Sin Esperanza

Veinticuatro.

TW: Menção a violência no último pov da Shuhua. Caso não se sintam confortáveis, estão informados.

Minha cabeça latejava tanto na manhã seguinte, que cogitei a possibilidade de existir um pouco de álcool no milkshake que eu havia ingerido na noite anterior.

A noite anterior.... Um completo desastre! Quando as lembranças de um Jace extremamente descontrolado voltam aos meus pensamentos, tenho vontade de nunca mais sair dessa cama. Se não fosse a escola, eu juro por Deus, não iria me levantar daqui tão cedo, meu estômago está embrulhado apenas no pensamento de ter que encarar Jace.

Afundo o rosto entre o lençol branco e aspiro o cheio suave de Soojin. Ela havia ido embora quando eu estava dormindo, eu penso, e eu meio que agradeci por isso.

Por mais que acordar ao lado dela seja tudo o quê eu quero, não posso colocar as coisas em risco. Se meus pais descobrem de nós duas....Eu nem quero imaginar o quê eles seriam capazes de fazer, principalmente minha mãe.

Me convencendo de que não poderia faltar mais nenhuma aula, arrasto meu corpo para o banheiro e tomo um banho demorado. Desta vez, por mais que eu tente evitar, a maquiagem é necessária. Há resquícios de olheiras por todo meu rosto e, mesmo que eu já não esteja me importando em como serei vista na escola, não quero que Soojin ou Alyssa se preocupem comigo.

Desço as escadas em passos lentos e me surpreendo ao ver minha mãe na mesa enquanto comia torradas. Meu Deus, ainda bem que Soojin havia ido embora antes do amanhecer.

- Bom dia. - desejei de forma neutra me sentando na cadeira.

- Jace me ligou ontem - meu corpo ficou completamente tenso ao ouvi-la.

Quando mamãe percebeu que eu não responderia nada, deu continuidade;

- Ele estava muito chateado, disse que precisava falar com você. - mastigou a torrada com calma. - Até quando você vai continuar com essa palhaçada? - perguntou de modo frio. Eu, nada respondi, apenas concentrei meus olhos na xícara de café e engoli o bolo que se formou em minha garganta. - Estou falando com você, Shuhua! Jace é educado, de uma família boa e está completamente apaixonado por você, está louca em trocá-lo por um marginal qualquer?

Apertei meus dedos no guardanapo por cima da mesa e senti os olhos de mamãe em mim.

- Jace sempre fez tudo por você, Shuhua. Estou tentando entender o porquê dessa palhaçada toda!

- Jace e eu não estamos mais na mesma sintonia. - respondi baixo, bebendo um gole do meu café, que desceu como se fosse fel.

- Sintonia? - mamãe cuspiu as palavras em escárnio. - Ah, me faça o favor, Shuhua! Você é uma garota de família boa e rica, assim como Jace. Eu não vejo motivos para vocês não ficarem juntos. Ele é o melhor que você conseguirá em toda sua vida, não se esqueça disso!

- Eu não gosto de Jace! - sem que pudesse me dar conta, meu tom de voz aumentara gradativamente. Minha mãe me olhou surpresa. - Não gosto e nunca gostei, mãe. Essa palhaçada toda só aconteceu por pressão sua, eu queria agradar você, e no final de tudo acabei me enrolando em uma rede de mentiras! Quanto mais cedo a senhora superar que Jace e eu nunca teremos chances, melhor.

- Eu não estou entendendo o que você pensa que está fazendo, Shuhua! Você quer destruir seu futuro ficando com um bandidinho qualquer?

- Carlos não é bandido! - bati a mão na mesa, já estava cansada daquela palhaçada toda. - E a senhora nem ao menos se deu ao trabalho de averiguar a história verdadeira antes de sair defendendo esse imbecil.