Sin Esperanza

Dieciséis.

Aquela semana havia passado como um verdadeiro borrão para mim e sem que eu ao menos pudesse e dar conta, a sexta feira já batia na porta novamente. O resto da semana havia sido tão pesada e dura, que eu estava a ponto de explodir, aquilo não era nem uma brincadeira.

Depois da pequena discussão que Soojin e eu tivemos na quarta, ela fez questão de me ignorar o resto da tarde e na quinta, fugia de mim como o diabo fugia da cruz. Ela não atendia minhas ligações, não respondia minhas mensagens e quando eu fazia menção em me aproximar, Soojin simplesmente saía andando.

É claro que eu sei que tenho uma parcela de culpa nisso tudo, mas, caramba, ela nem ao menos deixou que eu me explicasse da maneira certa antes de sair por aí tirando conclusões precipitadas. Alyssa foi a primeira a notar meu mal humor recorrente pelo afastamento de Soojin, e, por mais que estivesse curiosa para saber o quê havia acontecido, ela não me perguntou. Minha amiga estava me dando um tempo para pensar sobre tudo e eu era muito grata por aquilo.

Eu ainda conseguia suportar as aulas no dia a dia, o grande problema era o intervalo que é quando eu tenho que lidar com Jace, Britt e a desconfiança irritante de Dominic. Sem contar, é claro, a idiota da Madison pendurada no pescoço de Soojin o tempo inteiro. E, para minha surpresa, na quinta feira, quando olhei para a mesa das ditas cujas, Eric - o garoto que Brandon havia acertado com o soco - estava na mesa delas, como se fossem amigos de longas datas. Curioso, porquê desde que conheço Madison, ela não se envolvia com ninguém que não fosse o pessoal do time de atletismo.

Enfim, na sexta feira eu decidi que não iria mais pensar na idiota da Aguero porquê eu tenho coisas muito mais mais relevantes para me preocupar do que uma garota babaca que se acha a salvadora da pátria. Não me importo com Soojin, seu sorriso lindo e sedutor, nem mesmo me importo com a maneira como ela me faz sorrir facilmente, e isso é a mais pura verdade.

Passei grande parte do tempo tentando me ocupar com as aulas e atividades atrasadas para não pensar na imbecil de olhos acinzentados que me fazia tremer da cabeça aos pés. Treinei com as garotas do time - nos saímos muito melhor do que eu estava esperando - e assisti o time masculino treinando também, tudo para conseguir esquecer Soojin por algumas míseras horas.

Sendo sincera, eu estava indo realmente muito bem, supimpamente bem (e eu nem ao menos sei se essa palavra existe) mas as coisas desandaram quando o sinal tocou, anunciando as últimas aulas e me fazendo lembrar que, especialmente naquele dia, minhas aulas extras eram com a Aguero.

Eu respirei fundo e apertei a alça da minha mochila com força quando entrei pela porta da sala de teatro e encontrei Soojin em um canto mais afastado da turma enquanto olhava para a tela de seu celular. Certo, ok, eu posso fazer isso.

Segui meu caminho para dentro da sala, fazendo questão de me sentar no extremo oposto de onde Soojin estava. Prendi a respiração quando ela ergueu os olhos e me analisou da cabeça até os pés antes de me sentar na cadeira. Garota estúpida!

Tão estupidamente linda e atraente....

Balancei a cabeça em negação, numa tentativa falha em tentar espantar aqueles pensamentos tenebrosos de minha cabeça. Ótimo! Era só o quê me faltava agora!

- Muito boa tarde, meus pequenos gafanhotos! - professora Heaven passa apressadamente pela porta da sala com suas roupas extremamente chamativas e brilhantes, nunca deixando de lado o sorriso contagiante que a representava. - Vejo que este ano a sala está muito mais cheia do que no ano anterior. - seus olhos brilham. - Há uma grande possibilidade de uma peça para esse ano e isso me deixa feliz. - ela suspira sonhadora.

A partir desse momento, não consigo me concentrar em uma só palavra que professora Heaven tem a dizer. Ao invés disso, meus olhos voam para o lado direito da sala, onde Soojin está, e eu sinto meu coração dar um salto ridiculamente perigoso quando percebo que ela também está me olhando. Mordo o lábio inferior e respiro com força quando a vejo juntar suas sobrancelhas, desviando o olhar do meu no instante seguinte. Olhe para mim, sua idiota! Por quê é que você precisa fazer uma tempestade tão grande por algo que nem ao menos foi minha culpa? Olhe para mim!