Catorce.

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× esse capitulo contém uso de drogas entre as personagens principais, caso você não se sinta confortavél, peço que pule o último pov da Soojin ×

É insuportável a maneira como Yuqi me olha através das mechas que estão caindo por cima de seus olhos, como se ela soubesse exatamente o quê estive fazendo o dia todo e me condenasse por isso. Eu espero que ela diga algo, mas ao invés de palavras, a filha da mãe só faz me encarar com as mãos entre o rosto e esses olhos de cachorro que caiu da mudança.

- Você quer parar de me olhar assim? - pergunto irritada. - Está me deixando desconcentrada, Yuqi, e eu preciso estudar. - mostrei o caderno em minhas mãos e minha amiga se jogou na cama atrás de si, bufando em alto e bom som.

Mesmo que ela não diga, eu sei que ela sabe que estive com Shuhua na casa de Miyeon porquê não há segredos entre nenhuma de nós cinco. Bem, quase.

Mas mesmo assim, eu não sei se estou pronto para falar. Minha cabeça está girando com o calor que estranhamente inunda meu coração ao que as imagens de Shuhua dançando alegremente na estação de metrô invadem meus pensamentos. É muito tolo e completamente fora de coerência a forma como tenho ficado por esta garota, mesmo que contra minha vontade. Parece que acabei de me jogar com tudo em uma piscina de água gelada e fiquei afundada por lá um tempão.

Seguro minha mão com força por cima do lápis e a obrigo parar de tremer. Não faço ideia do porquê estou assim agora, não faço ideia do porquê meu coração pareceu querer sair correndo por aí quando segurei a mão quente de Shuhua sobre a minha, e também não faço ideia porquê o sorriso dela me deixa se ar, literalmente sem ar. Quando me lembro de como ela sorri, de como ela segura meu rosto ao me beijar, eu perco minha respiração por completo. E, definitivamente, eu não gosto disso.

Foi algo completamente insignificante - ou pelo menos deveria ter sido - Eu apenas a levei em uma estação de metrô. Bebemos água, observamos as pessoas indo e vindo, mas, certamente aquele havia sido um dos poucos momentos em que consegui sentir meu coração bater de verdade, mostrando-me que eu estava viva!

- Você poderia pelo menos me dizer a real. - Yuqi levanta a cabeça e puxa o travesseiro para deitar sobre ele. - O que tá pegando entre você e Shuhua?

Eu fico parada enquanto encaro o papel de meu caderno completamente limpo. Não ouso levantar o rosto porquê sei que caso eu o fizesse, Yuqi saberia muito mais do que eu gostaria que soubesse.

- Não tem nada pegando. - eu murmuro, começando um desenho qualquer em meu caderno.

- Vocês ficaram, não é? - sua voz saí toda em expectativa e mesmo que eu não a olhe, posso apostar que Yuqi está sorrindo toda besta agora. - Na casa de Max, aquele dia.

Eu faço que sim com a cabeça porquê não sei mentir para Yuqi e ela solta um gritinho animado.

- E como foi?

- Legal. - respondo sem muita paciência.

- Legal?! É só isso que tem pra me dizer? - sua pergunta é totalmente incrédula e isso me faz sufocar a risada. Mesmo que seja irritante a maior parte do tempo, me divirto com ela. - Dandara acha que você tá afim da garota.

Eu paro os rabiscos que estava fazendo em meu caderno assim que escuto a frase de Yuqi e levanto meus olhos para ela.

- Dandara te disso isso? - pergunto com a sobrancelha unida.

- Bem, não. Mas disse para Miyeon, que é quase a mesma coisa. - Yuqi ri e revira os olhos. - E então? Tá afim ou não? - ela insiste.

Eu endireito minha postura na cama e cruzo minhas pernas, voltando a atenção para o desenho sobre minhas coxas.

Sin EsperanzaOnde histórias criam vida. Descubra agora