Veintitrés.

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- Cara, não é estranho pra caralho como eles conseguem fazer com que desejemos comprar coisas que passam pela tv mesmo não querendo?

- Hm..... Quem são "eles"?

- A sociedade, eu acho? - Luna sorriu de lado e deu um gole da cerveja.

Estávamos sentadas no capô do carro de seu pai em um estacionamento de um mercado afastado da cidade. Aquele era o programa mais saudável e divertido que compartilhamos juntas, embora seja muito estranho para as outras pessoas entender.

- Você tem uns questionamentos meio estranhos do nada. - respondi olhando para frente e ouvi a risada dela ao meu lado.

- Você ainda não viu nada. - brincou. - pensou que podemos estar vivendo em um eterno sonho de alguém? Que talvez não somos reais? Doideira, né?!

Passei meus olhos pelo rosto de Luna que estava iluminado pela luz fraca do estacionamento. Ela riu, jogando o cabelo de lado e deu um gole de sua cerveja.

- Acho que você bebeu demais. - pontuei seriamente ouvindo-a rir alto.

Não pude deixar de sorrir também, a alegria de Luna é contagiante.

- Sabe que o quê fazemos é errado, ? - perguntou em um tom risonho. Levantei a sobrancelha em questionamento e então ela prosseguiu: - Isso, beber em um estacionamento abandonado no final da cidade quando devíamos, sei , estar estudando.

- Essa é a sua ideia de diversão para um sábado à noite? - ironizei.

- Nah. - sorriu com a língua entre os dentes. Tentei segurar o suspiro apaixonado ao vê-la daquela maneira, mas era quase impossível. - Temos dezesseis e dezessete anos, minha linda. Se nossos pais descobrirem que estamos bebendo e fumando maconha, estamos mortas.

- Meu pai não é assim tão encanado com essas coisas.... - observei.

- Mas sua mãe é! - argumentou ela. - Não importa, Soo, porquê como eu costumo dizer, os adultos precisam da mentira. Fazemos muita merda no dia a dia, ?! Acho que meus pais teriam um ataque do coração se soubessem que ando fodendo com Adam.

Luna solta uma risada debochada e eu travo o maxilar. Não gosto de Adam, não gosto mesmo. Mas sei que não adianta nada falar com Luna porquê ela nunca escuta ninguém além dela mesma.

- E com razão! - disse eu. - Adam é um...-

- Cuidado com a boca! - Luna me alertou. - Não gosto quando fala assim dele, sabe o quanto Adam me faz bem.

Sin EsperanzaOnde histórias criam vida. Descubra agora