Seis.

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Você tem o livre arbítrio para escolher entre o certo e o errado, afinal de contas. Mas, e quando não há escolhas? E quando você simplesmente precisa escolher o errado?

Carlos precisava admitir que não gostava da ideia de ter o nome de Soojin relacionado ao de gangues. O colombiano nem ao menos sentia-se confortável de estar no meio de tudo aquilo, para começo de conversa.

Mas, uma vez que se entra para este tipo de coisa, você dificilmente saí. A não ser que seja preso, é claro. Ou então, morto.

O rosto apreensivo, as palmas das mãos suadas e o desconforto pelo corpo é causado em si à medida em que seus passos cautelosos o levam até o andar de cima. Carlos se aproxima da porta de madeira e duas batidas hesitantes são proferidas, apenas para logo em seguida ouvir a voz grossa e rouca de dentro pedindo para que ele entrasse.

- Mandou me chamar? - passou o olhar castanho cheio de medo pela sala antes de fechar a porta e se conteve para não engolir em seco quando encarou a postura do homem à frente.

- Sente-se. - ordenou.

Hesitando e cheio de medo, Carlos assim o fez. Juntou as mãos em punho por baixo da mesa e as apertou com força. Seja lá o quê estivesse sendo preparado para ele, não deixaria que Soojin ficasse envolvida no processo.

- O quê aconteceu? - perguntou.

- Não entendo, Alejandro.

Alejandro García.  Com certeza metade da costa norte e oeste já haviam ouvido falar do mexicano tirano com olhos felinos e cabelos grisalhos. Era o líder de uma das maiores gangues do centro norte e não fazia questão de esconder isso. Seus métodos eram sempre os mais cruéis e, os poucos que ousavam pisar em seu caminho, não viviam para contar história.

- Pediu ajuda para meus meninos e achou que isso iria passar despercebido por mim, Carlos?

Não achava. Carlos sabia que absolutamente nada ficava escondido de Alejandro. O homem sempre sabia de tudo, consequência da fidelidade que tinha dos seus seguidores.

- Não, senhor. - disse seriamente. - Pedi ajuda para os caras darem uma lição em um riquinho da zona leste que mexeu com uma amiga minha.

- Dandara? - Alejandro sorriu ladino.

Não era segredo para ninguém a paixonite que Carlos possuía por Dandara. Exceto por Soojin e a própria Dandara, todos sabiam.

- Besteira! Dandara também é família!

Esse era seu lema. Se você faz parte da gangue de Alejandro, bem, então aí você faz parte de sua família e possuí direito a proteção. Fora isso, se ficar no caminho, você roda.

Carlos respirou fundo antes de passar o olhar pela sala e voltar a encarar os olhos afiados de Alejandro. Sabia que o homem não deixava que seus meninos se metessem em confusão por pessoas que não fossem da gangue, mas haviam suas excessões. E Soojin era uma delas.

- E então? - insistiu. - Dandara está com problemas?

- Não é sobre Dandara, Alejandro.

- Sabes muito bem que não permito que...-

- É Soojin! - se apressou em dizer.

O rosto duro de Alejandro se iluminou e em seus lábios carnudos um sorriso nasceu. Soojin era o colírio dos olhos de García. Sempre fora de seu desejo tê-la consigo em sua gangue, embora não aceitasse muitas mulheres.

A garota sempre se recusava porquê não queria fazer parte daquele mundo, mas Alejandro nunca pensou em desistir.

- Por quê não disse logo que era para minha menina?

Sin EsperanzaOnde histórias criam vida. Descubra agora