Ocho.

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Dia de domingo é dia de ficar com a família, ou pelo menos esse é o lema dos meus pais. Nós passamos o dia inteiro juntos e podemos fazer o quê quisermos, contanto que seja em família.

Pela manhã, mamãe e eu começamos o almoço enquanto papai e Axel assistem a jogos de futebol na tv. Depois de almoçarmos, a louça é por conta de mamãe e Axel, o quê quer dizer que papai e eu temos tempo para ficarmos juntos, só nós dois. E há apenas uma decisão, a oficina.

Temos muitos gostos em comum, é verdade, mas o maior deles, acho, é o nosso amor por carros. Eu ajudo papai no conserto do carro de alguns clientes e conversamos sobre coisas aleatórias, isso me deixa feliz e tenho certeza que também alegra meu pai. Nós conversamos sobre minha caminhonete e ele me dá um prazo razoavél de quando ela poderá ficar pronta, o quê me deixa ainda mais animada.

Tenho trabalhado duro para reformá-la e saber que embreve poderei tê-la comigo, é gratificante.

- Pode me passar a chave de fenda, cariño? - sua voz saí abafada por estar mexendo no capô do carro e eu assinto, mesmo que ele não possa ver.

Pego o objeto e entrego para papai, me encostando bem ao seu lado. Ele sorri e agradece.

- E aí.... como vai a escola nova?

Eu solto uma risada porquê sei que esse é o jeito de papai se certificar de que estão tratando bem sua garotinha. Não digo para ele ou mamãe o quê aconteceu com os idiotas do time de futebol, embora eu saiba que eles não tenham comprado a história de que eu havia simplesmente caído.

- Tudo bem até agora. As aulas são mais avançadas e o conteúdo é bem pesado, mas em pouco tempo consigo me acostumar. - minha resposta é capaz de tirar o maior dos maiores sorrisos de meu pai.

Eu sei que ele e minha mãe se orgulham do fato que consegui uma bolsa de estudos em uma das escolas mais renomadas da cidade.

- Está tudo bem contigo não é, mi reina?

- Claro, tudo bem pai. Por quê está perguntando isso?

- Sua mãe e eu notamos que você está um pouco.... diferente desde a festa na casa de Max. Eu prometi a ela que iria conversar com você, princesa, e é por isso que estou aqui.

Ele fecha o capô do carro e se vira para mim, me entregando uma garrafinha de água.

- Valeu. - bebo um pouco do líquido e respiro fundo. - Se esse é o seu jeito de tentar saber se usei drogas na festa de Max, a resposta é não. Eu só bebi.

- Nada de drogas? - ele levanta a sobrancelha quando eu nego. - Nada mesmo? Nem maconha?

Coloco a garrafa vazia em cima da mesa e volto a me encostar no carro. Olho para meu pai e percebo que há uma certa ansiedade em seu olhar. Ele quer que eu diga que não usei maconha porquê, caso ele saiba, terá que contar para mamãe e isso significava que teríamos briga naquela casa.

- Você pode me contar a verdade, Soojin. Quando eu era da sua idade, eu fazia de tudo também e...-

- Então por quê está tentando me controlar? - papai me olha. Ele para um pouco e faz uma cara pensativa.

Eu sei que meu pai se preocupa comigo, na medida certa, mas geralmente ele não é de se intrometer nesses assuntos. Então pela expressão em seu rosto eu posso contar que o motivo pela qual ele esteja me perguntando todas essas coisas é minha mãe.

- Eu não usei maconha, pai. - respondo por fim. - Mas o senhor sabe que eu uso, de vez em quando.

Ele faz um sinal com o dedo nos lábios para que eu falasse baixo e eu solto uma risada alta.

Sin EsperanzaOnde histórias criam vida. Descubra agora