha que estar próximo.

O esperei tempo suficiente até ele aparecer para levá-lo até a empresa, fiquei aliviado por Dulce não estar por perto. Eu não queria vê-la pois sei que voltaria a remoer sentimentos e justo quando eu me permiti ficar com Belinda, isso não seria justo. Levei-o até o seu destino e na volta segui por algumas estradas próximas dali, não demorei para retornar à mansão e ir para minha casa.

Hurts So Good (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora