Uno.

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Juan Miguel sempre fora um homem muito independente e aventureiro. Nascido de família latina, aprendeu desde cedo o quê a palavra "família" significava e mesmo que sua mãe rezasse todos os dias para que seu Juanito encontrasse uma boa mulher que o fizesse parar e respirar pelo menos por um pouco, nunca o aconteceu. Até que em uma de muitas de sua viagens acabou caindo na Coreia, encontrando Seo Jihye.

Foi amor à primeira vista, não tinha mais o quê dizer. Mas os pais de Jihye não aceitavam Juan Miguel e, em uma decisão muito imprudente dos jovens, decidiram fugir para Cuba.

A família de Juanito, claro, ficaram completamente felizes ao ver seu menino trazer para casa uma jovem moça tão bonita e educada como Jihye e mesmo que houvesse alguns obstáculos com a língua, se adaptaram rápido.

Foi quando, dois anos mais tarde, Jihye havia descoberto que estava grávida de sua primeira filha, dando assim, uma alegria imensa para Juanito e sua família.

9 de março de 2002, o ano em que a princesinha da família havia nascido e trazido consigo uma luz gigantesca para todos. À medida em que Soojin crescia, eles perceberam então que Cuba não era o lugar mais indicado para criarem sua pequena garotinha.

Mais uma vez, fugiram do local com apenas a roupa do corpo e alguns dólares no bolso para o Estados Unidos, tentando perseguir um sonho americano.

Através dos anos, conseguiram se estabelecer e finalmente conseguir uma casinha na Zona Norte. Mas como em todo lugar, também havia alguns empecilhos como gangues, drogas e violência.

Juanito trabalhava com carros e Jihye era a dona do restaurante mais conhecido da Zona Norte, criando assim, um grande respeito entre os traficantes e as gangues.

Soojin desde bem pequenina se vira completamente apaixonada por carros, mais por influência do pai, e quando completou quinze anos, não hesitou em pedir um emprego na oficina do pai.

Jihye era contra, preferia que sua pequena focasse em seus estudos, mas quando algo entrava na cabeça de sua filha, era difícil de tirar. Juanito logo viu que a filha tinha grande potencial e por isso, ficou mais do que feliz em aceitá-la em sua oficina.

Soojin era uma garota inteligente, se esforçava e ia muito bem na escola. Por trás dos longos casacos de couro, a expressão fechada no rosto e a cicatriz abaixo de seu olho - que seria uma história para outra hora - havia conseguido uma bolsa em uma das escolar mais bem frequentadas da Zona Sul.

De início, não quis aceitar. O quê seus amigas pensariam de si se a vissem com um uniforme de riquinhos?

Mas quando Soojin viu a alegria e orgulho no olhar de seus pais, não teve outra, aceitou na mesma hora. Ela sabia que o grande desejo de sua mãe era ver sua filha encaminhada e em uma boa universidade, oportunidade essa que a mesma não teve.

Seo Soojin Aguero.

Guardem esse nome, pois ainda irão ouvir muito dele.

Do lado oposto ao bairro de Soojin, Shuhua saía saltitando do banheiro com uma toalha enrolada no corpo se encaminhando diretamente para seu guarda roupas e retirando de lá sua saia e blusa de uniforme muito bem passados.

Aquele seria seu primeiro dia como uma estudante do terceiro ano e aquilo vinha com grandes responsabilidades. Apesar de alguns adolescentes não estarem nem um pouquinho animados para o primeiro dia de aula depois das férias, aquilo era como o paraíso para Shuhua. O ano mal havia começado e com ele vinha grandes aspirações.

Desceu as escadas da grande casa em passos animados, soltando sorrisos para dona Lupe, a governanta da casa. Sabia que muito provavelmente aquele seria mais um dos dias em que almoçaria e jantaria sozinha, assim como no café da manhã, mas pela primeira vez desde muito tempo, não se deixou abalar.

Sin EsperanzaOnde histórias criam vida. Descubra agora